Caixa dos fios

19.9.08

o outro lado

Acordei a meio da noite com um grito aflito. Ainda não tinha conseguido abrir os olhos e já estava com os pés no chão. Cheguei ao quarto deles e vi o A. de gatas com uma poça de sangue à frente. Tinha sido o nariz, mais uma vez um vaso sanguineo rebentou. Peguei nele, a cara e o pijama estavam manchados de vermelho. Fui para o wc, lavei-lhe a cara enquanto ele continuava a chorar de aflição. Dei-lhe mimos, muitos mimos, sentada sob a tampa da sanita. Ficámos ali os dois sossegadinhos à espera que o sangue estancasse. A expressão foi serenando. Muito colinho, muito mimo e acabou por adormecer nos meus braços tapados por mangas com sinais claros do desaire da noite.
Voltámos para o quarto e deitei-o na cama dele, onde ficou a dormir como se nada tivesse acontecido. O T., felizmente nem deu por nada. Eu, voltei para o quarto mudei de camisola e antes de fechar os olhos ainda olhei para o relógio, 4:34, que bela hora para uma capicua.