Caixa dos fios

13.8.08

livre


Gosto da liberdade que a minha vida me permite. Gosto de só ter de me preocupar com as coisinhas do dia-a-dia que tenham a ver comigo e com os meus filhos. Gosto de dormir sozinha. Gosto de não tropeçar em ninguém. Gosto de me poder deitar às horas que me apetecer, dormir no sofá se quiser ou poder enfiar uma das melgas na minha cama ou enfiar-me na deles. De meter uma lasanha congelada no forno e abrir uma garrafa de vinho. Do meu momento solitário à varanda a fumar um cigarro. Acender velas só para mim, porque também sou gente. De não ter de prestar contas a ninguém de onde fui, com quem estive. Se cheguei cedo, se cheguei tarde. Dar-me ao luxo de jantar uma caixa de gelado ou ir fazer uma massagem num Domingo às 8 da noite. Aceitar um convite de última hora para jantar numa esplanada na praia. Convidar apenas os meus amigos para virem cá a casa sem pensar em mais ninguém. Pegar no carro, meter-me à estrada e rumar a sul para me refugiar na casa de uma recém-velha-amiga. Rumar a norte e pedir colo às origens. Poder pensar que nas férias do ano que vem, posso meter-me num avião e conhecer outras paragens sem negociações. Ouvir a música alto se me apetecer. Chorar, até, se quiser, sem explicar mas nem porquês. Mudar a decoração sem ter em conta os gostos de outra pessoa, alterar o sítio às coisas sem a preocupação de explicar onde está tudo. Menos roupa na corda, mais espaço no armário. Mimos de filhos só para a mãe. Mimos de mãe só para os filhos. É não me aborrecer por ter de esperar algo de alguém que não fez, alguém que não disse.