Caixa dos fios

20.8.10

pessoas-corvo

Existem pessoas que interferem com o meu estado. Não sei explicar, mas interferem. Chamo-lhes pessoas corvo porque parece que trazem uma névoa escura à volta. São pessoas negativas, das que nos puxam para baixo. Umas por mal, outras apenas porque são assim mesmo, negativas, pessimistas, que vêm maldade em tudo e em todos, desgraças iminentes, nada pode correr bem e quando corre é uma sorte dos diabos. Queixam-se a toda a hora das crueldades da vida para com elas, prevêem o azar que lhes vai bater à porta. Algumas numa versão mais negra transferem todas estas desgraças para os outros como uma doença altamente contagiosa. Basicamente a felicidade(?) delas resume-se a ver o circo (leia-se, a vida dos outros) pegar fogo. Usam um tom de voz que soa a ladainha para espetarem farpas e assim conseguirem que um dia salte a tampa ao enfarpado, estando, assim, na primeira fila a assistir ao espectáculo.
Estas não me incomodam muito, topo-as à distância e basta-me afastar para que se tornem inócuas. As que me incomodam são as que são assim mas sem a maldade e que podem até fazer parte do círculo mais estreito. Essas sim, interferem no meu bio-ritmo. Só a sua presença mexe comigo fisicamente. Esgotam-me as energias. Lembro-me de uma pessoa com quem privei durante muitos anos que bastava-me a sua presença para que eu sentisse o meu estado de espírito mudar, entrar na casa dela era um sacrifício, saía sempre de lá com a moral feita um caco. Era extenuante para mim e muitas vezes pensei o quão triste deveria ser ser-se assim. Triste, de mal com a vida, sempre com o pensamento da desgraça a bater à porta.