Caixa dos fios

19.8.10

[Deus protege os desleixados]


imagem: Enid Coleslaw

Já não ia ao oftalmologista, à vontadinha, à mais de 10 anos. Dessa vez, receitaram-me uns óculos para lêr, escrever, ver televisão e, sobretudo, para quando estava ao computador, porque, dizia a médica: "A sua vista está extraordinariamente cansada". O medo e o horror apoderaram-se de mim. Não tenho nada contra óculos, aliás sou dependente dos escuros, mas não me apetecia nada aos 20 e tal anos ficar dependente do acessório e, pior, era sinal que a minha visão se estava a degradar. Mas tudo isto é muito bonito no dia em que saímos do médico cheios de boas intenções e vamos directamente ao oculista e-os-óculos-afinal-não-ficam-assim-tão-mal. Durante os primeiros tempos [uma semana, vá] a coisa está fresquinha e passam-se os dias a pôr e a tirar óculos e a limpar as lentes e a arrumar na caixinha e a vida parece que de repente gira à volta das lunetas. Volvida uma semana e já só se usa se estiverem ali à mão de semear e, é se nos lembrarmos que falta o acessório pendurado no nariz.
Resultado? Andaram a saltar de gaveta em gaveta, mas na cara nunca mais foram vistos. 10 anos volvidos, ao marcar a consulta de oftalmologia lembrei-me dos ditos e apesar de achar que me iam receitar mais graduação[duas gravidezes pelo meio e tal não deveriam ter dado muita saúde], achei melhor levá-los. Felizmente que a moda é cíclica e os óculos usados na época usam-se agora e eu poupava uma pipa de massa em armações.
Mas depois, Deus é grande e tudo isso e a menina não precisa de óculos para nada que tem uma visão fabulosa que até vê acima da média. Não satisfeita, toma lá mais uma cerejinha que o infante mais novo também tem uma visão 10% acima para a idade.