Caixa dos fios

31.3.10

a minha princesa

"Eu tenho uma princesa. Verdade. Sem familiares reais, nem títulos de nobreza.
Eu tenho uma princesa. Porque tu me disseste"
: É muito importante ter-te na minha vida.

Antes de conhecer a minha princesa, eu já a conhecia, faltava-me uma voz, um cheiro, um conhecer de toque. A minha princesa é doce.
É um enorme orgulho, para mim, tê-la como amiga e ser sua amiga. Ela sabe, eu digo-lho muitas vezes, de muitas maneiras e ela diz-mo a mim. Nas confidências que fazemos ao telefone, nas conversas à mesa, nos abraços que trocamos, na cumplicidade que temos, nas sms "gosto muito de ti", só porque sim.
A minha princesa, que tem uma adolescente dentro dela é mulher, é mãe e é a melhor amiga que se pode ter.
A minha princesa não gosta do mês de Março que é o mês de que mais gosto e Março acaba hoje.

doce

Chegar à cama e ver o A. deitado na minha cama com o seu pateta bebé e a sua fraldinha. Deitar-me, senti-lo enroscar-se em mim.
Adormeci agarrada a ele e a sentir o cheiro a papa.

30.3.10

lembrete [porque há sempre um por perto]



"Nunca discutas com um idiota, pois ele arrasta-te até ao nível dele e ainda te ganha aos pontos."

[autor desconhecido]



29.3.10

mimos

declaração

foto: Olhares

factos comprovados

sobre o [mau] funcionamento da minha vesícula:

- dá-se mal com gorduras e doces
- o molho do H3 não lhe agrada, o de bifes Portugália ou Lusitana é uma desgraça
- vinho tinto nem vê-lo [do branco não gosto]


a boa notícia acabadinha de comprovar no fim de semana é que a dita não tem nada contra vodka, açúcar e limas.

o meu agradecimento à Sony

Que não deu resposta à Worten em tempo útil [31 dias] o que fez com que o príncipe mais velho tivesse direito a uma PSP novinha em folha e eu ao reembolso da diferença de preço.

facelift

A casa é praticamente nova, a quinta dá uma trabalheira do caraças [tem muitas árvores e animaizinhos para mudar de sítio], o meu carro está arrumadinho e não dá jeito mudar de cor e a arrecadação é demasiado pequena para estas avarias, mas a verdade é que me apetece mudar algo, tenho a criatividade a borbulhar. Olho para o fios... hum... já ia um faceliftzinho... Depois vem o raispartadogrilo buzinar-me que ofioséassimeperdeidentidadeedepoisnãoconseguesescreverporquenãoéomesmoetaletal.

Para já escapa, vou entreter-me com o armário do escritório e logo, quiçá, uns armários lá de casa, pode ser que me passe o frenezim.

cavalinho à chuva

O T. sempre foi amigo de dormir, o A. nem por isso, descobriu o prazer do sono no último ano. Acorda cedo, mas muda-se para a minha cama e dorme, com ou sem a minha presença, até o acordar.
Quando o A. era bebé fartei-me de praguejar porque estava [e bem] habituada a um bebé dorminhoco.
Hoje de manhã, ao ver o irmão enroscado na minha cama como se fosse uma minhoca a tentar resistir à minha investida de beijos para o acordar, o T. começou a divagar:
- Mamã, o A. é um dorminhoco. Olha para ele, nem quer acordar.
- Pois é, é a minhoca dorminhoca.
- Mamã, lembras-te quando ele era bebezinho e não gostava de dormir e acordava sempre cedo?
- Lembro, claro que me lembro.
- Mamããã... [o mamã arrastado é o tom de pedido lamuriento]
- Sim, T.
- Agora que o A. já é dorminhoco podias ter outro bebé.
- Não, não podia.
- Porquê?
- Porque em primeiro lugar não quero ter outro bebé e em segundo porque agora que o teu irmão dorme não preciso arranjar outro que me estrague as manhãs, não te parece?
- Oh, mamããã... mas já pensaste se o próximo gosta de dormir? Olha... eu gostava, o A. não gosta, o próximo tem de gostar e a seguir não tinhas mais bebés.
- Vai sonhando, vai.

[De repente tive a sensação que o T. me vê como fábrica de irmãos, o que não é bonito.]

26.3.10

beba leite [post dedicado]

[Jennifer Aniston roubada daqui]

petit chef

O T. sempre teve uma atracção pela cozinha. Por volta dos 2/3 anos enfiava-se na cozinha comigo e arrumava a loiça da máquina que conseguia chegar aos armários, a outra deixava em cima da bancada para eu arrumar e os talheres estavam interditos. Aos 4 anos estava sempre a perguntar-me se podia partir os ovos, mexer o tacho, qualquer coisa que pudesse ser ele a fazer, com o passar do tempo e aparecimento de novos entretenimentos e tpc's para fazer foi-se afastando da cozinha. Sabe preparar o leite para ele e para o irmão e atacar a caixa das bolachas não tem segredos para ele. Mas a verdade é que ele gosta de cozinha e pergunta-me muitas vezes se pode fazer alguma coisa para ajudar, geralmente "corro" com ele, é mais rápido se ele não estiver a atrapalhar, mas também é muito pouco pedagógico, por isso a partir de agora vou promovê-lo a ajudante e as refeições cozinhadas lá em casa passarão a ser feitas a quatro mãos.
Eu, que sou uma fervorosa adepta da independência só o posso ensinar e incentivar a que aprenda mais umas coisinhas e, quiçá, se não é na cozinha que descobre a sua verdadeira vocação?

[Claro que o aparecimento de um filme como o Ratatui, só veio apimentar ainda mais a vontade dele se entregar aos tachos]

24.3.10

da estupidez masculina

Há homens que são parvos, pronto! Nem tenho adjectivos originais.
Não estou a generalizar e muito menos a atacar o género, felizmente conheço poucos destes.
Mas são parvos, quer na forma como abordam as mulheres, quer na forma como se referem às mulheres quando falam com outros homens. Tentado fazer graçolas parvas a única coisa que conseguem é fazer figura de estúpidos. Não fosse a vontade de lhes atirar com a primeira coisa aguçada à cabeça e seriam dignos que sentisse vergonha alheia, mas nem isso. O mais triste é que a estupidez é tanta que mesmo que se gravasse a figura triste que fazem e os obrigasse a ver ainda achavam que tinham graça. Não têm, nem aos olhos das mulheres nem aos olhos dos pares imunes da tal estupidez, graças a Deus.

22.3.10

[faz-me falta]

Não me consigo lembrar do seu cheiro, nem do som da sua voz, lembro-me das mãos, grandes, de dedos longos, já pele e osso de veias salientes. Lembro-me da sua ainda farta cabeleira branca, da barba de três dias grisalha, muito grisalha, das bochechas muito encovadas, do olhar sofredor. Lembro-me do frasco de morfina que a minha mãe e a minha avó guardaram longe do meu alcance [na última prateleira da despensa, o meu esconderijo favorito]. Lembro-me de atravessar 11 metros de corredor com o seu metro e oitenta de corpo morto apoiado em mim [como pesava], lembro-me de o ajudar a levantar do sofá, colocava uma perna no meio das dele, com cuidado colocava as mãos por baixo dos seus braços e fazia força para o ajudar a levantar, eu tinha 10 anos.
Lembro-me dos dias que passou na cama, de já nem se poder levantar, de eu já não poder jogar à bisca do nove porque a falta de forças não lhe permitia sequer segurar nas cartas. Lembro-me de o ver definhar dentro de um corpo que não era o dele [tão alto, tão vigoroso, tão forte, tão Senhor], transformado num resto de alguém pelo maldito cancro que o consumiu.
Lembro-me da impotência que sempre senti ao olhar para ele, de fazer força para não ter pena, ele não teria gostado de saber que eu tinha pena, mas tinha, não dele, mas de mim, por o ver assim e não poder fazer nada.
Lembro-me da manhã em que morreu, lembro-me exactamente de cada segundo, de cada palavra que me disseram, de cada palavra que disse. Lembro-me que chorei, chorei muito, lembro-me de estar agarrada a ele, abraçada a ele, lembro-me que chorei por ele e chorei por mim.
Só não me lembro do seu cheiro, nem da sua voz. E, às vezes faz-me falta conseguir recordar a sua voz e o seu cheiro.

21.3.10

no mínimo, relaxante

Passo a vida a correr de um lado para o outro, horas e minutos contados para tudo, afazeres e coisinhas que quando adio é porque surgiram outras.Ter um fim de semana de mapling, sem horas, sem compromissos, com filmes a sucederem-se uns aos outros. No mínimo, era mesmo o que eu estava a precisar.

20.3.10

what not to watch on tv


Durante muito tempo "papei" tudo o que era episódios de fashion style, em primeiro lugar porque há sempre qualquer coisa a aprender, em segundo e muito menos importante, porque não havia mais nada para ver nas tardes que tive de passar em casa à espera que o rebento quisesse nascer.
Vi a versão inglesa. Achei muito boa, com conselhos muito sábios de duas mulheres que percebem do assunto e que conseguem dar dicas fantásticas para corpos complicados.
Vi a versão americana. Homem e mulher, experts no assunto do estilo, além de conseguirem fazer um programa divertido tinham um sentido de estilo muito bom. As dicas também eram boas.
Hoje e, já não é a primeira vez, vi um episódio da versão-imitação-portuguesa. Pamordeus! Quem se coloca de livre e expontânea vontade nas mãos dum tipo armado em estiloso sem qualquer sentido de estilo para si próprio, quanto mais para os outros. O programa é fraquinho, fraquinho, o resultado da suposta "transformação" fica muito aquém do esperado, dicas e conselhos, nem vê-los. Nas versões estrangeiras as "cobaias" eram inscritas por amigos ou familiares, aqui são os próprios. Quer na britânica, quer na americana as pessoas eram expostas ao ridículo sendo filmadas por câmaras ocultas e mais tarde, já em estúdio, vestindo a sua própria roupa, para que os apresentadores lhes dissessem o quão mal lhes ficava ou era desadequado.
Havia a parte do rídiculo, claro que sim, mas o resultado era sempre melhor do que o ponto de partida, algo que é completamente invertido na versão portuguesa. Venham por favor as versões estrangeiras que se aprende muito mais, sim?

19.3.10

espanta espíritos

[Adoro o som. Saudades de ter varanda]

das palhaçadas

[conversa entre os dois no carro]

A. - Xou palhaxinho do chapitô!
T. - Mamã... o que é o chapitô?
A. - É a escola dos palhaxos.

16.3.10

na rua do monopoly

Eu gostava de viver na rua do monopoly. Eu gostava de viver na casa da esquina, voltada a sul para ter sol todo o dia a entrar pelas janelas, no terceiro andar, para que as copas das árvores não me fizessem sombra. Eu gostava de viver na casa que tem o chão em madeira de tábua corrida e uma cozinha de 60m2 para caberem lá todos os meus amigos enquanto faço experiências de novos pratos do Oliver ou da Nigela sem ter de correr com metade para a sala. Eu gostava de decorar uma casa antiga e viver nela.

Gosto da cidade nos dias de semana, o rebuliço, o misto de calma e agitação a meio da manhã, a saída dos empregos para ir almoçar, os restaurantes cheios, os bancos de jardim. Gosto da sensação de bairro no meio da cidade. As lojas, as mercearias, o mercado, as pessoas.

Gostava de viver na rua do monopoly como gostava de poder sentar-me num banco de jardim no meio da cidade numa hora de almoço de um dia de sol e sem relógio.


foto: olhares

e hoje...

foto: olhares
...está um dia lindo!

15.3.10

para reter - post dedicado- ainda do fim de semana


[-Cerelac não serve para fazer caipirinhas]

e quando falta um dia para completar 3 anos e meio

Toma o primeiro duche sozinho (*)

- 'Tou quescido, tomei banho xozinho! Tu ensinaste a mim.


(*) a minha mão apenas ajudava a que o chuveiro não ganhasse vida própria.

filmes

Há filmes de vidas e há filmes que nos fazem desejar mudar de vida.
Eu quero uma vida doce.

monday

Depois do fim de semana maravilhoso, deitar-me cedo num domingo, acordar com sol... melhor só começar a semana com um pequeno almoço numa esplanada, sem pressas, sem relógio em boa companhia.

foto: olhares


[Dias doces aquecem-me a alma e eu tenho a alma quente]

11.3.10

chato




















Estar a contar com a entrega de várias embalagens para as sobremesas e o Jumbo Online telefonar a informar que não tem.


10.3.10

o melhor da vida

No sofá encostado a mim enquanto faço compras no Jumbo Online:

- Isto é mesmo o melhor da vida, mamã...
- O quê T?
- Isto... estar aqui assim contigo e com o D.

[suspiro]

8.3.10

a Rita explica

"O pior são os pais. Há pais verdadeiramente insuportáveis e sobre esses ninguém me perguntou nada. Logo eu, que tinha tanto para dizer… Antes de mais nada, dizer que quase todos os miúdos menos “educados” deviam apontar o dedo aos pais.

A maior parte das crianças difíceis vivem com mães e/ou pais que não sabem impor regras, que se desautorizam mutuamente, que usam as crianças como estratégias de arremesso de emoções, que querem os filhos construídos à imagem das suas expectativas, que não exigem respeito, nem autonomia, nem nada."


[subscrevo tudo o que a Rita Quintela escreveu]

saturação colectiva

Já ninguém aguenta este tempo.

identidades

Das coisas mais parvas que se pode fazer quando se casa é adoptar o apelido do outro. Em primeiro lugar porque quer queiramos quer não, se ainda por cima for colocado no final do nome, perde-se alguma identidade, deixamos de ser chamados de x y e passamos a ser x z, é estranho. Vinte ou trinta anos com um nome e de repente parece que somos outro. Sentamo-nos à espera que chamem o nosso nome, ouvimos um nome parecido com o nosso e de repente realizamos que a srª do guichet já nos chamou três ou quatro vezes enquanto lhe rogávamos pragas por estar ali a repetir incessantemente um nome que afinal era o nosso. Além da fase inicial de habituação, existe uma outra, mais chata e que regra geral as pessoas não pensam, é que pode dar para o torto e quando dá para o torto é uma chatice pegada e um gasto de dinheiro fútil como tudo.
Por isso, aconselho-vos, casem-se à vontadinha, mas por amor à vossa paciência, deixem lá ficar o nome sossegado.

7.3.10

ah Leão


[percebes agora, Sá Pinto? É no relvado que se mostra a garra, não na bancada da claque.]

a ler, claro!

"Mesmo que por fora endureçam, não percam a sensibilidade! Só quem se mantém sensível à vida permanece aberto à felicidade e ao amor"







[obrigada, Mikas]

o sexo e a cidade

Não somos quatro, mas três e há semelhança da série, somos amigas e hoje jantámos juntas. Não conversamos sobre temas como política ou economia. Falamos de nós, não falamos de sexo [quase nada, vá], mas falamos de homens, dos nossos, de roupa [na versão what not to ware - calções, não, definitivamente]. Somos muito diferentes umas das outras, mas temos um entendimento invejável. Apaziguamos as dores umas das outras, mesmo quando não as entendemos. Brincamos e há até quem meta o casalinho da mesa ao lado ao barulho no meio de uma brincadeira de telemóveis dando motivo para muitas gargalhadas.
Eu que raramente bebo e quando o faço é de forma muito comedida, porque para além de já ter cometido os meus excessos numa outra vida, tenho sempre presente que vou conduzir, fiquei "entornada" na primeira caipirosca mas rapidamente cheguei à segunda, já que os empregados do Estado Líquido deviam estar a achar graça à nossa mesa e resolveram entregar o nosso pedido a outras pessoas, retendo-nos nas saikirinhas e caipiroscas, nem vou mencionar o estado em que eu estava quando finalmente a comida chegou.
E a amizade é isto mesmo, e temos conversas sérias e a seguir rimos com um disparate qualquer que manda embora a nuvem que se aproximava. E é bom, é muito bom o que sentimos nestes dias, quando cada uma regressa à sua casa, à sua vida, porque quando estamos juntas sentimos sempre vontade de repetir.

[Se eu podia viver sem a M. e sem a Princesa? Podia, mas não era a mesma coisa]

5.3.10

não é só a falta de tempo

Claro que se jogasse menos bubbles, se deixasse as vacas e as galinhas em paz e sossego, se não tivesse compras para fazer no Jumbo Online ou se não andasse a ver mil e uma coisas em que acabo por não ver nada, talvez eu conseguisse escrever qualquer coisinha. Tantas coisas na cabeça para fazer comboios de caracteres, filas e filas de comboios. Mas não é só a falta de tempo é também a auto-censura, eu escrevo sobre mim, sobre os meus filhos ou opino sobre algo que pode ter a ver comigo, com A B ou C, mas também tem a ver com milhares de pessoas por esse mundo fora ou então são dedicados a alguém e nesse caso é perfeitamente identificável [mais não seja pelo próprio]. E o que expresso aqui é apenas a minha opinião que vale o que vale e quem não lhe quiser dar valor, pode sempre dar meia volta e apagar-me dos favoritos que eu não me importo, porque também não me enfio na casa de alguém que sei que me vai dizer o que não quero ouvir [a não ser que tenha mesmo de ser, o que aqui não me parece - de todo- o caso].
Posto isto está mesmo quase a sair do draft um post dedicado [senão ainda acordo sem cabelo] e talvez este fim de semana ponha a escrita em dia porque não me parece que esteja tempo para sair de casa.

4.3.10

tantos

Tenho tantos posts na cabeça, mas não tenho tempo para respirar, quanto mais para escrever.

2.3.10

afectos

Existem pessoas verdadeiramente queridas, doces, assim daquelas que dá vontade de guardar na caixa mais reservada dos afectos. Falo de pessoas sãs [apesar da sua loucura contagiante], boas, com bom fundo, verdadeiras. Pessoas que não conhecendo desde sempre, despertam a vontade de abrir o coração e conversar sem as reservas que tantas vezes imponho. Há pessoas com quem consigo falar de tudo, enquanto as ameijoas cozem numa frigideira e o martini vai diminuindo no copo, com quem rio e com quem falo com a lágrima a querer saltar do olho. Há pessoas verdadeiramente queridas com quem gosto de partilhar o meu tempo, que sabe sempre a pouco, que custa vir embora, que me deixa a desejar por novo encontro, porque parece-me sempre que perdi tanto tempo antes de as conhecer e de as guardar na caixa mais reservada dos afectos.