Caixa dos fios

25.8.10

atentados

Ele é o "prontos", o "amanda", o "portantos", o "treuze", o "tem a haver" [não estado a falar de pagamentos] e tantas outras igualmente más ou piores, que de tanto serem repetidas por toda a gente quase se tornam num dialecto paralelo. Que o "povão" fale mal, já é mau, mas é natural, dirão alguns, para mim não é natural que existam atentados destes à lingua de Camões. Num país onde existem erros de ortografia em livros e na imprensa, provavelmente estarei a ser picuinhas, mas tiram-me do sério. Piora ainda mais, ouvir ou ler barbaridades deste calibre em publicidade faz-me assim uma espécie de "tilt", daqueles que desligam a máquina e tudo. Afinal a publicidade pretende e atinge milhões de pessoas e, para mim, tem uma responsabilidade enorme. Se a Nestea consegue ter a "brilhante" ideia de publicitar um apelo para que o "mudasti" seja incluído no dicionário de Língua Portuguesa [que tamanho disparate até me causa urticária], mas a verdade é que o "mudasti" veio e "instalasti" na linguagem de tanta gente, mesmo que essas mesmas pessoas já não saibam se o "musdasti" é da Nestea, do Ice Tea ou de outro "ti" qualquer [juro que não entendo a eficácia desta campanha em que inserem uma nova palavra mas já ninguém sabe quem a inventou e até ver pode ter sido o concorrente mais directo].
Agora temos a Heinz que com alguma sorte vai transformar, [ainda mais] molhos em "mólhos". O grave da questão é que o "mudasti" é propositado, os "mólhos" da Heinz não e, o dito anúncio passou por um número considerável de pessoas até chegar ao consumidor e ninguém conseguiu ouvir "mólhos" e perceber que está errado, afinal estamos a falar de ketchup e não de brócolos.