Caixa dos fios

30.11.08

Varicela II

Amanhã o mais novo regressa antecipadamente de casa do pai, carregadinho de varicela, pois que isto de ficar em casa com crianças doentes calha-me sempre a mim. Cá estaremos, enfiados em casa, apenas com direito a duas saídas precárias por dia para ir pôr e ir buscar o mais velho à escola.
Prevejo que no final da semana estou uma verdadeira pro a jogar The Cars na PS2.

sono em dia

(Foto: Pezinhos de lã)

Graças a uma neura monumental e a uma tempestade que teima em se ir embora resolvi dormir. Há mais de seis meses que não sei o que é dormir mais de seis horas por noite. Hoje acordei com sol ao fim de 15 horas de sono.

25.11.08

As moedas têm sempre duas faces


Só conto comigo, aguento intempéries e tempestades, mantenho as minhas raizes bem agarradas ao que me sustém, engulo as lágrimas, escondo as dores atrás de um sorriso pouco fácil e frágil e há dias em que rebento e vergo só com um sopro.
Verguei hoje.
Amanhã é outro dia.

24.11.08

Eu já disse que odeio chuva?

Resoluções de Ano-Novo

Eu preciso de listas, elas orientam-me e evitam que eu me esqueça de alguma coisa, mantêm-me focada e permitem-me muitas das vezes prioritizar o que tenho para fazer. Faço-as para tudo e mais alguma coisa:
- compras
- assuntos a tratar
- tarefas do dia
-prós e contras
(e agora até faço lista das listas que faço).
Nesta altura do ano, além das normais listas costumo fazer listas de objectivos. Primeiro faço uma lista com tudo o que consegui este ano, depois comparo-a com a lista de objectivos a que me propus à um ano atrás. Risco o que coincide, acrescento à lista do ano passado tudo o que consegui a mais e sublinho o que ainda falta fazer. Dos sublinhados sai uma nova lista de assuntos a resolver até dia 31 de Dezembro.
Depois de ficar uns bons momentos num exercício de contemplação por tudo o que consegui segue-se nova lista, a dos objectivos para o próximo ano. Está feita!
E se desde que criei este hábito as minhas listas têm sido cumpridas, a do próximo ano está a deixar-me algo preocupada e, não é por causa da crise, mas porque pela primeira vez todos os itens sem excepção estão muito mais dependentes dos outros do que de mim e essa dependência deixa-me algo expectante.
Veremos no fecho de contas de 2009.

23.11.08

Domingo em grande

Passámos a manhã na rua na melhor das companhias.
A tarde foi de mães, filhos, chá e scones.
Gosto de dias assim!

ainda a propósito da amizade

O post da sinceridade da amizade foi escrito a propósito de uma conversa que tive ao telemóvel com uma amiga enquanto vinha do médico com o T. na sexta feira. O exemplo que dei no post do pontapé nos rins também o verbalizei. Na altura o T. não disse nada, estava lá a trás no carro calado a ouvir a conversa. O telefonema terminou quando cheguei à porta da escola do A. para o ir buscar, mal desliguei o T. disse-me com ar preocupado - "Mamã, não gostei do que disseste de estar deitado no chão e do amigo dar um pontapé."
Eu explico sempre todas as dúvidas do T. mesmo as mais "cabeludas", mas estava imenso trânsito e eu queria-me despachar, chutei para canto com a promessa que depois de ir buscar o irmão lhe explicava. Por acaso a coisa passou, apesar de eu não gostar de deixar questões destas em aberto.
Hoje, enquanto o T. me dizia que gostava muito dos nossos fins de semana porque tínhamos sempre amigos à volta e eu concordava com ele dizendo-lhe que temos de aproveitar o tempo fora do emprego ou da escola para estarmos com as pessoas de quem gostamos ele sai-se com a tirada:
"- Os amigos não nos dão pontapés quando estamos no chão, senão não são nossos amigos. No outro dia um amigo lá da escola estava com dores no ouvido e um colega começou a dizer que ele ia morrer, os amigos não fazem isso."
E eu fico assim, muito parva a olhar para ele pelo retrovisor do carro a perguntar-me porque raio fui eu pensar que o meu filho de 6 anos não tinha percebido uma conversa em sentido figurado...

adoro

Boas surpresas

22.11.08

tudo pode melhorar


Hoje o meu acordar foi marcado por uma dor de cabeça muito, mas mesmo muito, violenta. Não fosse ter de preparar leites para as crianças e garanto que não tinha levantado a cabeça da almofada. Claro que depois de me levantar e com os dois acordados, voltar para a cama tornou-se uma missão impossível, tomei o pequeno almoço, enfiei goela abaixo uma migraspirina, tomei um café e resolvi ir para a rua com eles que o A. estava insuportável de birrento.
A dor de cabeça lá passou, a manhã de quase-primavera convidou-me a sentar na esplanada a saborear um capuccino delicioso, com canela ao invés de chocolate. O T. pedalou, o A. arrastou o triciclo com os pés e eu andei de máquina em punho a registar a nossa manhã.
Soube-me bem apanhar ar, pôr as ideias em ordem, repirar o ar daquele sítio de que tanto gosto, que tantas recordações me traz e vê-los a brincar descontraídos.

(O T. também gosta de pessoas... de costas)

é que não vale a pena contrariá-los

Como faço todos os dias, às 21h30, lá estavam os infantes na cama. Hoje passados 15 minutos de os ter deitado o A. resolveu fazer um birra que não queria dormir. O irmão já estava na terra dos sonhos. Fui buscá-lo perguntei-lhe se queria dormir na minha cama, disse que sim (claro,que pergunta tão estúpida) e fui deitá-lo, nem 5 minutos tinham passado percebi que estava na varanda dos brinquedos, deixei-o estar. Alguns minutos depois estava na sala sentado ao meu lado enquanto eu falava animadamente ao telemóvel. Após ter desligado, voltei para a cozinha para poder fumar enquanto andava em amena cavaqueira pelo messenger, claro que o fedelho tinha de aparecer. Andou pela cozinha a brincar com os carros, comeu pão, comeu bolachas, começou a pedir colo porque estava cheio de sono, voltei a deitá-lo, na minha cama, obviamente, porque a pequena criatura mal passou o Hall de entrada apontou logo para lá. Ia-me deitar agora, a pensar que ia ter de o pôr na cama dele, quando para meu meu espanto ele não estava lá. Parecia parvinha, a acender luzes e a espreitar se ele estava estatelado no chão do outro lado da cama, não estava. Fui ao quarto deles e lá estava ele com ar de anjinho a dormir na cama dele, tapado e tudo.
Este rapaz é um fenómeno de imprevisibilidade.

Esclarecimento à navegação

Os temas dos meus posts nem sempre estão ligados directamente a mim, como diz o nome do próprio blog são fios soltos que vou apanhando e que me apetece registar, faço-o aqui. Uns serão desabafos pessoais relacionados com situações da minha vida ou da vida de pessoas que me são queridas e me apetece aqui deixar a minha opinião. Basicamente escrevo sobre o que me apetece, pior são as vezes que até me apetecia escrever, mas estou sem pachorra para o fazer. Muitas coisas não posto porque me quero esquecer e não me apetece registar a título de memória futura. Isto tudo, apenas, para explicar a quem segue o desenrolar dos fios que nem sempre, quando os posts parecem mais cinzentos estão relacionados comigo. Geralmente quando as nuvens cinzentas aparecem é quando perco a vontade de escrever.

21.11.08

Tenho uma veia Tiffosi

A Ferrari premiou Valentino Rossi pela 8ª vitória no mundial de MotoGp com testes ao volante de um Fórmula 1 no circuito de Mugello. Rossi teve direito a 28 voltas, chuva, muito vento e a uma saída de pista, donde saiu ileso. O capacete usado tinha um desenho idêntico ao usado no MotoGP e o F2008 recebeu o número usado sempre nas motas de Rossi, o 46. Para minha tristeza parece que os testes foram só mesmo presente e está para já afastada a hipótese do menino se mudar para o grande circo, o que é uma pena.

A sinceridade da amizade

Um gajo acorda de manhã, está a chover, olha para o despertador e percebe que tem 10 minutos para chegar ao emprego onde vai ter uma reunião com um cliente importante. Só de trajecto são 30 minutos, demora dois minutos no banho, com a pressa dá uma joelhada na torneira da banheira, faz um lanho na cara a fazer a barba que tapa com um bocadinho de papel higiénico. Já no elevador a chegar ao rés do chão, descobre uma nódoa na gravata e que lhe falta um botão na manga da camisa. Sai para a rua e não se lembra onde deixou o carro, anda de um lado para o outro a tentar lembrar-se e a ver se o descobre, olha para trás e vê o carro estacionado mesmo à porta de casa, quando se dirige, finalmente para o carro tropeça e cai estatelado no meio de uma poça de água. Felizmente aparece um amigo, um amigo daqueles do peito, o gajo estatelado no meio da poça estende a mão para que o amigo o ajude a levantar. O amigo enfia-lhe um biqueiro num rim e diz-lhe: - Tu não te podes atirar assim para o chão, ainda te magoas.

A isto é o que muitas pessoas chamam de amizade sincera, vai de dizer tudo o que vem à cabeça tal qual os malucos. Não importa a forma o que importa é o conteúdo. Sim, escudados por essa bela palavra, a amizade, podemos espetar uma biqueirada bem assente no rim de um amigo só porque, assim como assim, o que interessa é passar a mensagem e, se não doer não se percebe.
Engano, dos mais elementares, a amizade não dá o direito de ferir os outros com sinceridades acutilantes, não vale a pena andarmos a pôr florzinhas onde só existem calhaus, nem oito nem oitenta, mas se há quem mereça respeito na forma como passamos a mensagem são os amigos. Eu não chego ao pé de quem gosto e digo: - Ò minha grande besta... Por isso também dispenço que me tratem como se fossem umas bestas insensíveis. Essas pessoas até podem ter outro nome, amigo, não.
E já agora, também dispenso o pontapé nos rins, se há sítio onde dói é aí e os meus são algo sensíveis.

Palavras sem resto

Quando renegamos a necessidade de partilhar a felicidade que às vezes desperta, algures numa praia deserta, uma alma entorpecida pela saudade ou pela dor, uma vontade até então reprimida pelo receio de insistir no amor que não podemos, de todo, silenciar."

Quase

"Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez é a desilusão de um "quase".
É o quase que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por causa dessa maldita mania de viver no outono.
O que nos leva a escolher uma vida morna?
A resposta está estampada na distância e frieza dos sorrisos, nos abraços moles, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados e sem um sorriso.
Sobra cobardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não se pode deixar que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfiar do destino e acredite em nós próprios.
Gastar mais horas a realizar do que a sonhar, a fazer do que a planear, a viver do que a esperar porque, embora quem quase morreu esteja vivo,
quem quase viveu já morreu!!"

Sarah Westphal Batista da Silva

Hoje, estou como ele

20.11.08

Conclusão sobre uma possível vida passada


- Fui gajo!
Só pode!
A tendência que eu tenho para ter conversas de homem-para-homem é surreal (principalmente sendo eu gaija), deve ser por isso que sempre quis filhos gajos e não havia quem me convencesse que que eu poderia ter meninas. Gajas?? A sairem-me do ventre? Beberam, concerteza!
Este blogue está a ficar repetitivo também já tinha aflorado o tema aqui.
Mas há dias em que fico assim, meia aparvalhada, percebo que não é acaso, desde sempre que tenho esta empatia com os homens. Eu tenho mesmo conversas de homem-para-homem e, não me estou a queixar, eu gosto. Tenho uma amiga que já me disse por mais de uma vez que eu sou um bocado gajo. Começo a dar-lhe razão, afinal, também gosto de futebol e de carros, mas não é só por isso, eu percebo-os, eles percebem-me e eu gosto muito de saber como é o outro lado, como pensam, como agem (ou não), gosto da partilha de informação. Como disse no outro post, desde os tempos de maria-rapaz que me entendi muito bem com o sexo da setinha, tenho vindo a aprender a entender-me com o da cruzinha com sucesso, mas aquela empatia, é mesmo com os gajos. (Já agora, gaijos, porque eles também se querem com pinta).

Viver com coragem

É enfrentar a adversidade venha ela de onde vier, erguer a cabeça e seguir em frente, ir atrás dos sonhos, lutar pelo que se acredita, encontrar o caminho quando nos perdemos, distinguir o supérfluo do essencial, dar a mão a quem dela precisa, saber pedir ajuda, pedir colo, chorar lágrimas de dor, gritar de pulmões abertos, rirmos de nós próprios, partilhar um sorriso com os outros, dar vida a uma criança, aprender com os próprios erros, acordar para o novo dia, mudar de vida até.

Viver com coragem é não desistir, é acreditar e lutar sempre, sem nunca desistir daquilo que queremos.

18.11.08

Mau génio não é mau feitio

Sou exigente, sou e admito-o. Sou-o comigo e com os outros a quem entrego o meu ouro. Costumo dizer ao T, durante as birras parvas dele que eu não mereço que ele esteja a fazer aquele pé de vento porque eu não mereço. Faço-lhe todas as vontades, negoceio com ele, explico-lhe tudo, se lhe digo que não é porque não pode mesmo ser e é injusto que ele arme um circo por algo que eu lhe disse que não. Sou exigente, o miúdo só tem seis anos e eu espero que ele no meio daquela massa cinzenta em que decora nomes de jogadores de futebol, tácticas de jogo, ditongos, palavras novas que assimila todos os dias e milhares de outras coisas que absorve que nem uma esponja seca, no meio de uma loja de brinquedos se lembre que eu lhe estou a dizer que não porque este mês já gastei mais do que devia e, ele tem de perceber. Sim sou exigente com ele. Mas sou-o comigo também. Perco-me em explicações, desdobro-me com correrias de um lado para o outro para conseguir satisfazer suas altezas reais no meio das minhas próprias necessidades e responsabilidades. Com as outras pessoas, com as que de facto me importo acontece o mesmo, sim sou exigente, não me digam que gostam de mim para depois ao primeiro aí que me saia me dizerem ahetalegostavadeteajudarmasnãoposso. Badamerda!!! Eu se gosto estou lá nem que tenha de virar o mundo ao contrário. Gritem lá um aí e vão ver se eu não estou plantada à porta. Não estou? Pois, se calhar já fui brindada também e houve uma descida de divisão. É assim... E desengane-se quem achar que o faço por vingança, faço-o mesmo porque se há coisa que não sou é parva (só quando me faço). Não posso estar sempre a dar qual vaca leiteira sempre pronta a ser espremida e receber palha seca em troca. O leite seca. Dou muito de mim, preocupo-me, estou lá antes do aí, estou lá até no falso alarme. Mas não me fodam.
Já estou habituada a ouvir os outros dizerem que tenho mau feitio, que é uma coisa que até me irrita um bocadinho, diga-se em abono da verdade. Isto não é mau feitio. Eu não tenho mau feitio, mau feitio não é ser honesta com os outros, gosto, gosto, não gosto, não gosto e digo-o e pronto. Lá de vez em quando alguém pisa o risco comigo e aí salta-me a tampa. Que nessa altura digam que tenho mau génio, vá... É verdade, admito-o, tenho mau génio, parto o que houver para partir, amuo, barafusto e tudo o mais que eu achar que tenho direito, porque naquele momento o que conta é o que eu acho, porque aquele momento é o momento em que eu rebento, em que extravaso tudo cá para fora, é o meu momento, é o meu grito de basta, só que é quando já não há volta a dar. Se rebento, se extravaso, foi porque andei a encher, a encher, até não caber mais partícula alguma de coisa nenhuma. Enchi, rebentei, acabou. E acaba mesmo, porque quando chega a este ponto, já nem remoer consigo, muito pouco ou nada há a fazer e, a mim resta-me arranjar mais um espacinho na gaveta dos casos arrumados.
Chamem-me radical, fria, mau génio, o que quiserem, mas lembrem-se que eu sou das que está lá quando os bonzinhos ou boazinhas assobiam para o lado. Mau feitio? Eu? Pffff... mau génio!

Chá das seis


uma das vantagens de estarmos os dois em casa (de castigo) é fazermos chá e scones para o lanche.

Quando o tamanho importa


Tenho uma pancada forte por sapatos, já o tinha dito aqui.
Ganhei-a após trabalhar algum tempo numa conceituada sapataria de Lisboa, numa altura em que só havia meia dúzia de lojas com marcas conceituadas. Marcas daquelas em que o sapato não traz um fio fora do sítio e em que o bom aspecto se mantém para além do uso. Mas já nessa altura e apesar do meu crescente interesse por sapatos, tive sempre imensa dificuldade em arranjar calçado para mim. O tamanho do meu pé não ajuda, calço um 40, com sorte e se a forma ajudar, porque cada vez mais as formas ditam o tamanho que tenho de calçar. Na altura em que trabalhei na dita sapataria intrigava-me a pouca quantidade de sapatos, botas e afins de tamanho acima do 39, eram quase inexistentes, mais me intrigava ainda, sabendo eu, que até havia procura dos ditos números. Tendo passado uns 10 anos desde essa altura, é com alguma preocupação que constato que ainda hoje é com enorme dificuldade que encontro tamanho que me sirva, o que não faz sentido nenhum. A população cresce (estou a falar de centímetros) cada vez mais, se eles estão cada vez mais altos, elas também, o tamanho do pé acompanha, mas ainda assim é complicado encontrar sapatos para mulher acima do 39 (um verdadeiro 39). A procura destes tamanhos não me parece que seja escassa, mas a escassez de modelos e de tamanhos é.
Às vezes pergunto-me se terei de abrir uma sapataria com o nome BigFoot à semelhança das lojas de roupas com tamanhos acima do 42 para poder ter alguma oferta de sapatos decentes que me sirvam. Quer-me parecer que seria um negócio de sucesso.

17.11.08

afinal

não foi preciso esperar pelo fim da tarde. Uma das melgas já está de regresso ao ninho, carregadinho de varicela, prevêem-se duas semanas de muito mimo (e uma mãe doida, mas enfim)

hoje

após 11 dias, vou buscá-los, abraçá-los, mimá-los e enchê-los de beijos como se não houvesse amanhã.

16.11.08

da blogoesfera

gosto de conhecer quem está por detrás de um perfil, por detrás dos posts publicados com pedaços de vida que me fazem querer ler mais, conhecer mais. Quando conheço alguém, "novo" conheço um bocadinho mais de mim, também. Tem sido gratificante ter estes cruzamentos de vidas, de histórias, de conversas que não apetece dar por terminadas, que apetece continuar noite fora por baixo de um céu estrelado numa noite quente de Verão.

15.11.08

Chaves

Saio de casa, vou cortar o cabelo, arranjar as mãos (tudo coisas de gaija). Passado hora e meia estou de regresso a casa, cabelo cortado e esticado, mãos arranjadas e pintadas. Nada de mais. Mas meter a chave a porta e perceber que se deixou a outra chave enfiada na fechadura, já é outra história. Antes ter-me esquecido das chaves em casa, do que na fechadura.
Toco à campainha da vizinha do lado que tem uma varanda que faz paredes meias com a minha. A bendita parede tem mais de dois metros de altura e moramos num sétimo andar. A simpática da minha vizinha lá andou em busca de um escadote perdido. Escadote encontrado e toca de trepar. E lá vou eu, de brushing acabadinho de fazer e unhas pintadas. Subi, desci e entrei em casa perante o ar incrédulo da minha gata a ver-me entrar por uma porta diferente. Felizmente que hoje resolvi calçar uns tenis, não fosse dar-se o caso de partir um salto.

acredito que sim

13.11.08

Há gajos que deviam bater violentamente com os cornos contra uma parede

Enquanto eu fumava um cigarro à janela, um atrasado mental, que devia vir a olhar para ontem, bateu violentamente no carro da frente enquanto este parava antes de uma passadeira para deixar passar um peão. Até aqui podia-se dizer: "-Nada demais, distracções todos temos e só não acontece a quem não conduz." Só que o retardado mental fez marcha atrás e fugiu pela rua ao lado. Não sei se alguém consegui tirar a matrícula, eu não tinha ângulo para conseguir vêr, mas se batesse com a cornadura contra uma parede de betão não era nada mal feito. O desgraçado do carro da frente, além de ter ficado sem traseira, magou-se. Estas filhas-da-putice, irritam-me tanto!

instruções @rtigos delicados


lavagem suave à mão


não usar solventes



não limpar a seco



secar na horizontal sem pendurar



não passar a ferro

12.11.08

Juro que esta é das coisas que me tira mais do sério.

Não sou gaija de me arrepender do que faço, posso até arrepender-me de não ter contido alguma frase que se me escapou durante uma diarreia mental em que acabo por dizer o que não quero ou da forma menos comedida, mas como com quase toda a gente, não há dias em que sai tudo e não há quem segure. Mais fácil é arrepender-me de não ter feito, não falo de nada em concreto, falo de coisinhas ou de grandes tomadas de decisão, é indiferente. Na altura até posso ter pensado em fazer e depois com a ponderação em demasia e levada por aquilo que na altura achei bom senso, acabei por não fazer. Prefiro uma má decisão do que viver na dúvida, isto quando se trata de grandes decisões é trigo limpo e só de pensar que poderia ter experimentado e não o fiz, remoer o como poderia ter sido... é muito pretérito imperfeito para mim. Não gosto deste tempo verbal e como tal evito usá-lo.
Nas pequenas coisinhas isto pode até nem ter assim tanta importância, mas eu sou daquelas que às vezes venho distraída com os meus botões e fico a remoer porque podia-ter-abrandado-um-bocadinho-e-o-senhor-ou-a-senhora-que-estava-no-cruzamento-podia-ter-entrado-e-agora-vem-aí-uma-fila-que-não-acaba-e-ele-ou-ela-ficaram-ali-parados, não é importante, mas chateia-me. Claro que isto é a minha auto-crítica e por esta pequena amostra se não perceberam eu explico em duas palavras, detesto falhar! Também gosto muito de fazer as coisas à minha maneira, mas tenho aprendido que às vezes uma recolha de opiniões de fora ajudam muito, assim como pequenos avisos ou sinais encapotados ou não que os outros nos vão dando. Da mesma forma que não gosto de falhar, não gosto de desiludir, principalmente a mim, até porque volta meia volta vai haver sempre uma atitude, uma palavra, um gesto ou simplesmente um olhar que deixará alguém desiludido, mas a mim própria, não posso.

hoje

10.11.08

Mágoas

Todos temos a nossa quota parte deste tipo de marca que a vida nos crava na pele, sendo que algumas são marcadas na própria carne, as mais marcantes e de maior dificuldade de cicatrização, pois claro.
Provavelmente, o primeiro pensamento de qualquer um de nós seria poder apagá-las, eliminá-las e ficar com a pele sem réstia de marca causada pela gravação das tais mágoas. Mas se pensarmos bem no assunto, essas malditas marcas fazem parte de nós, ficam tatuadas na pele ou queimadas na carne conforme a força com que nos foram infligidas com um propósito e, esse é que verdadeiramente faz parte de nós, do nosso Eu. Se eu apagasse as minhas marcas apagaria, não só o que me fez ou faz (ainda) sofrer, como tudo aquilo que aprendi, interiorizei, melhorei e até cresci.
Ter-me tornado em tudo o que sou hoje como pessoa, está directamente relacionado com as minhas vivências, com pessoas que conheci ou com quem apenas me cruzei, com obstáculos transpostos, com caminhos abertos e, também com as mágoas que me marcaram. Não as vivo, não todas, a maioria pertecem ao passado e lá se devem manter, estão tratadas e cicatrizadas, mas as cicatrizes irão para sempre continuar comigo. Essas cicatrizes para as quais sorrio quando as vejo, afinal, eu sou quem sou também graças a elas e, eu não quero ser diferente de quem me tornei.

Probabilidades

As probabilidades hoje andaram todas às avessas. Sempre disse que não me apanhavam no estádio para ver jogos com o Porto ou com o Benfica em parte por causa da confusão, dos atrasados mentais que se encharcam em alcool e se armam em parvos e não menos importante, porque em caso de derrota o melão é maior.
Contra todas as probabilidades, fui ver um Sporting x Porto, eliminatória, ainda por cima. Contra todas as probabilidades o Sporting até jogou melhor. Contra todas as probabilidades o Porto joga pior que o Benfica. Contra todas as probabilidades, fui acompanhada de um tripeiro (devo estar insane). Contra todas as probabilidades e, de cachecol verde no pescoço fiquei na bancada reservada aos adeptos portistas (alguém chame uma ambulância com camisa de forças). Contra todas as probabilidades até festejei o golo do Sporting no meio de gente cheia de cachecóis azuis e brancos (haverá vagas no Júlio de Matos ou no Miguel Bombarda?). Contra todas as probabilidades vi prolongamento. Contra todas as probabilidades o Sporting perdeu nos penáltis. Contra todas as probabilidades gostei muito de ir ver este jogo.
A favor das probabilidades, tenho pena que não hajam mais jogos Sporting x Porto esta época porque foi com muito gosto que assisti ao jogo com um tripeiro como companhia. Fica combinado para a próxima época (numa bancada sportinguista, já agora).

6.11.08

Cada minuto conta

Hoje morreu uma colega minha. Não a conhecia. Provavelmente cruzei-me com ela nos corredores da empresa e trocámos um bom dia ou uma boa tarde, sinceramente, não me lembro. Não sei nada sobre ela a não ser que se chamava Rute, tinha 28 anos e morreu com leucemia. Uma outra colega e amiga apanhou um susto esta semana e ainda não tem certezas acerca do tamanho do mesmo. Há uns meses atrás a mulher de um amigo meu descobriu que tinha cancro da mama. Ainda em pleno Verão também soube de um amigo que estava a passar um mau bocado, ou melhor, ainda nem sabia o que o esperava, mas não augurava nada de bom. Hoje quando conversava com uma colega minha a propósito da Rute, ela contava-me a história de um rapaz com 22 anos que teve um AVC e morreu.
Fazemos projectos, deixamos para amanhã coisas que devíamos dizer hoje, adiamos por uma semana jantares ou simples cafés com amigos, achamos que aquele telefonema que devíamos fazer a alguém pode ficar para um dia em que estejamos menos cansados, decidimos mudar algo mas só quando não nos transtornar demasiado porque agora andamos muito ocupados. Estamos sempre ocupados com coisinhas, com ninharias, com chatices com a família, com amigos, com colegas. Perdemos tempo precioso a trocar a ordem às verdadeiras prioridades porque tomamos o tempo como certo, como algo que nos pertence. Partimos do pressuposto que viveremos muitos anos, que a saúde existirá sempre. No meio da correria dos dias, das milhentas solicitações que nos surgem, no pouco tempo que temos para tudo, esquecemo-nos disso mesmo, temos muito pouco tempo para tudo e não sabemos quanto nos resta. Não será altura de olharmos para o que realmente importa?

3.11.08

2.11.08

O meu rio chama-se Tejo


por isso desculpem qualquer coisinha, mas eu quero poder olhar para ele sem ter de subir a uma ponte ou andar mais para trás ou para a frente. A petição aqui

United Colors of Benetton

Tudo indica que o próximo Presidente a assentar arraiais na Casa Branca será Barack Obama. Este fim de semana Lewis Hamilton sagrou-se campeão na prova rainha do automobilismo. Ao final de duas temporadas Hamilton de 23 anos, é o mais novo campeão de fórmula um. Talvez me engane, mas prevejo que será o Michael Shumacher da nova geração, assim a título de início de conversa, também é fanático por futebol, mas ganha a vida como piloto e à semelhança de Shumacher, também é fã de Ayrton Senna. A ver vamos, eu, que até torço pela Ferrari, confesso que estou muito, mas muito feliz com a vitória dele no campeonato.

fazer a minha parte ( I )

Assim , por alto, bebo 4 cafés por dia, 5 dias por semana, 48 semanas por mês, o que dá um total de 960 copos de plástico que deito para o lixo todos os anos. Ainda por cima vão mesmo para a lixeira porque a empresa não faz separação de lixo.
Amanhã, vou de chávena atrás de mim. Acabaram os copos de plástico.

Crónica I

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.

O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso, in Expresso