Caixa dos fios

11.8.08

prisioneira

Que queres que te diga? Que mais te posso dizer, a não ser que acho tudo isto um absurdo? Não direi concerteza nada que queiras ouvir.
Não entendo. Não te entendo. Ter tudo à mão e não agarrar é o mesmo que pedir que desapareça.
Porque não me mandas desaparecer de uma vez por todas? Porque me manténs prisioneira nesta masmorra onde me deixaste? Queres-me deixar ir? Deixa-me ir de uma vez. Não deixes a porta aberta, fecha todas as janelas, sela qualquer passagem. Manda-me embora. Diz-me que não, diz-me que não me queres. Será assim tão díficil? Não será para todos mais fácil assumir de uma vez por todas? Diz-me que não queres. Manda-me à merda. Não faças "género". Deixa o politicamente correcto para trás das costas, não te peço que sejas educado. Peço-te apenas que sejas firme.
Só tens de dizer: - Acabou! - mas di-lo com firmeza para que não me restem dúvidas. Atira-me da janela desta torre onde estou encarcerada se fôr preciso, mas liberta-me, definitivamente.
De que tens medo? Do arrependimento de me teres deixado ir cedo demais? Não terei eu já esperado tempo suficiente? Nunca te pedi que me salvasses, afinal o meu carrasco és tu.
Não me queres deixar partir sozinha? Queres ir comigo? Será por essa razão que me manténs encurralada numa ilusão "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"?
Queres vir? Vem... eu espero que faças a mala... eu dou-te a mão, iremos juntos.
Queres ficar? Fica... mas abre-me a porta, põe-me do lado de fora e se eu hesitar e olhar para trás, fecha-a na minha cara e tranca-a.