24.7.10

e finalmente

Exausta de um dia demasiado longo a apagar pequenos fogos e a apanhar demasiadas pontas soltas onde não existem novelos insubstituíveis, mas onde pelos vistos há uns mais substituíveis do que outros. Apesar do caos de trabalho dos últimos dois dias de preparação para sair para férias está tudo pronto para rumarmos ao nosso templo zen. E a semana pareceu-me demasiado comprida para um período de férias que me parece que vai passar demasiado rápido. Resta-me aproveitar ao máximo o sol e a paz.

23.7.10

regressos

foto: Olhares

E a casa enche-se outra vez. E passamos do som de fundo da televisão num qualquer canal de séries para passar a ter sirenes, gargalhadas, risinhos, cumplicidades e até a choradeira do A. vinda do quarto do Nemo e que se espalha pela casa toda. E a alegria à chegada...tão grande, os abraços vão-me ficar marcados para sempre na memória. Tantas saudades. E correm pela casa numa brincadeira constante e incansável. E atropelam-se a falar, sequiosos que vinham uns dos outros e de nós e nós deles.
Temos a casa cheia outra vez.

Se o próximo inverno for tão frio como o último sou menina para comprar umas destas

se fossem Ferrari...



[nós aos olhos de quem nos vê] - Ainda existem histórias de amor

Parvos, andamos parvos (já ninguém nos aguenta). Esfregamos a felicidade na cara dos outros, esborratamo-los de impaciência, piedade e escárnio. Ele é meu querido para aqui meu amor pracoli e todos à nossa volta esbracejam e se afogam neste mar delicodoce, como se uma novela brasileira em que elas são fáceis e dengosas, ou como se um casalinho da Rinchoa que se abraça aos solavancos na carruagem da linha de Sintra, ela pra mais um dia de nariz enfiado nos calos das doutoras e ele, sem ocupação definida, mas acompanhando-a com esmero à porta do cabeleireiro, onde por fim e a custo a desenlaça. Amor, meu amor, bebé, minha princesa, e as pessoas à volta riem baixinho, que falta de senso, de decoro, a bem dizer já não são miúdos, pais de filhos ainda por cima, e nós aos beijos, melosos, molhados, babados, as línguas expostas que se enroscam desabridas, temos pena se têm nojo, se sentem inveja ou pudor (já ninguém nos atura). Alegres e amantíssimos, lastramos o carnaval pelos lugares por onde passamos e desfiamos um ror de carinho imenso, nas ruas, nos restaurantes, na cama, estarrecidos, aparvalhados com isto que nos aconteceu, quem sou eu que já não sou eu? Para onde foi o que me amargava os dias, já agora deixa-me ver se se esconde entre as tuas pernas ou no fim das tuas costas. Somos sem os demais e sem-vergonha, ignoramos quem nos interpela e fitamo-nos aparvalhados, desconfiados e à espreita: o que me dizem hoje os teus olhos que ontem não me disseram? (já ninguém pode connosco). Andamos de mãos dadas, prerrogativa de crianças e velhos, com dedos que se esfregam e apertam, não vá a gente perder-se, afastados por meio metro. Ou então abraçados, agarrados como lapas, tu a cobrires-me com os braços, os ombros, contigo todo, como se a monção estivesse pra vir e me fosse levar, para lá do pontão, para além do mar. Fazemos um grupinho à parte, desdizendo-os e mal-dizendo-os, a minha mão em concha na tua orelha e a minha boca escondida, que tanto te lambe o after-shave como arrasa as personalidades presentes, aquela ali é mesmo parva, não é? e aquele? um imbecil! (já ninguém nos suporta). Enjoativos e incómodos, num deleite infantil, respondemos torto e a más horas e achamo-nos o máximo, ancorando-nos na protecção do outro. Somos bons, somos os melhores, e estamos plenamente concentrados na arrogância superlativa do Amor, com tudo o que esta traz de kitsch, de excessivo, de deselegante. Respiramos um outro oxigénio, digerimos de maneira diferente, os nossos ossos têm diversa composição, a nossa pele desenvolve uma textura única e os nossos cabelos fomentam toques subversivos, revolucionários, invisíveis ao olho humano. O mundo é o nosso recreio (já ninguém nos convida para as festas).

20.7.10

viagens


Está quase a fazer 3 anos que estive em Milão em trabalho durante uma semana. Passei os dias fechada num escritório a 5 minutos a pé do hotel, ao final da tarde e à noite aproveitava para conhecer um pouco da cidade da moda. Não "cheirei" nenhuma loja de griffe porque à hora a que chegava ao centro já estavam fechadas e muitas estavam fechadas para férias. Ainda assim, consegui sentir-me pequenina junto da Piazza del Duomo e fiquei fascinada com a Galleria Vittorio Emanuele e as suas lojas. Adorei a "fauna" apesar de a maioria das pessoas estarem para Sul de férias e Milão se assemelhar um pouco a uma Lisboa domingueira deserta, a verdade é que os bares e restaurantes tinham sempre muito por onde entreter a vista, muito pelas poses descontraídas mas principalmente pelas italianas [sim, fazem justiça à fama que têm, é muito difícil não virar o pescoço ao cruzarmos-nos com uma].
Coincidência ou não, quando regressei de Milão o livro que me esperava à cabeceira tinha como pano de fundo Milão e Roma. Este fim de semana acabei de ler um outro da mesma autora em que grande parte da história se passa em Milão. É sem dúvida uma cidade a voltar, a percorrer as ruas e ruelas, a "cheirar" as lojas todas e também a deliciar-me com a comida.

cores da minha vida

#1 nota do dia


Nem sempre os que chegam primeiro são os verdadeiros vencedores, mas chegar primeiro pode ter muitas vantagens.

19.7.10

Quico de gente

Faz hoje um mês que nasceu o "meu" Quico. E escrevo "meu" sem pudores, porque ele também é um bocadinho meu.
O Quico lembra-me os meus filhos, mínimos, quando me sobra mão à volta da sua pequena e redondinha cabeça parca de cabelo, quando o deito nas minhas pernas e ele fica ali encaixado como se ali fosse o lugar dele. Vejo-o dormir sossegado, vestido de branco como se de um anjo se tratasse e, trata-se. Poucas coisas se comparam à serenidade transmitida por um recém nascido, a vontade de perpetuar a aura que os envolve e a nós também. Sentir o pequeno corpo encostado ao nosso, os olhar que entra pelos nossos olhos, o cheiro, ahhh... o cheiro.
Gosto de bebés, adorei e vivi intensamente cada novo dia após o nascimento dos meus filhos, adorei-os minutos e horas sem fim. Perdia-me a olhar para eles, como me perco agora com o "meu" Quico no colo.

18.7.10

Lisboa, a minha cidade

foto: Nocturno


Há 11 anos comecei a sair de Lisboa de manhã e só regressava à noite. Há 9 deixei definitivamente de lá ir dormir. Mudei-me de armas e bagagens para outras paragens. Mas Lisboa, para mim, é a minha cidade, a minha terra. Foi lá que nasci, foi lá que cresci. Habituei-me muito cedo a sair dela, mas voltava sempre. Agora, passados 9 anos de lá ter deixado de morar sinto-lhe a falta. Gostava de morar e trabalhar em Lisboa. Gosto do movimento das ruas, das pessoas, da calçada que me dá cabo dos saltos, gosto da calma dos bairros ao fim de semana, do ar, dos autocarros, do metropolitano, dos jardins, das esplanadas,do céu, dos gatos vadios,dos prédios, das ruas e das das suas cores.
Sempre que saio, quer para norte, quer para sul, quer para fora, o regresso é sempre feito a Lisboa. Lisboa é sempre o destino, quer seja na placa da auto-estrada, do placar electrónico da estação de comboios ou do aeroporto. Voltar a Lisboa é sempre um regresso a casa. À minha casa.

mensagens



[o chat do facebook tem o mesmo efeito]

16.7.10

somos tão frágeis

Num dos pontos de fumadores da empresa onde trabalho costumava encontrar uma colega do departamento finaceiro. Baixinha de ar frágil, simpática, querida no trato. Mãe de um filho desportista que passava a vida entre nódoas negras e ossos partidos. Conversámos muitas vezes naqueles minutos que se demora a queimar um cigarro. Numa empresa com tanta gente conhecemos as pessoas e as histórias que partilham, o nome, esse, fica muitas vezes no desconhecimento. Não sei se ela sabia o meu, o dela soube hoje através da newsletter dos recursos humanos. Isabel. Chama-se Isabel, teve dois aneurismas. Assim de repente, fiquei a saber o nome dela, no meio de um pedido de uma cama articulada e uma cadeira de rodas. Não sei detalhes e também não seriam para aqui chamados. O que sei é que a Isabel, que fumava cigarros comigo enquanto falávamos dos desportos dos miúdos, de um momento para o outro ficou confinada a uma cadeira de rodas. O que sei é que nos chateamos com merdinhas, deixamos que outras pessoas nos estraguem dias, momentos. Passamos tanto tempo a fazer planos e a livrarmos-nos de obstáculos. Queixamos-nos do tempo, do trabalho, do trânsito, do chefe e dos colegas. Merdinhas. Insignificâncias. Não vivemos com o que temos, está-nos no sangue querer mais, querer melhor. Eu há muito que apregoo o mesmo: quero mais tempo, quero ter tempo para viver. A Isabel, não sei o que quer, mas imagino que quereria que o estupor do aneurisma não lhe tivesse sido oferecido e a tivesse deixado no estado que ficou.

Somos tão frágeis.

gostar de máquinas




[não preciso, mas quero-o]

vicíos

Os vícios são lixados. Sabemos que nos faz mal, nalguns casos sabemos que nos podem matar, mas continuamos, uma e outra vez, alimentamos o bicho que nos corrói por dentro com desculpas esfarrapadas, mentimos a nós próprios. É só mais esta vez! Juro que é a última! E uma, outra e outra vez injectamos o veneno que nos mata por dentro, que nos seca, que nos amarga. Só mais uma vez, porque a força do vício é maior, porque a força para matar é sempre maior do que para viver.



evolução

Fátima Lopes

-Como é que se emagrece daquela maneira depois de ter um filho?

[além disso é gira]