28.1.10

gostar de [outras] máquinas



e tão bem que me dou com estas.

fragilidades

De repente tanta coisa com sentido deixa de o fazer. Anos de luta, de afirmação, de construção, que afinal são frágeis como papel. Rasga-se a paciência, esquece-se a dedicação. De repente a vontade de abrir gavetas e rasgar papel. As construções humanas são frágeis, as construções das relações humanas mais frágeis são. Confesso, que apesar de não me surpreender, não entendo. Como conseguem as pessoas tornarem-se em seres tão despreziveis. Quantas pessoas conhecerei eu, que por detrás do ar cândido com que as reconheço, por trás englobarão este mesmo naipe de seres? Muitas, presumo eu. Eu, logo eu, uma eterna crente no bom fundo das pessoas, nas pessoas com coração, em reflexos de corpo inteiro e não apenas em reflexos do seu próprio úmbigo. Há pessoas que têm fins tristes, muito tristes, conhecemos-lhes o fim e temos pena, roemo-nos de comiseração, ignorantes, esquecemo-nos da justiça, divina, ou seja qual fôr. Tudo se paga e, o preço das acções contra os outros pagam-se caras, não na hora devida, mais tarde, bem mais tarde quando os juros são mais altos, acumulados durante anos de umbiguismos, anos de eu, mais eu e eu primeiro. Acabam mal, aos olhos de piedade de quem lhes conhece o fim, aos olhos de justiça de quem lhes sentiu as acções, as palavras execráveis.
Um dia alguém grita: - Chega! Basta! - e vira costas, porque qualquer coisa é melhor e, finalmente, por fim, respira-se.
E um dia, pagam tudo, com os juros devidos e todo o império de prepotência, de poder, de trunfo na manga, já não lhes serve para nada.
Mais cedo ou mais tarde somos todos frágeis.

gostar de máquinas

foto: olhares

24.1.10

amor é:

passar o fim de semana a "fazer Legos".

saudades

de sol
de praia
de calor
de sabor a sal
de dias sem horas
de horas sem minutos
de segundos sem frames
da água salgada
da água da piscina
do céu estrelado
de estrelas cadentes
de lençois de linho
de verde
de amarelo
de vacas pretas e brancas
de vacas castanhas
de azedas
de uvas morangueiras
de cães Serra da Estrela
de gatos sem marca
de campo
de alpendre
de latada
de montar
de jogar crapô
de jogar scrable
de palavras cruzadas
de exercícios de lógica
de fotos a preto e branco
de foto-retratos
de flores
de ervas pelo joelho
do grilar dos grilos
do cantar das cigarras
de melros
dos pardais
de gansos
de galinhas
do Jardim Zoológico
de água cristalina
de mata
de brunch no Chiado
de barcos no rio
de dormir numa rede
de pastéis de Belém
de "livros do Patinhas"
da "Mônica"
da "Luluzinha"
do Snoopy
do Garfield
do Calvin
de dormir muito
de me deitar ao amanhecer
de conversas nos degraus
de esplanada ao sol
de S. João
de vestidos
de sandálias
de viajar
de vegetar
de "não estar"
de salada de espinafres
de morangos
de batido banana-laranja
de ter os pés enterrados na areia
de eléctricos amarelos
de autocarros vermelhos
de castelos
de Igrejas
de planície
de me arrepiar a entrar no mar
de mergulhar
de cheiro a bebé
de jogar à bola
dos comboios com automotora
de pão quente
de cigarros à janela
de não fumar
de aeroportos
de andar de avião
de Londres
de Barcelona
de Loivo
de Viana
de Palmela
de Lisboa
da rua do Monopoly
de séries em série
de mascarpone com morangos
de gelado de manga
de varanda
de arroz de cabidela
de souflé de peixe
de correr de manhã

...saudades... tantas... e muitas, muitas mais.

21.1.10

do Sporting

Ando tão a leste do que se passa fora da minha esfera que foi num blog habitué que me dei conta do que se passou. Procurei as notícias relativas ao assunto e concluo.

- Um jogador que se insurge contra os adeptos [deve ter sido claque, talvez a Juve Leo?!?] para defender um colega que cometeu um erro merece todo o meu respeito.
- Um director desportivo que se insurge contra o jogador que defendeu o dito colega não merece nada.
- Lamento que o Sá Pinto tenha tido tão infeliz atitude ao serviço do Sporting.

[Levezinho, estou contigo.]

just breathe



[linda, linda!]

Stay with me,..
You’re all I see.
Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see,..
No one knows this more than me.

pausa


Entre dias de tempestade também faz sol.

20.1.10

[des]larguem-me

E eu que sempre fugi de holofotes agora ando na berlinda? Será possível que me saía bolinha preta todos os dias?

factos IV

Assim para já, vou deixar o raio do novelo como está. Há-de ficar direito. Afinal, como diz a minha amiga Princesa: A vida resolve-se sozinha.

[e se a vida não lhe tratar da saúde, deito-o fora]

17.1.10

batalhas

Não sei se estou preparada para as consequências a que estarei sujeita na batalha da manutenção da minha sanidade mental, mas sei que não estou preparada para as consequências da insanidade. Já é um princípio.

14.1.10

Os meus filhos são [mesmo] lindos

Os meus filhos são um espectáculo.

O T. há duas semanas que não vai à capoeira, não que não queira, mas porque a mãe dele [eu] não o consegue ir buscar a horas. O T. é o último a sair da escola porque a mãe dele [eu] sai do trabalho à hora do fecho do atl.

O A. é o último a sair da escola, porque a mãe dele [eu] tem de ir buscar o T. antes de o ir buscar a ele. O A. fica uma hora sozinho com a auxiliar à espera que a mãe dele [eu] o vá buscar.

Ontem, quando a mãe do T. e do A. [eu] os foi buscar não foi para casa, pegou nos filhos e voltou para o emprego porque tinha trabalho para fazer e não podia ir para casa.

Ontem, o T. e o A. não jantaram com a mãe [eu], jantaram no Mc Donalds com uma colega-amiga da mãe deles].

A mãe do T. e do A. [eu], tem muita sorte, os filhos são bem educados e comportados e a colega-amiga da mãe não se importou nada de os levar ao Mc Donalds.

A mãe do T. e do A. [eu] tem muita sorte, porque os filhos aceitam e pelo menos um deles, o mais velho, entende que a mãe [eu] tem de trabalhar nas horas que devia estar com eles.

Ontem o T. e o A. sairam do emprego da mãe [eu] à hora que deviam estar a ouvir a história para de seguida irem dormir.

O T. e o A., ontem dormiram com a mãe [eu] depois de ouvirem uma história.

A mãe do T. e do A. [eu], tem muita sorte por ter os filhos que tem, que compreendem e aceitam.

O T. e o A. vão ter muita sorte no dia em que a mãe deles [eu], compreender mas não aceitar.

12.1.10

[juro que me habituava]

Eu podia chegar a casa muito mais cedo.
Eu podia chegar a casa e ter tudo arrumado.
Eu podia chegar a casa e ter a roupa nos devidos lugares.
Eu podia chegar a casa e ter o jantar feito.


Foto: Olhares

Eu Juro que me habituava.

e finalmente div[ertida]

um dia de chuva pode ser um bom dia.
Já está! Bastou uma assinatura e ficou feito.

e

muito farta de chuva e frio.

11.1.10

quase, quase a cair para o lado

Foto: Olhares

Uma semana, tal como previa, com um volume exagerado de trabalho, solicitações que não acabam [nunca ouvi tantas vezes o meu nome], bugs para reportar, erros humanos para corrigir, reuniões atrás de reuniões, decisões para tomar, um sem fim de... tudo. Só os dias continuam a ter 24 horas. Sexta-feira, após uma semana de loucos, chego a casa de madrugada, sábado, dia de acordar cedo e nova tirada até de madrugada. Domingo [estou repetitiva, eu sei] levantar cedo e trabalhar até às 5 da tarde, nem parei para almoçar, queria mesmo era vir-me embora. Há muitas noites que não dormia tantas horas seguidas, estava tão cansada que nem me devo ter mexido durante a noite a ver pelas dores que tinha no braço sobre o que supostamente dormi. Mas se há 10 anos atrás tinha a "pica" toda para estas coisas, 10 anos volvidos e a coisa pia de outra forma. Já não tenho a paciência que tinha, a minha cabeça também já não tem neurónios para tudo [eu bem digo que morreram muitos nos partos, mas ninguém acredita] e cada vez que passo no corredor oiço pelo menos 3 vozes diferentes a chamar pelo meu nome e a minha vontade é fugir, mas não sem antes atirar o pc pela janela.
Quero que esta fase acabe, quero [preciso, desesperadamente] de entrar em velocidade cruzeiro, voltar a ter o trabalho sob controlo, o meu e o dos outros. Estou cansada, exausta, mesmo, preciso de ver luz ao fundo do túnel.
Eu sei que há dois anos quando me atiraram para o projecto fiquei muito entusiasmada. Tinha acabado de chegar de férias quando me disseram que tinha sido escolhida para o desenvolvimento deste monstro que agora me atormenta. De 20 e tal pessoas escolheram-me a mim. Tinha provas dadas, conhecia o sistema melhor do que ninguém, gosto de "fuçar" até encontrar o que faz falta, a funcionalidade que permite optimizar ou maximizar uma tarefa. Gosto de conhecer e melhorar processos de trabalho e atirei-me com tudo o que sabia e estava disposta a aprender. Tive altos e baixos, muitas reuniões, expliquei um sem número de vezes a mesma coisa em duas línguas e de formas diferentes, revi muitos documentos, "levei" com muitos powerpoints e pontos de situação [perde-se muito tempo em reuniões], discussões acesas, tive muitas vezes vontade de desistir, fiz muitos testes, repeti o mesmo teste vezes sem conta para obter o mesmo resultado. É o que acontece com quem tapa a cabeça e destapa os pés e vice-versa, uma, outra e outra vez. Perdi a paciência muitas, muitas vezes. Barafustei muito.
Dois anos passaram e chegou a hora da verdade. Sei que fiz o meu melhor, ainda não acabou, chegaram os dias do pesadelo, os dias sem horas para acabar, as noites em casa com a cabeça a borbulhar, efeitos de demasiada cafeína e de cabeça demasiado cansada para ordenar ideias. Mas repito para mim mesma, fiz um grande trabalho e, hoje, quando olham para o monitor e tentam fazer alguma coisa que até agora não era possível, podem não saber, mas eu sei, fui eu que levantei a lebre, fui eu que disse que precisava disto ou daquilo, mas nada é fácil e a na maioria das coisas tive de "desenhar" o caminho para lá chegar. Quando olham para o monitor, podem não saber, podem não conseguir imaginar todo o trabalho que esteve por trás, mas eu sei, fui eu, foi da minha cabeça que saiu e foi um grande trabalho. E, claro que se não fosse eu podia ter sido outro qualquer [ou não], mas fui eu que lá estive e foram os meu neurónios sobreviventes que se espremeram.

[Agora só falta entrar em Go-live, abençoado!]

7.1.10

Uma questão de entoação [post em atraso]

Já descobri um blog no programa "o meu blog dava um programa de rádio", apanhei-o sem querer no rádio do carro, gostei do que ouvi e fui à procura do blog que passei a seguir regularmente.

Quando há uns tempos a minha amiga M. me enviou uma sms a dizer que o blog dela ia ser lido no mesmo programa, como é óbvio fiquei em pulgas, afinal, ela é minha amiga e o blog dela [o actual e todos os anteriores] pertence ao meu núcleo duro de blogs a seguir, que é como quem diz, ela posta e eu leio. Claro que à hora a que deu o programa eu não pude ouvir, nem no dia, nem na repetição no dia seguinte, por isso fiquei à espera que a Rádio Comercial colocasse o dito programa no site para o ouvir. -Que decepção! É que eu conheço a M., sei o sentimento que ela coloca em cada palavra escrita e, quando a estou a ler, oiço-a. A locutora da RC quis dar um ar alegre aos posts [como se fossem tristes... parva, estragou tudo!] Ouvi o programa e conhecia os textos que estava a ouvir, mas faltava-lhe a entoação certa, não soava, deve ser como tocar fora do tom [não faço ideia que não percebo nada de música]. Mas eu que gosto tanto do que aquela mente retorcida [descupa, M, mas é verdade] escreve, odiei o programa, tanto que desisti a meio e reli os posts para voltar a repor na minha mente a entoação correcta. Para mim, os posts da M. têm de ser lidos quer a sós, quer quando ela com o entusiasmo que a caracteriza me telefona e pergunta: - estás no computador? Vai ao meu blog ler o meu post. Lê alto!. Ou ouvidos pela própria quando não estou perto de um pc.

E isto faz com que me interrogue, até que ponto é que me lerão com a entoação certa? Que entoação dará quem me lê a cada um dos meus textos? Serei bem interpretada?

[Para ti M. : Tu escreve, escreve muito, amarga ou doce, feliz ou magoada, mas por favor não voltes a deixar que transformem os teus textos numa banalidade.]

foto: olhares

5.1.10

frequência

Eu tenho uma antena. O que até é bom, permite-me por um lado, fazer-me de estúpida quando quero e por outro impedir que me enfiem mãos inteiras pelos olhos [e que deve doer como o raio].

1.1.10

Ajuda precisa-se

Apelo da UNIÃO ZOÓFILA: ***Mantas quentinhas, tapetes e cartões.**** Precisamos muito de mantas quentinhas para ajudar os nossos cães e gatos a combater o frio que se faz sentir. A chuva não tem dado descanso, e praticamente não temos mantas secas para os aquecer. A entregar na União Zoofilia.

[caso não seja possível a entrega directa por favor enviem email para a Madalena - mad.vidal@hotmail.com - que ela faz recolhas em Lisboa e arredores]

- Vá lá, nada como começar o ano sem aqueles cobertores e mantas velhas que só estão a ocupar espaço nos armários, além disso o IKEA está em saldos o que é sempre um bom motivo para substituir alguns tapetes.



Foto: Olhares

sorria-se, sff

Se 2008 foi o ano do meu grito de liberdade, 2009 foi o ano da guerra pela liberdade gritada, 2010 será o ano da reconstrução entretanto iniciada após a vitória.

Mas não tenho ilusões, se ontem era 2009 e hoje é 2010, também sei que ontem era quinta-feira e hoje é sexta. Um novo ano, além de uma mudança numérica, apenas pode trazer mudanças se as quisermos fazer. Porém a vontade de realizar, qualquer que seja a mudança, não é maior só porque uma parte da data se escreve com outros números. Outro ano pode, de certa forma, ser visto como um recomeço, mas não se reescreve a história, essa mantém-se, não se apagam erros cometidos, aprende-se com eles, não se retiram palavras que se disseram, pede-se desculpa, não se retiram palavras ouvidas, perdoam-se. Além de achar que estar feliz só porque uma determinada data do calendário assim o exige é uma perfeita parvoíce, porque a felicidade não aparece por carregarmos num botão [ahetalédiadepassagemdeanoestouarebentardefelicidade, bah!] não há mal nenhum em não nos sentirmos assim tãããoooo felizes. A infelicidade faz parte. A infelicidade e o desconforto são os ingedientes base que nos fazem querer mudar algo e não as passas, o fogo de artifício ou o champanhe.

Disse adeus a 2009 sem saudade relevante. As batalhas que travei desgastaram-me acima do desejável. Devo ter chorado mais este ano do que em vários anos somados da minha vida. Chorei de raiva, de ódio, de saudade, por amor, mas felizmente também chorei de alegria.
Este ano "construi" o meu lar, engoli muito pó, vivi no caos, mas está cá, é meu e para os meus.
Fui promovida em trabalho e responsabilidade como forma de reconhecimento do meu esforço ao longo dos anos.
Foi um ano de mudança e de cortes, mudei o que podia mudar, cortei o que me faz mal, porque de nada vale insistir no que não tem remédio e só traz amargos de boca.
2009 foi um ano de realizações e de desistências. Realizei a minha casa, o meu ninho, viajei acompanhada, viajei sozinha, tive dias de casa cheia e dias de sossego, dias a dois e dias a sós, dei sangue as duas vezes que me são permitidas, com muita ajuda ajudei ainda mais crianças, pedi ajuda e dei a minha mão a quem dela precisou. E se realizei sonhos antigos ou recentes, também desisti de outro que nem sabia que tinha. Não será um ano para esquecer, mas também não é ano para pendurar na parede das melhores memórias [pelo menos para já].

Para 2010 não tenho nenhum wich-to-do de monta. Espero que seja um ano tranquilo, porque de agitação já tenho tido e em doses reforçadas. As grandes metas da minha vida já foram alcançadas, resta-me, apenas [o que por si só já é tarefa bem árdua] manter a rota e a velocidade cruzeiro. "Um dia mudo de vida" é frase de pacote de açúcar que ainda não posso abrir, esse mantenho-o guardado até à altura em que mexerei o meu café com o seu conteúdo e sorrirei com um sorriso tranquilo.
As pequenas coisas que muitas vezes tenho como resolução em qualquer altura do ano mantêm-se, porque qualquer dia é bom dia para acordar e ser melhor pessoa, deixar de fumar, beber mais água, fazer mais exercício, ler mais, escrever mais, telefonar mais ou deitar-me mais cedo.

Da minha passagem de ano, retenho que a passei com as pessoas mais importantes e queridas na minha vida. Trepei à cadeira, comi as passas, pedi os meus desejos e brindei com vinho tinto porque não gosto de champanhe. Foi uma passagem de ano com o coração quente numa noite fria.

[Sorrir mais, é a minha grande ambição para 2010.]



afinal

[Eu queria que todos os meus fantasmas tivessem ficado presos em 2009, mas eles seguiram-me e passaram o ano também.]

e há melhor

do que começar o ano a ler o que os astros supostamente têm reservado para mim e, um após o outro, revelarem que o ano que se avizinha vai ser o ano da minha vida?

- Melhor, só mesmo ser verdade.

Foto: Olhares