9.1.15

Nous sommes hypocrites!

12 pessoas são mortas numa redação e o mundo pára, choca-se, indigna-se e fazem-se soar as campainhas da solidariedade nuns e a sede de vingança noutros. De uma forma ou de outra ninguém fica indiferente. Monta-se uma verdadeira caça ao homem, passeiam-se canhões em Paris, um horror, é certo do qual ninguém quer ser testemunha na 1ª pessoa. Tudo certo, ou quase, dependendo se os sentimentos nos fazem ser iguais ou pior do que os causadores da tragédia. Numa outra parte do mundo: Uma aldeia nigeriana é dizimada, chegam notícias que um grupo terrorista terá morto 2.000 pessoas, 10.000 terão fugido. A Amnistia Internacional diz à Associated Press que este foi o “massacre mais mortal” de sempre levado a cabo pelo grupo de Boko Haram. O mesmo grupo que em Abril do ano passado raptou 200 raparigas e que em vésperas de Ano Novo terá raptado 40 rapazes. A comunidade internacional apelou à libertação das raparigas, apelo que, obviamente, caiu em saco roto. Pelos rapazes não me apercebi de apelos, sequer. Nos últimos anos julga-se que 13.000 pessoas terão sido mortas pelas mãos destes terroristas e centenas de pessoas, incluíndo mulheres e crianças terão sido raptadas por eles. Ahhh... estes não contam! Afinal a Nigéria fica lá tão longe, não é aqui ao lado e morrerem 13000 nigerianos nas suas aldeias ou cidades não se compara à tragédia de atirar um avião contra um arranha-céus ou ao atrevimento de entrar dentro de uma redação francesa aos tiros. Até porque nós ficamos indignados, horrorizados, chocados, solidários e tudo e tudo com actos provocados por grupos terroristas com nomes como Al-Qaeda, onde já se viu um grupo terrorista com nome de Boko Haram, isso é nome de banda marada, não metem medo e, além do mais estão lá tão longe do nosso coração e da vista da imprensa.