Não sei se foi do calor, dos banhos na piscina, do som dos grilos à noite, dos grelhados, dos livros que li, das gargalhadas deles, dos mortais para a piscina do mais velho ou se foi apenas a paz que tomou conta de mim durante as férias. Sinto-me diferente.
Uma semana de trabalho após o regresso das abençoadas férias. Estou diferente.
Existem pessoas que valem a pena. Existem pequenos nadas que valem sorrisos. Existem momentos para serem vividos. Tudo o resto é passageiro como uma chuva de verão. Não vale a pena. Uma lavagem e fica limpo e se não apetecer ter o trabalho, é olhar para o lado e ignorar.
Estou, mais uma vez, diferente.
Deve ser isto que é ser adulto. Problemas, preocupações e resoluções em catadupa. Umas atrás das outras. Mal resolvemos um e aparece logo outro. Uma responsabilidade, uma exigência. Ser adulto cansa. É tão mais fácil não termos de resolver, haver quem resolva, quem pense, quem se preocupe. Quando se é Adulto, não há. Somos nós. É connosco. Não dá para assobiar para o lado.
A minha visão da vida está diferente.
Nem tudo tem de ser resolvido. Nem tudo são preocupações. E, como eu também já sabia, mas por vezes ignoro, há sempre um lado B [ou A, de alternativa] que nem sempre é mau. A maior parte das vezes não é mau, é diferente, é desconhecido.
Estou diferente. Serenei. E se não vale a pena nem me dou ao trabalho. Finalmente, interiorizei, e por muito certas que sejam as minhas convicções, há guerras em que não vale a pena entrar. É desgastante e o resultado, mesmo que favorável, fica aquém da energia despendida.
Estou diferente. Estou serena.
Abençoado calor, abençoados banhos na piscina, abençoado som dos grilos à noite, abençoados grelhados, abençoados livros que li, abençoadas gargalhadas deles, abençoados mortais para a piscina do mais velho. Abençoada paz que se apoderou de mim.