23.2.11

sorrir

Quando as tuas maozinhas pequeninas me pegam na cara e me dizes "- Gosto de te vele chorrir", eu só posso mesmo sorrir.

22.2.11

há karmas piores

o meu é atrair pobres de espírito. Mesmo quieta no meu canto, sem me mexer e quase sem respirar, passo a vida a tropeçar em seres desta espécie.

[caramba, sou tão boa!]

17.2.11

hoje desforrei-me

[e comprei um saquinho só para nós dois]

cansada [e com pena]

dos mal amados e das mal fodidas, dos mal educados e das sem educação, dos sem gosto e das de mau gosto, dos infelizes e da falsa felicidade, dos teatros e dos actores, das tristes pessoas e das figuras tristes, do drama e da tragédia, dos emplastros e dos empatas, das más e dos medíocres, dos lambe botas e das mostra-mamas, do copy e do paste, do diz e do que disse.
Gentinha sem objectivos, sem amor-próprio, sem interesses [e muito menos interesse] que amua quando ouve um nome, que se lhes contorcem as vísceras quando ouvem qualquer coisa mas ainda esticam mais a orelha, que não dormem a pensar no passo seguinte, que se apresentam com ar inabalável só denunciado por uma veia saliente, uma ruga que subitamente aparece tendo como causa provável uma azia súbita e desconcertante.
Se fizessem algo por si, verdadeiramente por si, estariam muito melhor [isso ou uma caixa de calmantes e de ansiolíticos, aconselhem-se com o médico, mas arranjem uma vida, sim?].


13.2.11

segurança psicológica

Quando era miúda e tinha a mania que trepava tudo, que não havia muro que me detivesse nem que fosse pela curiosidade de ver o que estava do outro lado, que o medo das alturas não evitava que trepasse a escada para o telhado de onde a vista era deslumbrante [e onde ninguém se atrevia a chatear-me], que não era por não haverem galhos suficientemente formes que não ia buscar as nêsperas do topo da árvore [percebi muito cedo que quanto maior a dificuldade, mais saboroso se torna] . Não fui uma miúda-sem-medo, mas chegar ao topo da árvore e servir-me de uma folha para sentir segurança para aproximar das nêsperas era um tanto ou quanto arriscado. Claro que naquela altura na minha mente risco era aldrabar os castigos que a minha mãe me dava ou falsificar a assinatura dela nos testes com notas negativas, o risco de cair da árvore ou do telhado e estatelar-me no chão era coisa que nem me ocorria, desde que tivesse algo, mesmo que frágil onde me agarrar para me sentir segura e seguir em frente.
Agora entendo que se por um lado a segurança psicológica me permitiu avançar e alcançar as nêsperas, por outro, o hábito que criei de "precisar" de apertar a folhinha entre os dedos como se tivesse uma corda de alpinista a proteger-me, impediu-me de alcançar sem muleta tantas coisas que afinal alcançaria na mesma, porque afinal alcancei-as eu e a única ajuda foi alguém não ser mais do que uma mera folha para eu apertar entre os dedos.