Caixa dos fios

30.9.08

tenho um fio agarrado


não é que dormir seja uma coisa para a qual ultimamente eu tenha dispendido muito do meu tempo. Mas graças ao loops agora ainda menos. Quanto mais avanço nos níveis da coisa, mais agarrada fico. E eu que jurei de manhã que hoje era o dia em que ia para a cama mal as crianças tivessem deitadas...

(alguém me tire isto da frente!!!)

- desisti no nível 45, o sono pesou mais! (01:37)

"- Tu exaustas-me!"



ele voltou

tou numa de Quá Quás!

aqui



Adenda: Tá mal... acaba no nível 25!

29.9.08

100(mai)Nada a dizer


Gosto tanto de gaijas que vão ao fundo da questão e chamam os bois pelos nomes (perdão, as vacas!)

Loops


Tenho estado agarrada aos Loops of Zen assim a miúde que a malta tem de trabalhar, cheguei ao nível 21 e agora tive de recomeçar tudo. Estou aqui agarrada aos loops e a uma taça de gelado de chocolate, agora percebo donde vem o zen.

Zen, o caraças


A Cat põe-se com estas coisas e depois eu fico pr' aqui agarradinha e nada Zen.

Ganhei


Depois de mais de uma hora dentro do carro estacionado à porta da escola, resolvi deitar uma última cartada. Voltámos para casa. Ameaça de castigo todo o dia sem sair do quarto (sem brinquedos ou tv, obviamente) e golpe fatal quando me viu enfiar as bolas de futebol todas dentro de sacos onde juntei PS2, jogos e nintendo. Disse logo que queria ir para a escola. Foi, mas antes ainda me viu ir à arrecadação guardar tudo. Prometeu que não voltava a fazer birras destas, mas pelo via das dúvidas fica tudo guardado durante uma semana. Ahhh, e não há desenhos animados. Prevejo uma semana muito entediante para ele.

Passada


é como estou. Há mais de uma hora a fazer braço de ferro com um ser que decidiu que hoje queria ir comigo para o trabalho em vez de ir para a escola.
Estamos aqui os dois, enfiados dentro do carro,eu mais entretida do que ele que sempre tenho o pc, ele sentado na cadeira dele à espera de conseguir levar a dele a avante. Não leva que eu sou muito, muito teimosa. Nem que fique aqui o dia todo, mas o meu carro só arranca depois dele entrar na escola.
Estou tão passada, tão passada, que nem sei. Logo hoje que tenho tanto para fazer.

como se não bastasse


chove torrencialmente lá fora.

28.9.08

regresso


do Sul, mato saudades dos Infantes que acabam de chegar e que desde quarta feira estavam com o pai. Mimos, muitos mimos. Nem tempo tenho para respirar e a minha casa enche-se como eu gosto. Mãe e manas que chegam, tios e primo do norte que vieram para jantar, para estar connosco. De repente a casa vazia onde entrei uma hora e tal antes está cheia de vida, de pessoas de quem gosto e que gostam de nós.
Ás vezes é tão bom sair para depois regressar.

vidas


fim de semana



com chuva e trovoada.

27.9.08

Paul Newman

Fecharam-se para sempre os mais encantadores olhos azuis. 

flores


pedidos

do contra


fujo da capital para Sul e eis que cai uma carga d'água durante a noite (ou já seria manhã???). Está um tempo de m****, o céu está cinzento e eu estou de camisola de mangas compridas.
E eu que detesto dias cinzentos....

26.9.08

tá giro..






Você é Matrix:
Você vive no seu próprio mundo e tem dificuldade em aceitar que lhe imponham regras. É inconformado e por vezes mesmo desconfiado, mas com um grande instinto de sobrevivência

25.9.08

Tatuagens

Tenho um trevo igualzinho a este tatuado, não o fiz por pancada, teve um motivo muito pessoal, devido às perguntas criei-lhe um motivo "explicável", hoje esse motivo é do qual me lembro quando olho para as folhinhas verdes no meu tornozelo direito.
-Sorte! 
Não é um amuleto, é para me lembrar que tenho muita. Não sou daquelas pessoas, tipo Gastão, que encontram uma nota a cada esquina, a minha sorte nesse aspecto resume-se a arranjar bons lugares para o carro. 
Contam-se pelos dedos de uma mão o que tive de mão beijada pela vida. Mas ainda assim sei que sou abençoada por ela. A vida, essa que tantas vezes chamamos de madrasta (que acho mal, pois há madrastas e madrastas), nem sempre é tão má como a pintamos, muito pelo contrário. Com o passar dos anos fui percebendo que muita da nossa sorte somos nós que temos de a cultivar. Há muito que deixei de fazer dramas por mesquinhices. Não meço a minha sorte pela bitola do que os outros conseguem com mais ou menos esforço. Injustiças há muitas e vão existir sempre, não vale a pena desgastar-me com o que está fora do meu alcance. Também não sou conformista e se de facto quero algo, vou atrás, trabalho, luto, idealializo e sonho, traço objectivos e consigo. Sempre assim foi. Aprendi com todos os revezes que ficar sossegadinha a lamuriar-me não resolve nada, é desperdício de tempo e de energia. Hoje sou uma optimista, mesmo nas piores situações há um momento em que respiro fundo e vejo a situação por outro prisma e procuro incessantemente uma saída airosa ou ver o lado positivo da coisa. Uma amiga por quem tenho grande estima costuma-me dizer que a vida não nos dá nada que não possamos suportar. Não sei se será assim tão linear. Há casos e casos, há problemas e problemas.
O trevo tatuado lembra-me sempre que sou uma pessoa cheia de sorte. Tenho saúde, emprego e casa, dois filhos fantásticos e saudáveis, tenho a minha família e os meus amigos. 
Sim, encho a boca para dizer que tenho sorte. Os meus problemas não passam de ninharias. São merdinhas, contrariedades. Problemas, não!
Problemas tem um pai ou uma mãe que têm nos braços um filho com uma doença grave. Problemas tem um pai ou uma mãe que ficam sozinhos a criar um filho, ou ainda pior, que ficam sozinhos sem o filho. Problemas tem quem tem de viver da solidariedade alheia para pôr comida na mesa porque não pode trabalhar. Problemas tem quem vai ao médico e lhe dizem que tem os dias contados. Problemas tem quem tem de assistir ao sofrimento causado por uma efermidade a alguém que amam. 
Temos todos a mania de assobiar para o lado quando nos lembramos que somos mortais e muitas das vezes não damos o devido valor ao que temos ou ao que está ao nosso lado pronto para ser colhido, aqui, agora. 

Eu? Não tenho problemas, tenho é muita sorte e espero sinceramente que ela não me abandone, porque não há dia em que não lhe agradeça a sua presença na minha vida.

isto pega-se

a Cat do 100Nada começou e eu fui atrás, mas ainda ando para aqui a remoer.

do almoço


Almocei à beira mar com um amigo e quando venho de volta para o trabalho o meu pensamento vai sempre bater no mesmo.
É tão bom ter amigos!

Grave

De repente, após uma ausência de contacto procuro saber o que se passa e cai-me tudo ao chão.
É grave, muito grave. Vem aí um período conturbado. E a mim, que não posso fazer nada, resta-me estar alerta e disponível para ouvir e dar força, que nestas alturas faz muita falta.

24.9.08

Homossexualidade

"- Mamã, está ali o A.
- Quem é o A.?
- O A. é o miúdo mais corajoso da escola.
- Ai é, que é que fez?
(confesso que imaginei-o com uma lagartixa na mão, ou a trepar ao telhado, ou mesmo a enfrentar um professor injusto...)
- o A. disse na frente da turma toda que gostava de ser menina.
(três glups em seco...)
- não achas que foi de muita coragem, mamã?
- claro que acho, mas como é que vocês reagiram?
- ninguém disse nada, que não havia nada para dizer.
- e não voltaram a abrir a boca?
- sim, já falámos nisso. Achamos todos que foi preciso coragem para dizer que queria ser menina e toda a gente o admira. É o mais corajoso da escola.

Pois é. Talvez estejamos a fazer alguma coisa certa. Talvez os nossos filhos, aqueles miúdos que não sabem brincar e só vêem televisão e querem é msn e sms e essas coisas todas horríveis que fazem e o que vai ser deles que no nosso tempo é que eramos educadinhos, esses mesmos, talvez eles estejam a crescer muito, mas muito, melhores que nós."


esta história já me tinha sido contada por quem a escreveu e, apesar de diferente lembra-me uma "conversa" que tive com a dona de uma loja onde costumava ir. Estava eu grávida do A. (que não é o mesmo do relato, mas até podia ser) e a "senhora" que até tinha a loja cheia resolveu perguntar-me alto e bom som se eu já sabia o sexo da criança.
- Sei, é outro rapaz! - respondi-lhe
- Ahhh, coitadinha, só vai ter noras! - retorquiu em volume igualmente alto e num tom como se eu fosse portadora de uma desgraça. 
Comentário infeliz ao qual prontamente respondi
- Ou genros! Nunca se sabe... já me consigo imaginar rainha no meio de tantos homens...
A "senhora" enfiou a viola no saco e a partir desse dia passou a olhar para mim com outros olhos e nunca mais me perguntou mais nada. Mas também não interessa, o que me interessava e continua a interessar é que os meus filhos sejam livres e corajosos o suficiente para perseguirem o que acharem melhor para eles e que nunca se sintam intimidados por pensamentos ou atitudes dos outros. 

" Mamã, o importante é ser feliz"

E para mim é só isso que conta. Se a felicidade de um ou de ambos os meus filhos passar por ser homossexual ou sapateiro, seja. Para se ser respeitado têm primeiro de se respeitarem a eles próprios e, que raio de respeito teriam se não luatem pelo que acreditam? 
Se estiverem bem, eu também estou. Infeliz ficava eu se soubesse que um filho meu andava a fazer mal a outras pessoas. 

Apostas

hoje fiz uma aposta que me há-se ser paga dia 24 de Setembro de 2013!

este fim de semana lá vou eu

Vou experimentar a minha chave do portão que está guardada religiosamente dentro do meu carro. Dar explicações incómodas à Cabra Jr., domar o Sebastião, beber sangria, ouvir e contar histórias, blogar, comentar e rir, rir muito. Porque naquela casa rimos muito.

A fuga do LHC


O LHC sofreu uma fuga de Hélio e vai ser desligado até à primavera de 2009.

"A fuga aconteceu a 19 de Setembro. O hélio servia para arrefecer os ímanes responsáveis pela aceleração de partículas, e a sua fuga levou cerca de uma centena destes magnetos a aquecerem até aos 100 graus centígrados. "

Lá se vão as minhas esperanças de encontrar o meu Bosão de Higgs.

Magalhães

nós já fizemos a pré-inscrição, aqui fica o link

Banco Assistencial Farmacêutico

«A Ordem vai ainda lançar o Banco Assistencial Farmacêutico, que arranca em Fevereiro de 2009 e, à semelhança do Banco Alimentar, irá angariar produtos, neste caso farmacêuticos, para os mais necessitados.

Este Banco será feito com a colaboração de farmácias aderentes, que recolhem os donativos (medicamentos ou outros produtos) junto dos seus clientes e os distribuem pelas pessoas carenciadas.»

eu não sou de me queixar II

de manhã menos dores no joelho, mas além da panóplia que acartei ontem à tarde junte-se um troley... pareço uma mula de carga, perdão mãe de carga.

23.9.08

se tiver (mesmo) de ser

posso escolher o cirurgião??


eu não sou de me queixar

mas ter uma dor lancinante no joelho depois de passar o efeito da injecção que me deram no dito, vir de computador no ombro, mala, mochila da criancinha e a melga ainda pedir colo, é um bocadinho de abuso, não?

medo

é o que sinto. Muito medo, do que o Sr. com quem vou falar daqui a hora e meia me possa dizer.
Não tenho medo de operações, apesar do risco que possam acarretar, mas chateia-me de sobremaneira os pós-operatórios e as fisioterapias.
Só peço que os minutos passem depressa para que esta agonia acabe. Para todos os efeitos depois de falar com ele, ou é ou não é, mas esta incerteza dá cabo de mim.

Explicações

como se explica a uma melga de 2 anos que a esta hora tem é de estar na cama a dormir e não a cirandar pela casa???

22.9.08

chrome

Seguindo o conselho do André, resolvi experimentar. É de facto diferente. Ainda ando para aqui em experiências. Não percebi se é a minha net que tá lenta ou se é isto que ainda não está a 100%, mas para já parece-me muito simpático. 
Para já fica.

é de facto verdade

não é minha, é de uma grande amiga, mas subscrevo na íntegra!

«Não sou feminista: é uma posição extrema e eu não sou fundamentalista. Mas, ao longo da minha vida, tenho conhecido muitas mulheres extraordinárias. São mulheres que abraçam a sua existência com intensidade, tomam o seu destino nas mãos, agem, amam, choram, riem, trabalham, têm filhos, têm cadilhos, vivem a vida em pleno.
Conheço homens bons. Conheço homens inteligentes. Conheço homens muito interessantes, simpáticos, amigos, com sentido de humor. Não conheço homens extraordinários.»

mas confesso que gostava de ser surpreendida.

21.9.08

a festa foi rija

Começou com uma festa de crianças. Houve insufláveis, balizas e escorregas. O S. Pedro mais uma vez ajudou e a tarde foi passada ao ar livre com crianças aos saltos e a correr de um lado para o outro. Só que eu gosto de confusão e casa cheia, por isso e, mais uma vez, enchia-a. Uns vieram da festa comigo para casa, outros vieram cá ter. No total erámos 10 adultos e seis crianças.
Fez-se sala na cozinha, como já é hábito cá em casa nestes dias, por isso tive muita companhia enquanto fazia o jantar e bebíamos Martinis. Estive quase a cortar os dedos a alguém que andava sempre à minha volta a depenicar, qual galinha, todos os ingredientes que eu ia dispondo na bancada. O jantar parece-me que agradou a todos, mas parece que a salada tinha ficado melhor se tivesse mais pinhões!!!!
Divertimo-nos, rimo-nos e bebemos bom vinho enquanto os miúdos brincavam na outra ponta da casa. O T. estava em êxtase, tinha cá os melhores amigos, a B e o L. Eu também não me posso queixar, além do resto do mulherio do clã também estive muito bem acompanhada. Já o disse aqui, gosto muito dos meus amigos e gosto principalmente de os ter por perto e não podendo ser sempre, que seja muitas vezes. Nem de propósito, hoje, e devido às empatias criadas o núcleo duro aumentou e a dinâmica dos nossos jantares quinzenais só pode concerteza melhorar. Fico de facto muito feliz, porque muitas vezes é assim que os nossos amigos se tornam amigos dos outros nossos amigos.
Como já é meu hábito, porque eu esqueço-me sempre de alguma coisa nestas ocasiões, o champanhe ficou por abrir no frigorífico. Mas hoje, não faz mal, até porque eu acho que dá azar comemorar por antecipação por isso só será aberto na sua devida altura.
A festa acabou com as crianças a cairem para o lado de sono e eu, agora que as minhas dormem como anjinhos, estou com aquela sensação boa que só a companhia dos bons amigos é capaz de nos provocar e nem o cansaço que o meu corpo carrega é capaz de me tirar deste estado.

20.9.08

por aqui

continuamos em festa

conversas de mulheres


falamos das alergias dos miúdos, dos nossos e dos casos que conhecemos e da entrada das manas na faculdade (parabéns little sisters, ainda não o tinha dito aqui). De gravidez e de fertillizações.
Mostramos fotos dos rebentos guardadas no telemóvel, trocamos histórias de vida umas com as outras, falamos de fantasmas da infância e não só. Falamos de namoros, casamentos e divórcios, tutelas de menores e de partilhas. Falamos de nós e dos nossos. De homens também. Dos do passado e dos do presente. Das dores que nos afligem e das alegrias que nos alentam. Rimos e não choramos que não estava noite para lamúrias, concluímos que as mulheres sabem ir buscar forças quando delas precisam e acabamos a noite a sacudir a poeira dos corpos a dançar.

há coisas que não se explicam, sentem-se

Somos mesmo assim, gostamos de ler, ouvir e contar

19.9.08

Questões

Quando temos medo das respostas que podemos obter o melhor é não fazer perguntas.

Cabra Jr.

o outro lado

Acordei a meio da noite com um grito aflito. Ainda não tinha conseguido abrir os olhos e já estava com os pés no chão. Cheguei ao quarto deles e vi o A. de gatas com uma poça de sangue à frente. Tinha sido o nariz, mais uma vez um vaso sanguineo rebentou. Peguei nele, a cara e o pijama estavam manchados de vermelho. Fui para o wc, lavei-lhe a cara enquanto ele continuava a chorar de aflição. Dei-lhe mimos, muitos mimos, sentada sob a tampa da sanita. Ficámos ali os dois sossegadinhos à espera que o sangue estancasse. A expressão foi serenando. Muito colinho, muito mimo e acabou por adormecer nos meus braços tapados por mangas com sinais claros do desaire da noite.
Voltámos para o quarto e deitei-o na cama dele, onde ficou a dormir como se nada tivesse acontecido. O T., felizmente nem deu por nada. Eu, voltei para o quarto mudei de camisola e antes de fechar os olhos ainda olhei para o relógio, 4:34, que bela hora para uma capicua.

tenho




de fazer ajustes nas prioridades da minha vida e dos meus dias.

Uns cortes aqui, uns acrescentos ali, levantar umas bainhas e apertar umas cinturas.

17.9.08

"vira o disco e toca o mesmo"

"Porque é tão raro um gaijo conseguir surpreender-nos? Não pode ser só falta de imaginação, nem falta de tomates, nem falta de sensibilidade e recuso-me terminantemente a pensar que é falta de massa cinzenta. Temo dedicar-me à investigação deste tema porque, provavelmente, vou chegar à conclusão que é um grande cocktail de todos estes factores! Ou então, como sempre digo, cada uma tem o que faz por merecer. Chegada a esta conclusão, volta-se o bico ao prego, e além de se virar contra nós, gaijas, vira-se principalmente contra mim que nunca conheci nenhum que me conseguisse surpreender. Não sei se as minhas expectativas são muito altas, se exijo demais, se sou uma eterna insatisfeita... Não acredito que o mal seja só meu, embora conheça vozes discordantes. Algumas amigas dizem que eu nunca vou conhecer um special one porque ele simplesmente não existe. Outras referem que o meu grau de exigência é perfeitamente legítimo (já não sei quem é mais minha amiga)! A verdade é que, por vezes, tenho uma suave sensação de surpresa, e aquilo que eu pensava ser um pedaço de granito, aos poucos mostra ser mais qualquer coisa. Não! Não são nunca diamantes, mas como não sou uma mulher de luxos, uma pedrita mais polida já me faz sorrir, embora não me traga a felicidade, claro está. Lembrei-me agora daqueles que quase bradam ao mundo a sua paixão, que nos dizem que sem nós não existem, que seremos para sempre as mulheres das suas vidas, e chegam a convencer tantas de nós que finalmente tínhamos visto a luz. Quando chega a hora da verdade, de mostrarem de que são realmente feitos, a desilusão repete-se. Ainda lutamos, choramos baba e ranho, temos dores indescritíveis, cansadas de saber o fim de uma história que teimamos ser diferente da anterior. Talvez um dia seja, e continuaremos a acreditar que sim, mas até lá vamos perdendo o encantamento, a esperança. Prosseguiremos a nossa viagem, muitas vezes entretidas com aqueles que nos fazem passar bons momentos e sabem rir. Chamo-lhes “eventuais”. Estão longe do sonho, mas eventualmente, lá passam por uma água marinha…Não são todos assim. Tenho amigos que me surpreendem quase diariamente pelos mais variados motivos, mas não faço, nem quero fazer, ideia de qual será a sua atitude no momento de nos demonstrarem porque razão um idiota qualquer se lembrou de os rotular como sendo o sexo forte!"

(Gaija do Norte)

desígnio de morte

O que não alimentamos, murcha, definha e acaba por morrer, é inevitável!

linhas trocadas

porque é que as pessoas têm tendência a evitar perceber o que lhes dizemos quando a mensagem não lhes interessa, mesmo sendo transmitida numa forma clara e sem margem para dúvidas?

16.9.08

TPC's


enquanto escrevo este post tenho ao meu lado o T., está a fazer os seus primeiros trabalhos de casa. Não pára de falar, distraí-se com tudo e ri-se, ri-se muito. Escrevo a segunda frase e já o mandei calar duas vezes, mas tenho tanta, mas tanta vontade de rir. O ar crescido e atrevido com que fala sempre que pára o lápis para me contar alguma coisa de que se lembrou. Eu, mantenho-me aqui ao lado com a baba a escorrer enquanto ele lá vai passando com o lápis por mais uns tracejados. São os primeiros tpc's de muitos que virão, mas hoje estou aqui, ao lado dele.

(como se não chegasse a adrenalina que traz e que o distrai de tudo, agora chegou o palhacinho mor e tenho uma criança do 1º ano com tpc's por fazer e com um ataque de soluços, isto só augura um belo ano lectivo)

2 anos


És a maior melga cá de casa, tiras a paciência a um santo, mas depois olhas para nós com aquele teu ar de quem sabe mais do que o tamanho que tem, que nos desarma por completo.

És doce, meigo, mimocas, cheiras a papa e tens umas bochechas que dá vontade de beijar e apertar. Revolucionaste-nos a vida, habituados que estávamos a um menino bem comportado, desaustinaste tudo e todos com o teu choro que deita a casa a baixo. As tuas birras tiram qualquer um do sério e o teu irmão tem uma paciência que nem consigo descrever, se fosse outro já te tinha dado um piparote que te virava ao contrário e tu não tinhas outro remédio senão parar de lhe bater e morder.

És teimoso como nunca vi igual, não há nada que te distraia de um objectivo, trepas o que houver para trepar e se não houver inventas como fazê-lo, desfazes-te em birras até conseguires levar a tua a avante. Olho para ti e vejo um anjinho, quando te sentas sossegado no sofá a ver o teu irmão a jogar PS2, desde que seja o jogo do McQueen, sim, porque ele tem de jogar o que tu queres senão é uma berraria desgraçada e lá se vai a imagem do anjinho.

És o boneco cá de casa, a miniatura de gente que nos anima com as palhaçadas, sim porque tu sabes que és engraçado e quando estás para aí virado não há quem te pare.

Faz hoje dois anos que ti vi pela primeira vez e apesar das semelhanças a um anão zangado apaixonei-me logo por ti. Parabéns meu amor.

a partir de hoje todos os €uros contam




as primeiras férias de 2009 vão ser aqui

14.9.08

1º dia, 1º ano


Amanhã já não lhe vestirei a bata (que para mim será sempre bibe, argumente lá ele o que quiser). A partir de agora deixou de ser um menino de jardim de infância. Daqui a umas horas vou levá-lo à escola, naquele que será o seu primeiro dia de aulas e eu faço questão de cruzar o portão da escola, atravessar os corredores e acompanhá-lo à sala de mão dada.
A partir de amanhã o T. terá uma professora, uma sala de aulas, livros escolares, cadernos e tpcs. Amanhã vai crescer mais um bocadinho. E, se por um lado me enche o peito de orgulho, por outro não deixa de mo apertar quando tenho de constatar que o T. já não é o meu bebé e em vez de carros e chuchas nas mãos passará a andar de mochila às costas.

Sitemeter

não consigo fazer agradecimento melhor

"É sempre verde a última palavra a morrer"

Sabes, às vezes as palavras explodem-nos na boca para não acontecerem no coração as suas deflagrações.
São mecanismos de defesa, instintivos, anti-corpos que desenvolvemos no silêncio das palavras reprimidas e que as expulsam como granadas sem cavilha para evitarem a infecção que nos rebenta por dentro se a deixamos por combater.

Por isso cuspimos as palavras quando nos fazem doer no peito com os estilhaços das emoções que libertamos assim, pouco antes de implodirmos sob o peso dos desabafos adiados que nos ateiam o pavio.
Um rastilho muito curto, quando a corda da paciência estica demais.
E depois dão-se as explosões e as palavras são como dinamite nos alicerces corroídos por uma maleita qualquer como as que enfraquecem a madeira, enferrujam o metal ou destroem aos poucos ao mais belo e cuidado jardim.

Mas nem sempre a explosão das palavras representa um fim, mesmo perante as marcas visíveis dos danos colaterais que possamos provocar dessa forma. Mesmo quando conduzem ao encerrar de um ciclo que se calhar precisava apenas de um derradeiro abanão. Desespero de causa, às vezes, aquilo que mina o campo por onde preferíamos caminhar descalços e sem preocupações que não as de procurarmos a felicidade e se possível a partilharmos com pessoas queridas, pessoas de bem.

Muitas dessas pessoas podem surgir na nossa vida apenas no dia depois de amanhã, surgidas de surpresa por detrás do pó por assentar na sequência do rebentamento das palavras disparadas à queima-roupa, por simples reflexo condicionado do dedo que a vida nos obriga a engatilhar.
E na maioria das vezes nem precisamos de as procurar, autênticas brigadas de minas e armadilhas que o acaso nos estende ao caminho embrulhadas no seu papel por cumprir.

Prefiro acreditar-te a sorrir, já passadas as ondas de choque e toda a turbulência que as palavras explosivas provocam a quem as detonou.
Um dia, quando o tempo bastante decorrer, as palavras detonadas serão apenas um eco distante de uma trovoada que, como as outras, choveu e passou.

Amanhã o sol vai nascer e a vida irá acontecer mais esclarecida, mais avisada. E necessariamente melhor.


(Shark)

13.9.08

Descontrolo


Há dias difíceis e depois há os dias muito difíceis, insuportáveis, mesmo. Ontem foi um deles.
Deixei-me levar pela raiva e pelo ódio do momento. Disse o que não queria, em troca deram-me o que não suportei e desatinei por completo. Não me revejo na pessoa em que me transformei, não sou assim e não gosto de o ser nem que por breves instantes. Dizem-me que sou racional e ontem vi a minha irracionalidade transformada em palavras que não consegui controlar. Acordei desse estado tarde demais. Pedi desculpas, mas o mal estava feito e, infelizmente, há males que não se apagam, são como chavenas de asa partida, até as podemos tentar colar, a marca ficará para sempre e provavelmente com uma utilização menos cuidadosa, ficamos com a asa na mão e a chávena irá estatelar-se no meio do chão com tudo o que tiver dentro, depois só resta tentar limpar, da chávena apenas sobrarão os cacos.
Olhando para o dia de ontem, arrependo-me e envergonho-me. As palavras que disse e que me foram retribuídas tiveram em mim o mesmo efeito doloroso que tem a morte de alguém querido. Não é exagero. Ontem matei! Hoje choro a perda. Sinto-me infeliz, sinto-me triste e até perdida no meio deste furacão que eu própria criei. Não há muitas coisas que tenha feito na vida que me causem arrependimentos, do dia de ontem, vou-me arrepender durante muito tempo.
Não espero dias fáceis, os que se seguem, abri feridas que sangram e doem e a cicatrização preve-se longa e dolorosa.
Agarro-me às palavras de quem me dá colo e me diz que melhores dias virão, agora só me posso agarrar aos melhores dias que virão e esperar que a dor passe. Até lá, olharei para o nascer de cada dia com esperança renovada.

12.9.08

1º ano

devia escrever alguma coisa acerca da apresentação do T., segunda feira começam as aulas. Mas continuo sem vontade. Fica para depois.

10.9.08

BigBang


Por causa do LHC o mundo podia ter acabado hoje com o choque das partículas, não acabou, mas uma parte do meu, sim.
Há já alguns dias que os dois protões andavam a ser acelerados em sentidos contrários, hoje colidiram, não sei em quantos pontos do caminho, mas foram vários. O choque das partículas acabou com mais uma parte do meu mundo e vi o meu buraco negro. Resta-me conseguir encontrar o meu Bosão de Higgs.

9.9.08

vontades

a minha vontade de escrever foi substituída pela vontade de cozinhar. A estas lindas horas tenho um bolo no forno e gelatina no frigorífico

E assim se escreve direito por lindas portas (ou portões)

O meu chaveiro tem uma chave pintada de azul. A chave que, há muitos anos atrás, me deixaram cair no bolso da camisa a primeira vez que vim a esta casa. É a chave do portão da quinta, mas sempre olhei para ela como a chave da minha felicidade.

Desde aí muitas chaves iguais mandei fazer, apesar de azul, a côr do céu, ser só a minha. Algumas foram perdidas, outras estragadas e outras mal empregues. Nunca meti nenhuma no bolso de uma camisa, mas as que entreguei estão todas em boas mãos e, se as chaves são vulgares, cada uma das pessoas que a tem é seguramente muito especial.

Depois há outras chaves, que seguem o seu caminho quase como se soubessem que foi para isso que foram feitas. Neste fim de semana uma dessas chaves fez a sua escolha. E foi uma boa escolha. Foi com quem quis, mas porque percebeu depressa que era esse o seu destino. Foi com quem já é da casa. Foi com quem sabe que pode não haver canja feita, mas há sempre gente à espera e uma casa onde pode curar maleitas ou aparecer só porque sim.
É quando quiseres, @na.

Suspenso

Alturas houve em que me apetecia escrever e não conseguia ter o estado de espírito necessário à tarefa.
Agora que tenho o tal estado, não me apetece escrever.
Até novos apetites, os posts estão suspensos.

6.9.08

inversão de marcha

Estou longe. Também não é assim tão longe, mas não é estar aí. Não te vejo, não me vês. Não te sinto o cheiro, não posso procurar o olhar que teimas em desviar.
Não te ter por perto é faltar um pouco de mim. Gosto de te sentir. Gosto de te olhar. Gosto de saber que estás ao lado, mesmo não te vendo, mesmo não te podendo ver, mesmo não te podendo falar.
Tenho evitado escrever-te. Não por estar ocupada com outras coisas, nada disso. Mas porque a ausência de ti em mim é notória.
Custa-me reler o passado. Temos demasiados textos carregados de mágoa. Eram os sentimentos do momento, à flor da pele, na ponta dos dedos. Releio um ou outro que me trazem boas recordações. Muitos, evito, quer escritos por mim, quer escritos por ti. Outros há, que basta ler a primeira palavra e já conheço o conteúdo, vírgula por vírgula, tantas as vezes que já foi lido e relido.
O Rui Veloso diz que já não há cartas de amor, aqui também não. Tens razão, estou diferente. Tu também. No meio de tanto pára-arranca-acaba-continua, ao qual não me escuso das minhas culpas nesse cartório, algo se perdeu. Eu perdi, tenho hoje a certeza disso. Perdi a espontaneidade de te abrir a minha alma. Já não o faço como antes. Já não consigo que os meus dedos levem a ti o que se passa cá dentro, ou se calhar o que se passa é diferente e eu não percebi a mudança. Dou por mim a racionalizar sentimentos, o que por si só é um contra senso. Os sentimentos não são racionalizáveis. Sente-se ou não se sente. Penso e não escrevo, por medo, acho. Apenas medo. Medo de te sentir recuar, medo de avançar. Fomos tão longe, tão depressa, temo mais acidentes de percurso, não me quero despistar.
Estou bem assim, contigo. Prefiro estar assim do que a ansiedade que tomava conta de mim. Aprendi à custa do meu sofrimento que é assim que estou bem. Andei à procura do que não existia. Acho que percebi a tempo que conduzia sozinha numa estrada sem saída e a tempo fiz inversão de marcha e encontrei a harmonia perfeita.
Claro que não impede que te sinta a falta. Não, não impede. Estás demasiado cravado em mim. A cautela tomou conta de nós, não sei bem porquê ou em quê. Deixámos de mergulhar tão fundo. Parece-me tudo mais banal, mais vulgar, o que não liga connosco. Nunca fomos banais, muito menos vulgares. Neste momento sinto-nos, assim, superficiais. Temos menos entrega emocional. Se calhar é normal. Tu com medo da entrega emocional por demasiados avanços e recuos meus. Eu com medo da entrega emocional com medo de voltar a cair na asneira de começar a sonhar com o que nenhum de nós, cada um pelos seus motivos, está preparado para realizar.
É um balanço lixado, este. O meu amor por ti não mudou, a forma de eu o encarar e de o viver sim. Tu, provavelmente impulsionado por todos os acontecimentos que provoquei, recuaste, eu segui-te as pisadas.
Sinceramente, não sei se é melhor, se é pior. Diferente é concerteza.
Penso nos textos escritos do passado, carregados de emoção, dos sentimentos que te tentei transmitir por palavras escritas. Fico a olhar para páginas em branco, apetece-me escrever, mas depois quando começo a tentar ordenar as palavras em frases e frases em textos, desisto. Vem o medo, o medo de ser mal interpretada, o medo que tu te feches.
Acredito que a morte prematura dos sonhos matou a aura com que eu envolvia quer a nossa relação quer os sentimentos por ti. Não te amo menos, mas sentia-te meu, tinha-te como meu, mesmo que a prazo. Agora não, não te vejo como meu, não te sinto como meu. Talvez uma pequena parte o seja, mas nem disso tenho certeza. Não me vejo tua, não me sinto tua. A única certeza que tenho é que me fazes falta. O que me faz crer que algo se perdeu no meio das mudanças, ou não, não se perdeu nada, porque não havia nada a perder e tudo isto que sinto em relação a nós neste momento não passa de um daqueles equívocos em que achamos que perdemos o que nunca tivemos.

mais férias




A casa está arrumada, tudo está nos seus devidos lugares, passo pela porta da sala e páro para me habituar às novas cores com que entretanto a decorei. As manhãs têm sido calmas, ao fim de muitos anos volto a adiar o levantar uma, duas, três vezes até que o tempo seja demasiado curto. Ao fim da tarde volto e encontro tudo como deixei de manhã. Não há restos de pasta de dentes espalhados pelo lavatório, sapatos espalhados, pijamas e brinquedos na sala. Os carros têm dormido na caixa, há já alguns dias que deixaram de ser estacionados no meu quarto. Não encontro biberons entre almofadas e os comandos da televisão, quando precisos, estão à vista. A máquina da roupa tem trabalhado menos, a da loiça só trabalha pela metade. As chuchas estão todas no cesto onde deviam estar sempre que é preciso uma, os pacotes de leite têm-se mantido sossegados na despensa e o nível do Nesquick dentro da lata mantém-se.
Faz amanhã uma semana que foram de férias e confesso que só agora começo a ter saudades. Tenho falado com o T. todos os dias que me conta os mergulhos que deu e me põe a par do que o A. comeu ou deixou de comer. Tem-me sabido bem este tempo sem eles, com o tempo só para mim, sem ter de pensar em jantares, em fraldas, horas de dormir e birras. Sei que estão bem e isso tem-me bastado. Tenho aproveitado para descansar e estar doente sem crianças por perto também tem sido uma experiência diferente.
Agora, quase uma semana depois sinto falta do cheiro deles, das mãos deles, dos mimos do T. e até das birras do A. De ouvir a toda a hora a vozinha do A. - mamããããããã??? Com aquela entoação tão própria dele. De entrar no quarto quando já dormem para endireitar o A. na cama e tirar a bonecada de volta do T. . De ver os sorrisos e sentir os abraços com beijos quando os vou buscar à escola.
Sinto-lhes a falta. Tenho saudades deles.

3.9.08

para lá dos números

Todos os anos é a mesma conversa. Não sei quantos milhares de professores não têm colocação, fala-se muito no assunto quando saem as listas dos colocados. Os Ministros da Educação mudam mas o drama é o mesmo. Peças de telejornais sucedem-se durante dias a falar no tema, depois novos dramas retiram-lhe o protagonismo e é arrumado na prateleira do esquecimento geral. Eu, fico sempre a pensar no que será da vida destas pessoas durante o resto do ano lectivo até que o tema volte à baila. Como pagam a escola dos filhos, a renda de casa, as contas, a factura do supermercado durante o resto dos meses do ano?
Ainda temos muito caminho a percorrer no que toca à educação e, não menos em relação às pessoas que têm a educação dos nossos filhos, dos futuros adultos deste país nas mãos.
Conheço vários professores, conheço-lhes a vida de perto. Para mim, o drama das colocações e dos horários não está ligado a números, mas a caras e a vidas que de alguma forma estão ligadas à minha. Felizmente, este ano nenhuma delas ficou sem colocação, mas existem mais problemas para além das colocações, a forma como são feitas parece-me completamente irresponsável. Claro que nem todos os professores podem trabalhar à porta de casa, é necessário deslocalizar recursos. Mas, gaita, têm de informar as pessoas a um dia ou dois de se apresentarem ao serviço? Se a empresa onde eu trabalho me informasse hoje que para a semana eu tinha de ir viver para Beja ou para Vila Real eu fazia um escândalo. Não se brinca desta forma com a vida das pessoas nem com as vidas que estão agregadas a ela. Numa semana mudar a vida toda de cidade sem pré-aviso? Arranjar casa, escolas para os filhos quando as matrículas já acabaram à meses? Toda a organização familiar vai por água abaixo, todo o suporte que possa ter sido criado cai por terra. É de uma violência atroz o que se faz nesta matéria aos professores.
Também me parece inadmissível, que pessoas supostamente responsáveis pela distribuição de horários nas próprias escolas possam obrigar uma professora a ter um horário diurno e um nocturno quando trabalha a 90 km de casa, só para não ferir as susceptibilidades das que moram na zona. Pior é se pensarmos que esta professora gasta perto de 30 € se decidir levar carro nos dias em que dá as ditas aulas à noite. Tendo em conta a conjuntura actual do país e os ordenados dos professores 60€ por semana faz uma grande mossa no orçamento. Mas mossa faz também às crianças que estão em casa e que durante dois dias da semana não conseguem pôr a vista em cima da mãe. Mossa faz também numa mulher habituada a ser independente a ficar completamente nas mãos de outras pessoas porque precisa de ajuda para poder trabalhar.

ò 'pra mim


2.9.08

coisas de mãe

fui agora à escola primária onde o T. vai iniciar esta nova fase de aprendizagem.
Copiei a lista de material e o nome dos livros a comprar, enquanto o fazia, lembrei-me das vezes em que eu o fiz para mim própria. O T. está de férias com o pai, entre mergulhos no mar e saltos para a piscina mantém-se à margem de toda esta preparação para o ano lectivo que se inicia. Eu, no papel que me compete vou tratando de ultimar as coisas, mas o material e os livros só irei comprar na presença dele.
Olho para a lista aqui à minha frente e não consigo deixar de me lembrar da euforia que eu sentia no final do verão quando o colégio enviava listas idênticas à minha mãe. Os livros novinhos, os cadernos vazios, lápis por afiar, borrachas novas, canetas de feltro da molin, os degradês dos lápis de côr que aumentavam em número e tons com o passar dos anos. Tudo com cheiro a novo, tão novo como tudo o que aprenderia daí para a frente.
E eu, estou para aqui quase de lágrima no canto do olho, entre as minhas memórias e a expectativa.
A verdade é que o meu menino está a crescer.

dou o braço a torcer


o golo da vitória sobre o Sporting de Braga foi marcado pelo Postiga aos 3 minutos.
Confesso que tinha as minhas reservas quanto à vinda dele para o Sporting, mas hoje quando procurava fotos dele na net fez-me impressão foi vê-lo de azul e branco.

Agradecimento sincero

Finalmente a foto que faltava lá em cima.
Imagem do número da porta de um grande escritor (Franz Kafka), que por sinal é uma capicua e com as cores do fios, não há foto mais perfeita para colocar na primeira imagem que salta deste emaranhado.

Obrigada Shark, agora sim é uma capicua Kafkiana

1.9.08

Coitadinhos

Toda a minha vida me considerei desenrascada e poucas foram as situações, tirando as de carácter financeiro em que não me safei. A minha mãe criou-me na óptica do "quem quer bolotas trepa", e eu, graças a Deus, sempre fui muito boa a trepar, diga-se em abono da verdade.
Lembro-me de ser teenager, na altura usavam-se os célebres tijolos, para quem não se lembra, eram uns rádios com leitor de cassetes que em cada ponta tinham uma coluna. Pois um belo dia o meu tijolo pifou e deixou de ler cassetes, mandar arranjar era demasiado caro, mas eu rapidamente arranjei uma alternativa; desmontei-o. O problema estava numa correia que saiu do encaixe, ao voltar a montar sobraram-me peças (espanto!) mas a verdade é que funcionava e sem querer acabei com um ruído parvo que ficava nas gravações. Moral da história, os senhores da Sanyo tinham mesmo colocado peças a mais no meu tijolo.
Alguns anos mais tarde decidi que queria uma mota, sonhava com uma Yamaha LC 50, andei a juntar dinheiro, vendi as minha férias ao patrão e consegui comprar a bendita mota.
Quando chegou a altura de alugar uma casa, não tinha mais do que o suficiente para pagar umas águas furtadas em mau estado em sapadores. A casa era irreal, a cozinha era a entrada de casa e era minúscula, o wc ficava na varanda e não tinha porta. Empatei todo o dinheiro que tinha nas rendas adiantadas ao senhorio e nas seguintes até ter o apoio do IGAPHE. Tomei banho meses a fio com água fria (durante o inverno), lembro-me de sair do duche e ir a correr para debaixo do edredão para me vestir. Não apanhei nenhuma pneumonia e resisti.
A minha vida foi melhorando e decidi mudar de casa, mudei para duas ruas abaixo. Casa normal, não havia partes esconsas e o wc além de ser dentro de casa até tinha banheira.
Pelo meio passei por situações problemas no trabalho, de desemprego, desavenças com o namorado, sonhos que nunca mais concretizava e muitos meses em que o dinheiro não me chegava sequer para as despesas. Amigos, tinha poucos mas bons e estava separada da minha família há já algum tempo, as mãos disponíveis ajudavam no que podiam, mas havia muito a fazer. Foram anos duros e difíceis.
Pouco a pouco as coisas foram-se compondo, mas nem por isso alguma vez senti que me facilitassem a vida de alguma forma. Todos os meus fardos carreguei-os sozinha e não foram poucas as vezes em que tive cargas maiores do que as forças. Nestas alturas em vez de ser aliviada colocaram-me foi mais peso em cima. Sempre todos muito exigentes. Ela é forte, aguenta!
Habituada a contar apenas comigo e a dar sempre o meu melhor nunca esperei ajudas, nunca esperei que alguém fizesse por mim. Tenho há muito tempo como máxima: "se é para fazer, faço bem feito, porque se for uma estucha só a faço uma vez, se não, faço bem feito o que gosto". Isto é tão válido no campo pessoal como no profissional. Gosto de ser desenrascada, gosto de aprender, gosto de me aplicar. Se tropeço, levanto-me, sacudo as pernas e sigo em frente.
Já passei por períodos de grande carga de trabalho e de assuntos pessoais por resolver. Organizei todo o meu casamento até ao mais ínfimo pormenor. Igreja, copo-d’água, burocracias, convites, lista de casamento, missais, ementas, lembranças, fotógrafo, flores, música, vestido, lua-de-mel e até a roupa do noivo, tudo tratado por mim.
Fiz a primeira mudança de casa a dois, o futuro noivo teve de vir a casa da mãe buscar umas coisas, ficou preso na Vasco da Gama e quando chegou já estava tudo nos seus devidos lugares. Nem parecia que tinha tudo entrado em casa naquele mesmo dia.
Grávida de quase 9 meses do Infante mais velho e cansada de esperar pela ajuda do pai, deitei mãos à obra e a pouco e pouco pintei os móveis do quarto, continuei à espera do dia em que o pai ia ajudar a pintar as paredes, até ao dia em que as pintei eu. Ainda me lembro de estar sentada na caixa das ferramentas com uma barriga maior do que eu a pintar o verde que ia ficar abaixo da barra de papel com os ursos.
Quando o T nasceu, saia todos os dias sempre com ele atrelado a mim. Nunca o deixei com ninguém, não por medo, ou por não me conseguir separar dele, mas porque estava habituada a contar só comigo. Era bebé no ovo para cima e para baixo, põe no carro, tira do carro. Pormenores que só quem já andou com bebés atrás entende a dimensão da logística.
Quando engravidei do A. decidimos que tínhamos de morar mais perto do trabalho de ambos e da escola do T. Eu fazia 120 km por dia para vir trabalhar, as portagens da crel tinham passado a ser pagas, a gasolina tinha começado a aumentar estupidamente e o orçamento familiar ressentia-se. O cansaço de filas e acidentes na ponte, também.
Como em quase tudo na minha vida a coisa complicou-se quando quase um ano depois de pôr a casa à venda aparece um casal que a compra... a menos de um mês do Natal e eu com um bebé de 3 meses colado a mim e um filho com 4 anos. Passei o Natal e a passagem de ano com tudo no sítio. Os meus primeiros dias do ano foram passados a encaixotar as coisas entre mudas de fralda e mamadas. Para ajudar à festa, nós tínhamos tido vários falsos alarmes relativamente à venda da casa e decidimos que só procurávamos outra quando a casa à venda tivesse a escritura marcada. Logo, além dos caixotes e de um bebé com quase 4 meses eu ainda tinha de fazer 120 km quase todos os dias para ver casas, muitas casas. Foi mais uma saga de bebé no ovo para cima e para baixo. Muitas foram as vezes em fui a correr à escola da minha mãe para tirar leite e dar ao bebé entre duas visitas a casas.
No dia que encontrei a casa que queria e que podíamos pagar, telefonei ao pai, a resposta ao meu pedido para vir ver a casa foi: -mas tem de ser hoje? Acabou por vir e comprámos a casa. A seguir à compra da casa vieram as obras. Escolher materiais, pensar nas tomadas, comprar electrodomésticos, supervisionar a obra, pagar ao empreiteiro, discutir com o electricista, tudo ficou a meu cargo que continuava com o bebé no ovo atrelado a mim. Desta vez o pai pintou o quarto comigo.
Até há uns meses atrás eu era uma mulher casada, mãe de dois filhos, trabalho das 9h30 às 19h, muitos dos dias era eu que ia buscar os miúdos à escola, aos fins de semana de manhã vinha com os dois para a rua para o pai dormir um bocadinho mais, mantive sempre a minha casa arrumada e organizada. Das poucas vezes que saía, vinha a casa preparar jantares e ajudar nos banhos.
Neste momento reorganizei a minha vida, vivo sozinha com os meus dois filhos, que vou buscar à escola, preparo jantares, dou banhos, preparo mochilas e mantenho tudo organizado como sempre fiz. Continuo como sempre a ser eu a pôr gasolina no carro, a ver a pressão dos pneus e a verificar o nível do óleo.
Estes episódios da minha vida são apenas uma pequena parte de tantos porque passei. Não foram os mais dolorosos, os mais trabalhosos nem os mais penosos, foram escolhidos aleatoriamente dum saco onde estão muitos mais guardados.
Nunca quis que tivessem pena de mim. Lutei muito para ser independente e é assim que gosto de ser e que me vejam. Sou pacífica e não gosto da expressão "mulher de armas". Dou o meu melhor em tudo o que me proponho e poucas são as vezes em que me permito falhar. Mas como em tudo na vida há alturas em que paramos para pensar e neste momento pergunto-me se não teria valido a pena esperar que alguém fizesse por mim. Olho à minha volta e vejo o mundo cheio de coitadinhos. Pessoas que se encostam, que esperam que alguém faça, que alguém diga, alguém se mexa por elas. Tenho a minha consciência tranquila, mas também tenho o corpo cansado de andar sempre para a frente com um mundo de tarefas e papéis para desempenhar. Não é valor que busco. Eu sei muito bem qual é o meu e a quem o devo. É alívio! É por uma vez na vida ter alguém que trate das coisas por mim.
A sociedade tem tendência a beneficiar infractores. Não se dão determinadas tarefas a pessoas porque são lentas, incapazes, trapalhonas e irresponsáveis. Sobrecarregam-se as que cumprem. Perdoa-se a que não faz nada no trabalho a não ser gastar recursos da empresa e minar o relacionamento entre colegas porque está a atravessar um período difícil. Os maridos mimam as mulheres que andam sempre debaixo da alçada deles, porque eles assim sentem-se protectores.
E eu estou cansada. Cansada de ser "tudo eu, tudo eu". Eu tenho sempre que ter tempo para tudo e todos, a mim não me desculpam nada e ainda exigem porque eu aguento.
E eu, estou cansada e farta de coitadinhos.

custa tanto


regressar

e depois...


...veio uma insónia.
'Rais parta!