Caixa dos fios

11.12.09

fios soltos



A vida é feita de novelos de fios, alguns estão soltos.

De vez em quando lá me aparece um desses vadios cansado de andar a vadiar solto por aí, nessa altura acolho-o, alimento-o e dou-lhe um banho para depois o colocar no novelo respectivo junto dos fios da sua espécie. Menos um fio solto.
Mas os fios que estão nos seus novelos também se soltam, uns com autorização superior para andarem soltos, são bem comportadinhos e nunca se afastam mais do que é desejável, outros soltam-se sem ninguém dar conta e lá ficam mais uns quantos sem se saber do seu paradeiro, uns voltam, outros não.
No meio de tantos fios, também há os fios que tenho de soltar porque deixaram de pertencer ao novelo. Solto-os e muitos provocam-me uma sensação de alívio, outros uma enorme tristeza. Os primeiros, solto-os e pronto, tá feito, com últimos a história é outra, choro e faço o meu próprio luto [sim, tenho uma forma estranha de encapotar o que se passa, mas também ninguém precisa de saber o que se passa cá dentro]. Os que sou obrigada a soltar não os enterro, mas sei que nunca voltarão para o novelo.
Esta semana soltei um fio [e chorei].