Caixa dos fios

30.1.09

Avançar

Foto: Olhares
Às vezes é preciso um empurrão para se conseguir tomar balanço e avançar um pouco mais, não aproveitar e ficar à espera que o baloiço ande sozinho pode apenas fazer com que não se saia do lugar.

Flores

Há mesmo muito tempo que não recebia flores. Ontem foi o dia!

27.1.09

vícios

quando achamos que estamos curados voltam. Voltei ao loops, só espero um dia destes não voltar ao tetris e começar a sonhar que estou a encaixar peças

desabafos

"A paciência é uma virtude caluniada, talvez por ser a mais difícil de pôr em prática ."

Sigrid Undset

alentos

marcar férias de Verão!

26.1.09

ainda não é hoje

[californication temporada 2]

Pais e filhos

Na maioria dos casos que conheço [ou todos mesmo] as mães são seres chatos que interrompem as brincadeiras das pobres criancinhas e as obrigam a ir para a mesa, a comer a sopa, a usar o guardanapo ou a lavar as mãos. Sim os pais também o fazem, mas perdoem-me, muitas das vezes não estão para se chatear e olham para o lado a assobiar em vez de darem dois gritos à descendência para que aperte o casaco que estão 6º lá fora, afinal o carro está já ali. As mães são as histéricas que gritam depois de pedirem pela terceira vez que desliguem a água do duche quando a criança está prestes a ficar mais engilhada que um Shar-pei, claro que isto ao pai não acontece porque o super-pai-amigo dá banho à criatura pequena não vá ela levar a família à ruína com a conta da água. Mães e pais enchem as crianças com mimo e isso é bom, mimos no verdadeiro sentido da palavra não estragam ninguém, já a falta dele...
O ponto aqui é que alguns pais absolveram-se da figura respeitável que durante muito tempo estava ligada ao nome pai, felizmente em muitos casos, porque a figura de pai autoritário não fica bem a ninguém, mas nalguns casos passaram para o lado inverso, tornaram-se os amiguinhos. São pais que parece que têm medo de levantar a voz, de contrariar a criancinha [não vá ficar traumatizada], parecem-me pais que têm medo que os filhos os venham a preterir e para evitar essa calamidade vale tudo, inclusivé, demitirem-se do seu papel de educadores. As mães que conheço [uma cambada de histéricas na qual me íncluo] às vezes fecham os olhos e também assobiam para o lado quando a coisa não vale a pena, mas quando a mostarda chega ao nariz... aí há dois gritos à moda antiga, há castigos e às vezes um enxota moscas no rabo [sim, não conheço ninguém traumatizado por levar uns açoites no rabo, a não ser os próprios que os dão]. Claro que felizmente também há pais que o fazem e infelizmente há mães que não o fazem. Há de tudo como na farmácia. O busílis da questão está naqueles que com medo de educar mal acabam por não educar. As crianças precisam que os pais sejam pais e que as mães sejam mães, amigos vão fazer e desfazer toda a vida, pais só os que têm. De nada vale estarmos com medo de assumirmos os nossos papéis, é com eles que temos de viver desde que a criança nasceu.
Sou a favor do mimo, muito, mas sou também a favor das regras. Com o mimo os meus filhos crescem fortes, com as regras crescem seguros. O corte do cordão umbilical não nos separa, mas aumenta em muito a responsabilidade e os pequenos seres que agora, a esta hora estão na cama, vão ser adultos amanhã e é disto que eu me faço lembrar todos os dias.

Acabou o recreio

Depois de ter decidido que não era ontem que me ia atirar à segunda temporada de Californication e que iria para a cama cedo, fui invadida por uma insónia terrível. Acho que dei mais voltas na cama do que um cão dá sobre o mesmo sítio antes de se deitar. Levantei-me três vezes para ir fumar cigarros, voltei para a cama para mais voltas, voltas na cama e, claro voltas e mais voltas dentro da cabeça. Não sei se foi das poucas horas de sono, se de estar cansada que os mesmos assuntos me continuem a tirar o sono, a verdade é que acordei com uma vontade incrível de virar a mesa.
Ainda ontem, numa conversa ao telefone eu dizia que não vivo bem em situações de recurso, aquela velha história de que o que não tem remédio, remediado está, comigo não funciona. Tal como na altura da escola, não gosto da letra nas páginas que tenho escrito nos últimos tempos, por isso o melhor mesmo é arrancá-las e escrever de novo.
Agora, ou vai ou racha.

25.1.09

As minhas casas

Nem sempre vivi em boas casas. Fui criada numa casa antiga no centro de Lisboa, com assoalhadas enormes, corredor de 11 metros e pé-direito de 2,5 metros de altura. Actualmente e olhando para trás, não era uma casa confortável, demasiado grande para se conseguir ter temperaturas amenas em toda a casa. Em termos de decoração também não primava, afinal as casas naquela altura tinham o essencial e dispensava-se o superfluo. Aquilo a que eu chamo a minha primeira casa era um horror, umas águas furtadas muito mal amanhadas, demasiado esconsa, demasiado fria no inverno, demasiado quente no verão. A entrada da casa era a própria da cozinha [de bonecas] onde só cabia um armário e um frigorífico. A casa de banho ficava na varanda e não tinha porta, muitos banhos tomei de água fria no Inverno porque não havia dinheiro para comprar o esquentador. Sim, era um horror, mas era o que o dinheiro que ganhava em dois empregos e o apoio do IGAPHE conseguia pagar. Valia-me a vista para o Tejo e, eu que sempre tinha sonhado com uma casa com vista para o rio.
A segunda casa, ficava duas ruas abaixo da primeira, foi uma mudança surreal, valia-me ter muito pouco coisa para mudar. Esta segunda casa tinha menos assoalhadas, apenas duas, muito pequenas, em compensação a cozinha era grande o que me permitiu comprar uma máquina de lavar roupa, assim como a casa de banho ficava dentro de portas e tinha banheira [passados alguns anos finalmente consegui tomar um banho de imersão]. Ambas não eram o meu ideal de casa, mas lá está, era o que me podia dar ao luxo de pagar, também em ambas e, apesar de todas as falhas que tinham consegui dentro do possível torná-las acolhedoras e que não me desse vontade de fugir dali para fora. Tinham um cunho pessoal.
A terceira casa, agora a dois, foi comprada ainda na fase das paredes em tijolo, o construtor que era a anti-tese dos construtores deste país, honesto, deixou-nos escolher os acabamentos. Escolhi novos azulejos para a cozinha, mudei o chão previamente escolhido, mudei as casas de banho e as portas do roupeiro. As cores das paredes também foram diferentes das originais. Não fosse eu ter-me esquecido de mudar os armários e as bancadas da cozinha e tinha ficado exactamente como eu queria.
A quarta casa e actual, foi comprada em segunda mão e fizemos obras, umas para resolver problemas de isolamento, outras de puro sentido estético e e prático. Reformulei uma casa de banho inteira, pintámos paredes, remodelei parte da sala e a cozinha levou o maior tratamento de todos, só lhe faltava o chão em madeira para eu dizer de boca cheia que tinha a cozinha dos meus sonhos.
Eu sou daquelas pessoas que concorda inteiramente com o slogan do IKEA, "viva mais a sua casa". Porque a minha casa é o meu ninho, o meu refúgio e eu tenho de me sentir bem nela, muito bem, eu e os que nela vivem comigo. Eu para me sentir bem na minha casa tenho de ter conforto e esse conforto passa muito pelo conforto visual. Agora, que se avizinha uma 5ª mudança eu até abdico de algum espaço, do meu conforto não.

As nossas noites de sábado

"O bom dos jantares de sábado são os risos, a cumplicidade.
(...)
A vida a ser vivida pela leveza, contrastando com o dia a dia tão os mesmos e tão pesados.

O mal dos jantares de sábado são definitivamente o dia seguinte."

O medo das heroínas

[Antes de começar o tema deste post peço desculpa pelas generalizações, que são apenas e só isso mesmo; generalizações e, como toda a gente sabe, toda a regra tem excepção... ou não.]

Os homens preferem mulheres que precisem de ser protegidas e que precisem deles. Podem até ter um enorme respeito e, quiçá, admiração por mulheres independentes, lutadoras e desenrascadas, que conseguem conciliar todas as suas tarefas independentemente do seu estado cívil, profissional e até familiar. Os homens tentam a todo o custo não se ligarem a estas mulheres e eu começo a perceber o porquê... vejamos: Padeira de Aljubarrota; alguém sabe quem era o homem que aquecia os pés a esta mulher? Julga-se que era um lavrador, pois é normal na altura ainda havia agricultura e lavrador devia ser uma profissão de futuro. Para todos os efeitos ficou no anonimato da história. Joana D'Arc? Além de figura ridicularizada por figuras como Shakespeare e Voltaire ainda foi canonizada. Que mulher no seu perfeito juízo aspira uma canonização? E homens? Houve homens na vida desta mulher para além dos 4000 que comandou quando chegou a Orléans? Houve homens para além dos carrascos que lhe acabaram com a vida? Se houve, tanto quanto sei, a história desconhece.
A mim quer-me parecer que o ponto é mesmo este, nenhum homem quer viver na sombra de uma mulher. Uma mulher que toma as suas próprias decisões, que quer ser ela a escolher o carro que irá conduzir, que tome as rédeas da sua vida e tenha sempre bem presente o que é melhor para ela e para os seus, que lute com todas as suas forças para atingir objectivos só é vista sem receios pelos seus pares masculinos se estivermos a falar das mães deles. Os homens precisam de mulheres que precisem deles, que tenham sempre a palavra deles como a última e hoje em dia temos o mesmo tipo de homem para dois tipos de mulheres, a escolha é previsível, escolhem a segurança. Na equipa das relações o homem quer sempre ser o chefe, mesmo que isso faça prever um resultado desastroso logo à partida. Afinal, se forem dois a remar para o mesmo lado a viagem podia ser bem mais leve.

perguntas que se repetem

- como é que uma simples música [ainda] me inunda os olhos?

24.1.09

Figurinhas

Para quem usa habitualmente ferramentas da net como eu e como a maioria das pessoas que estão a ler, ver um adulto [???] a tentar ter uma conversa no messenger é qualquer coisa de hilariante, até o T. sem saber escrever correctamente fazia melhor. Mas o melhor de tudo é que são seres tão ingénuos que acreditam quando lhes dizemos que a câmara está ligada [enquanto no quarto ao lado alguém liga à pessoa que está do outro lado a dar detalhes da roupa e da barba por fazer]. Não consigo descrever convenientemente as figuras do personagem em frente à câmara desligada a mostrar meia dúzia de pêlos mal semeados no peito [até tenho pena que a câmara não estivesse a gravar, dava um vídeo digno do youtube]. Deixo a imaginação de quem ler este post funcionar.

PC a saga II

Eis que depois de um choradinho ao Director da Informática e nem 15 minutos depois recebo um telefonema a informar que têm um pc para me emprestar. Consolada que afinal vou ter net e filmes para ver. Chego a casa instalo a pen da net e... pois que não tenho privilégios de administrador e não dá para instalar nada e acesso à net nicles patatóides... Restam-me os filmes... não afinal também não, porque o raio do pc não tem DIVX... telefono para um informático, pois que não me pode ajudar e a única saída é ir à empresa com o pc no sábado à hora de almoço e pedir ajuda ao informático de plantão. Como se vê, lá fui eu. O L. que é um querido lá me instalou a pen e o DIVX e agora já me sinto verdadeiramente consolada.

23.1.09

orgulho de mãe

Sempre que preciso de recorrer a médicos ou fazer alguma espécie de exame, levo o T. comigo. Ele assistiu a grande parte das minhas consultas de obstetrícia durante a gravidez do A., assistiu às ecografias e viu-me tirar sangue sempre que precisei de fazer análises. De todas as vezes que fui ao dentista fiz questão de o levar comigo, viu-me mudar massas de dentes, pôr e apertar aparelhos. Até dar sangue ele já me viu fazer. Talvez pela naturalidade com que me viu encarar médicos e exames o T. nunca teve medo deles. Com a devida preparação e explicação o T. consegue sempre surpreender-me. Seja levar vacinas, a deixar-se observar ou mesmo a tirar sangue. Só me lembro de uma vez ter gritado que nem um desalmado, mas coitadinho, tinha fortes razões, ser algaliado não é pêra-doce. Hoje tive de o levar ao dentista, expliquei-lhe o que o médico ia fazer, não lhe menti e disse-lhe que podia doer um bocadinho, mas ele no alto dos seus seis anos sentou-se na cadeira, deixou que o dentista visse, nem se mexeu enquanto era anestesiado e quando chegou a altura de arrancar o dente e que eu pensei que ele me iria apertar a mão que lhe fazia festinhas, não, nem se mexeu. No final e já de gaze entre os dentes disse-me que tinha feito um bocado de impressão, mas que não tinha doído e que não era por ter arrancado o dente que tinha ficado com medo, porque gostava muito do Dr. Júlio.

22.1.09

PC a saga I

Pois que o meu pc deu o berro. Atingido por uma virose fatal, lá o entreguei aos cuidados dos informáticos. Parece que o tentaram reanimar, mas a coisa não surtiu efeito. À terceira tentativa de reeinstalação deram o caso como mal parado, a juntar ao quadro clínico desfavorável resolveram tratar do sobreaquecimento de que padecia desde o início da sua curta vida. E lá vai ele de charola para a HP que ainda está dentro da garantia. O problema é que está de chuva e caminhamos a passos largos para um fim-de-semana sossegado, mas sem pc e sem possibilidade de ver um dos muitos filmes guardados no disco externo, confesso que estou assim a modos que... chateada?? Sim, chateada para já parece-me uma excelente palavra, lá para sábado mudo o estado para entediada.

[saudades do meu menino, snifff...]

20.1.09

Estranhas formas de amar

Perceber que poucos são os momentos em que o meu pensamento não está em ti. Olhar em volta e perceber que há sempre qualquer pormenor que me leva o pensamento até a ti. Desejar ver o teu nome no telemóvel, para poder ouvir a tua voz, para nos rirmos ou mesmo ficarmos em silêncio, um de cada lado [suspirarmos juntos]. Ler uma mensagem e responder-te de imediato, provocando uma sucessão de frases que nos ecoam muito para além da leitura. Fechar os olhos e sentir o teu toque na minha pele, os teus lábios nos meus. Ouvir as letras das músicas e conseguir juntá-las ao pensamento e ao sentir da pele.

má sorte

é chegar ao emprego a seguir ao almoço e dar um espalho monumental [daqueles em que quando nos levantamos temos de nos dobrar e ir descolar orgulho que ficou colado no chão molhado]

Colo

Hoje, não queria ser mãe, queria ser filha. Queria aninhar-me num colo quente, envolta em dois braços que me mantivessem protegida, ouvir outro batimento cardíaco que não o meu. Ouvir palavras de consolo, que está tudo bem, que vai ficar tudo bem, palavras de mimo que aquecem o coração. Hoje queria ouvir: "- Não te preocupes, eu trato"; "- Não te preocupes, eu faço"; "- Não te preocupes, deixa-te estar". Por um dia queria poder ser perfeitamente irresponsável e não ter de pensar em horários, em trabalho por fazer, coisas para arrumar, roupa para secar, banhos para dar ou comida para fazer. Por um dia, queria sentir a leveza que sentem os meus filhos, por um dia queria pensar apenas em tons rosa e amarelo e laranja e todas as cores alegres, por um dia queria aninhar-me enquanto me mimam e, assim, eu podia fechar os olhos e viajar até àquele lugar onde moram os sonhos, apenas.

18.1.09

Luas

Tanto me dá para estar meses a acumular livros na mesa de cabeceira e não lhes tocar, como me dá para os devorar, nos últimos 5 dias li dois. Hoje a manhã foi passada na cama a terminar um deles, tenho 4 à minha espera, venham eles.

e hoje

Passei a manhã a mimar-me. A tarde foi passada entre entupimento de gomas e mimos de filhos com cabeças quase rapadas. A noite passada entre amigos também ajudou.
Estou melhor.

16.1.09

Pais

Não tenho pai, nunca tive. Não, não morreu, não que eu saiba. Nunca tive, nunca o conheci, não como tal. A minha infância foi pautada por situações chatas e difíceis de lidar numa altura em que era politicamente incorrecto e socialmente condenável não se ter um pai. Lembro-me das perguntas dos colegas da escola: - Mas não tens pai, como? Lembro-me da falta de bom senso dos professores, que me faziam perguntas indiscretas quando viam o campo da filiação paterna por preencher: - A Ana tem de preencher o nome do pai. - Ao que a Ana respondia que não sabia e que logo de seguida levava com duas perguntas de rajada: - Não sabe? Então não sabe o nome do seu pai? - Como é óbvio, a partir daqui entrava-se num chorrilho de perguntas resposta no mínimo incómodas para se ter à frente dos colegas. Enfim...
A verdade é que sempre quis ter um pai. Muitas vezes sonhei em ser a menina do papá. Nunca fui.
Desde que me lembro de ser gente, que tive duas figuras a quem atribuia o ónus de receber a bendita prenda do dia do pai, o meu avô e o meu tio. O meu tio era para mim a imagem perfeita de pai que gostava de ter tido. Sempre rodeado de amigos, bem disposto, levava-me com ele para todo o lado, trouxe-me dois ursos em viagens que fez à Polónia, escreveu-me postais quando esteve em Angola [num deles dava-me os parabéns por eu ter sido eleita chefe de turma, coisa importantíssima naquela idade]. O meu avô era a imagem do respeito, não me lembro de alguma vez me ter levantado a voz, não me lembro de me ter dado um único açoite, enfiava-se no escritório que tinha lá em casa e eu lá ia remexer nos selos e nos papéis dele. Lembro-me dos passeios de carro, lembro-me que não podia conduzir de noite porque adormecia e lembro-me que exactamente por esse motivo, um dia à noite senti a parede pintada de tinta de areia do corredor lá de casa me arranhar as costas com a força que fiz encostada a ela enquanto me baixava ao vê-lo entrar em casa coberto de sangue e vidros espetados na cara. Jamais esquecerei as partidas de bisca do nove que fazíamos na cama dele aos fins de semana de manhã, hoje sei que ele fazia exactamente o mesmo que eu, tudo para perder, eu porque tinha pena dele devido ao cancro que o consumia, ele provavelmente porque se queria ver livre de mim para sofrer à vontade. Ainda havia o R., o R. era o namorado da minha mãe, vivia no Porto e durante muitos anos sonhei que ele e a minha mãe iriam ficar juntos. Lembro-me da casa do R., onde vivia com os pais, lembro-me da empregada dele que me preparava leite com nesquick, lembro-me do cão que eles tinham. O R. encarnou no meu imaginário durante muito tempo aquele papel que tanta falta fazia e que ele tão bem representou tantas vezes. Mas o R. tinha ainda outra particularidade, que apenas descobri apenas alguns atrás, eu fui a única criança que entrou na vida dele. Filho único, casou várias vezes e nunca teve filhos por opção. É pena, pela minha experiência acho que ele teria sido um excelente pai [pelo menos depois de passada a fase das fraldas].
O R. está hoje mais sozinho do que ontem, eu estou triste pela dor dele, hoje sinto-me como se fosse filha dele e lamento mesmo muito não lhe poder dar a mão.

ele há dias II

... em que só falta vir um pássaro e cagar-me em cima!

ele há dias I

em que a bordoada vem de todo o lado.

ainda sobre o post anterior

como prova da verdade absoluta que aquelas aspas carregam, recebo a notícia da morte de alguém querido a alguém que me é querido.

[a vida é fodida! - digo eu]

14.1.09

Quadro negro

Penso nos velhinhos quadros de ardósia, daqueles que agarravam o giz. Escrevíamos e apagávamos e ficava lá a marca dos escritos e apagados. Escrevíamos por cima, quando o quadro já perdera a cor negra e se parecia mais com um cinzento claro com laivos de pó branco. No final batíamos os apagadores na janela, o pó voava e o apagador lá ficava pronto para mais apagadelas. O quadro, esse, ficava em estado de se poder escrever novamente sem marcas anteriores depois de uma passagem com um pano molhado e de uns minutos de secagem.
Era tão mais fácil se alguns escritos e apagados perdessem as marcas como o quadro de ardósia na passagem de um pano molhado.

o que é preciso é

serenidade!

13.1.09

eu sou contra

a confusão instalada na faixa de gaza, mas tenho que admitir que gostava que um rocket palestiniano acertasse num certo servidor israelita, argggghhhh.

11.1.09

porque nunca é demais

"Quase

Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez é a desilusão de um "quase".
É o quase que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por causa dessa maldita mania de viver no outono.
O que nos leva a escolher uma vida morna?
A resposta está estampada na distância e frieza dos sorrisos, nos abraços moles, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados e sem um sorriso.
Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não se pode deixar que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfiar do destino e acredite em nós próprios.
Gastar mais horas a realizar do que a sonhar, a fazer do que a planear, a viver do que a esperar porque, embora quem quase morreu esteja vivo,
quem quase viveu já morreu!!"

Sarah Westphal Batista da Silva

Facebook

- Facebook????

[não podias ficar quietinha, não?]

10.1.09

é deixar passar, faz favor

a queda de um mito


A Fox Life está a passar um filme "As minhas férias na casa dela" [sugestivo]. Mas ver este homem com ar de 17 aninhos... òvalhammetodososdeusesdoolimpo....
O que me vale é que tenho o disco externo carregadinho de filmes [obrigada, amiga]

[Nunca mais os meus olhos verão o neurocirurgião de Anatomia de Grey da mesma forma, é pena]

a propósito de arrumações

Quando um casamento acaba, o que se faz às fotos do dia fatídico???

ahhh... a net



"Obrigado por ter efectuado a sua encomenda.
O seu pedido foi recebido e irá ser processado e enviado o mais depressa possivel. Irá receber um e-mail de confirmação assim que a sua encomenda estiver pronta para ser expedida."

- será que não pode ser o George a vir cá entregar???

à espera

Amizade

A amizade não é negociável. Quem meus amigos beija, minha boca adoça. O ditado não é assim, mas também se aplica aos amigos [oh, se se aplica]. Eu não posso, nem consigo gostar de alguém que faça sofrer um(a) amigo(a). Não consigo. Ser amigo de alguém não é concordar com tudo, posso discordar, podem discordar de mim, o que não posso, nem podem é não estar do meu lado.
- Não concordo contigo, mas se o fizeres estou contigo. Esta é a frase chave. É a frase que distingue os Amigos, dos amigos [???]. Amigo é aquela pessoa, que tanto nos avisou para não serguirmos por um caminho e quando tropeçamos e estamos no chão, estica a mão, ajuda-nos a levantar e ainda nos dá colo enquanto recuperamos.
Não há lugar a imparcialidades na amizade. Se alguém me fere um amigo, fere-me a mim.

lei das compensações

Depois de uma manhã enfiada em casa a fazer de doméstica, porque estava tudo virado do avesso, resolvo sair e tratar de pendentes que tenho vindo a adiar.
Primeiro pendente: ir à loja da TMN do outro lado da cidade para arranjarem a porcaria do telemóvel da Imaginarium que tive a triste ideia de comprar para o T.. Pois, que não podia ficar a arranjar porque só levei o papel (carimbado) da garantia e não levei a factura. [Alguém me explique para que serve o papel da garantia, sff.? Antecipadamente agradecida!]. E, que o técnico não sabe se pode inactivar a tecla da ambulância [Não sabe?? E não há-de dar porquê? Então o miúdo vai andar eternamente com o telemóvel a fazer chamadas involuntárias para o INEM? Que aquela porcaria ao mínimo toque lá está o Sr. pendurado do outro lado a tentar perceber qual é a urgência]. Odeio a TMN, odeio a Imaginarium e odeio sentir-me enganada. Viva a vodafone!!
Segundo pendente: ir à loja Nespresso ao lado do Corte Inglês comprar cápsulas, desisto mal entro, a fila está até à porta e não anda, vai de encomendar pela net, que eu não tenho pachorra para estas coisas.
Terceiro pendente: verificar o ar dos pneus e pôr água no mija-mija. Chego à bomba, toca de abrir o capôt, atesto o depósito da água e quando me preparo para ver o ar dos pneus, o dono do carro ao lado [muito bem "apessoado" e com bom gosto para carros, diga-se em abono da verdade] que também ele estava a ver os pneus do jipe, pergunta-me:
- Boa tarde, vai ver o ar dos pneus?
- Boa tarde, estava a pensar nisso.
- Se quiser, posso ver. O desse lado não funciona...
Apanhada desprevenida, não consigo decidir entre a mulher emancipada, ou agradecer a ajuda e ficar ali a vê-lo de cócoras a ver o ar dos pneus do meu carro. Fez-me um sorriso enquanto dava a volta ao carro de mangueira em punho. Está decidido, está muito frio para tirar as mãos dos bolsos.
- Se não fôr incomodo, agradeço-lhe.
- Quantos bars?
-2,3! Respondi , a segurar-me para não fazer um trocadilho com os bars e os bares.
E lá esteve ele de cócoras a verificar o ar dos pneus, agradeci-lhe a gentileza e pisguei-me dali para fora.
Ainda de telemóvel avariado e sem cápsulas de Nespresso, mas com ar nos pneus, lá fui eu beber um cappuccino à esplanada de sempre.

ainda do Natal

o que mais me custa é ter de desfazer a árvore de Natal. Já está!

8.1.09

Regressos ao passado [no presente]

Há cheiros que me transportam, sinto-os e parece que volto atrás no tempo, no estar e no sentir. Por vezes acontece-me com músicas, hoje ao ligar o rádio do carro, fui transportada para outras épocas, épocas de recomeços, nem de propósito.

"An here I go again on my own
Goin down the only road Ive ever known,
Like a hobo I was born to walk alone
An Ive made up my mind
I aint wasting no more time..."

Praia de areia lisa

"Ninguém pense que não nos sentimos mal. sentimo-nos péssimas, porra! ninguém se sente bem no encornanço. que fique bem claro: pensamos sempre, mas sempre mesmo que estamos a ser a maior das filha-da-puta deste mundo...

e não há atenuantes, temos a ideia sempre presente que temos um carimbo, uma estrela como os judeus na grande guerra, uma marca que diz «vaca!»...

(...)

a verdade é que quase nunca ninguém se despe. a verdade é que o abraço é a posição sexual mais praticada. o beijo? sim, o beijo também é algo que se pode praticar em qualquer lado. camas são coisas que implicam operações logísticas muito complexas e nem sempre concretizáveis. mas o abraço? ai o abraço... (...)"

Tá um frio que não se aguenta

e nestas lindas condições de trabalho nem me atrevo a tirar o casaco. Acho que é hoje que vou comprar umas luvas.

Eu quero o Verão!!!!

[é nestes dias que me lembro daquelas pessoas que no Verão se queixam do calor... aí está uma coisa da qual nunca me queixo]

6.1.09

Lipstick Jungle [versão melhorada] III

"E lá estava eu no sítio combinado. Aparecem os dois [ena, o tipo é alto...], chama-me parva com um sorriso maroto. Boa. Não se intimida. Posso baixar as defesas. É cá dos meus. Restaurante em concordância, lá vamos nós. Afinal não altera nada. Dar um rosto a alguém que nos liga na noite de Natal, que nos conta a vida, que nos protege ao negar uma realidade que nada muda o nosso estado não altera nada.
E é tudo tão simples, Tudo tão fluído. Os risos e as confidências e o bife e as meias palavras que não precisam de continuar porque o outro já entendeu, a falta de necessidade de agradar porque já nos conhecem, já gostam, já sabem, já tudo.
E o tempo aqui é contado não por dias mas por situações. Por estar ao lado quando necessário. Pelo comer das passas à meia-noite. Pelo pensar no terceiro quando ele nos falta. E eu, que os conheci com as mãos frias, saí deste almoço com o coração bem quente.
E eu quero mais almoços assim."

[intervalo na versão melhorada do Lipstick Jungle]

Quem me manda responder a sms enquanto estou no duche? Agora pifou de vez. A tecla do "ghi" e do "pqrs" já só funcionavam à martelada, agora... agora não funciona nada. Carrego na tecla menu e aparecem-me 4s escritos até ele se cansar, a tecla para limpar está morta assim como a de desligar. Nada funciona, nada e, eu com 2 sms por lêr e não consigo abri-las, porque sempre que tento é ver 4s até mais não....grrrr. E não me sugiram atirar com ele, já o fiz, várias vezes até. E sim, também já o sequei com o secador do cabelo. E a minha vidinha está toda ali... socorro...preciso de um telemóvel.

Lipstick Jungle [versão melhorada] II

"E lá estava eu, no sítio combinado. Estava ao telefone ali mesmo à minha frente. Caramba que saudades, e está gira que se farta. Quem sabe no meu próximo filme. Aposto que aceita. Vamos lá quero conhecê-la. Degraus e degraus, lá está ela, e diabos me levem se aqueles olhos existem. Conhecemo-nos enfim, bate tão certo. Restaurante escolhido, fazem-me de gato sapato e eu finjo que não gosto. Gosto da cumplicidade entre elas, e da que nasce a três assim genuína e saboreada. Soltam-se risos e conversas, e (re)descobrimo-nos aos poucos. Que querem que faça, estão tão juntas na minha zona de afectos, daqueles que nem vale a pena disfarçar. Café e cigarros e outras conversas, quase sérias por vezes. Voltamos, de encantos rendidos (será que gostou de mim?) ao dia a dia. A minha produção, a revista de uma e a colecção de outra. E aqueles olhos, que nem sei se existem… no meu próximo filme. E eu quero mais almoços assim."

Lipstick Jungle [versão melhorada] I

E lá estava eu, no sítio combinado, a ligar-lhe para saber onde ela estava, quando me aparece ele pela frente. [E que saudades que já não o via há tanto tempo]. E finalmente encontramo-nos, os três e, ela e ele conheceram-se, finalmente. E sentimos os três que nos conhecemos desde sempre. E decidimos onde vamos almoçar. E estamos os três de acordo. E nós as duas, [que afinal somos apenas uma], fazemos dele gato-sapato [ele reclama, mas gosta]. E falamos das nossas coisas, daquelas que não assumimos a mais ninguém. E brincamos e rimos, uns dos outros e de nós próprios. E vamos fumar um cigarro, porque nenhum de nós ultrapassou a fase oral [mais uma em comum]. E temos que ir embora, porque uma tem uma revista para pôr nas bancas e ele um filme para produzir e a outra uma colecção para desenhar. E beijos, até já.
E eu quero mais almoços assim.

Gelada

é como estou!

5.1.09

Frente fria


Caminho, vagarosamente, de olhos baixos, sei que se aproxima uma tempestade. Protejo portas e janelas da minha vida olhando para trás, recordando outras tempestades por que passei. Contabilizo os estragos passados na tentativa de melhor proteger os bens que possa perder quando a tempestade estiver na sua máxima força, mesmo por cima de mim. Nas intempéries passadas vejo quem sou, as forças que ganhei, em quem me tornei e até o que ganhei. Mas mesmo estando ciente das minhas precauções, da minha força contra a adversidade, não consigo deixar de ter medo de olhar em frente, mais ainda, de olhar para cima.

No teatro da vida

há pessoas que não conseguem resignar-se ao seu papel secundário. Para serem protagonistas, são capazes de engolir tudo, até pregos.

Pesos

2009 avizinha-se um ano de grandes decisões, de grandes mudanças. Nem todas dependem de mim [a maioria], mas as decisões que se impõe que tome agora, podem afectar outras a serem tomadas mais à frente. Desentalar-me agora, pode implicar entalar-me mais depois, mas dificilmente se me entalar agora me desentalo tão depressa. Não é um drama, não se trata de viver ou morrer, mas estes prós e contras desconcertam-me.

4.1.09

Bon(fim)

2 anos sem ganhar: V. Setúbal- 0 Sporting- 2

Não me canso

Da casa cheia, da algazarra dos miúdos, do amontoado na sala de fumo [vulgo cozinha], das conversas e das gargalhadas por entre martinis, cigarros e cafés. Dos meus amigos gostarem dos meus outros amigos. Dos meus filhos felizes com os amigos. De sentir a alma cheia.

2.1.09

Da despedida do ano

Guardo o doce sabor de uma noite passada em muito boa companhia, dos meus infantes perto de mim, das centenas [sim, centenas] de fotos disparadas, dos gritos por causa dos cães e dos tiros, do sabor a mar das ostras, das doze passas que comi com desejos para 2009 bem presentes.
Pela primeira vez na minha vida gostei de uma passagem de ano, pela primeira vez desde há uns anos lembrei-me da minha avó e sorri.

Tá tudo doido

com os saldos [eu incluída, a ver pelo dinheiro que me saiu da conta].