Caixa dos fios

17.12.09

unfinished

Se há coisa com que lido mal é com assuntos mal-resolvidos. Não tenho pachorra. Ou bem que se resolve ou não se resolve. Eu até acho que no meu caso é trauma. Quando eu era miúda e a minha mãe me mandava arrumar o quarto eu, armada em chica-esperta, enfiava tudo para dentro do armário ao molho, a cama, puxava a roupa e endireitava muito bem a colcha e estava feito. Ou não. Por fora até parece e, por vezes, até se enganam uns quantos incautos [ou os que fingem que não vêem], por dentro é o caos. Quando eu tinha a triste ideia de fazer destas chicas-espertices, a minha mãe ao deparar-se com o cenário de tudo enfiado no armário tirava tudo cá para fora, mas tudo mesmo, não interessava se havia coisas arrumadas no seu sítio. Era tudo cá para fora e arrumar tudo outra vez e como devia ser. A cama, a mesma coisa, só que em vez de ter de puxar o lençol e cobertores direitinhos, não, tinha até de pôr o resguardo porque ela arrancava-me tudo. Claro que a minha esperteza saloia não foi repetida muitas vezes que eu de parva também só era quando me fazia.
E hoje lembrei-me disto e os assuntos mal-resolvidos não são mais do que tralhas que alguém atirou para dentro de um armário à espera que ninguém mais se lembre delas, o problema está é se alguém se lembra de abrir o armário. Melhor ainda quando o próprio abre o armário e lhe cai tudo em cima. É que mais cedo ou mais tarde é o que acaba por acontecer, por isso mais vale fazer a birra e bater o pé, que não arruma e não arruma porque não quer.