Caixa dos fios

5.10.10

mudam-se os tempos mudam-se os hábitos

Há momentos ao longo da vida em que temos necessidade de mudança. Mudança de casa, de cidade, de emprego, de sair de uma relação, de entrar numa relação ou, por vezes [muitas mais vezes] de corte de cabelo, de estilo de roupa e por aí fora. Eu, confesso tenho muita vontade de fazer uma mudança das drásticas na minha vida, mudava-me já se pudesse e trocava a cidade pelo campo sem pensar muito no assunto, mas essa mudança, infelizmente e, por vários motivos não é possível.
Já passei a fase em que limpar o armário e reduzir drasticamente os trapos para depois o voltar a encher, demorando, mais ou menos tempo, me servia de terapia de mudança. Já não resulta e, já nem pachorra tenho para isso. Limito-me a limpar o armário nas "mudanças de colecção", saí Primavera/Verão e entra Outono/Inverno, retira-se o que já só entra e saí do armário sem ter ido à rua, porque infelizmente há muito boa gente a quem faz mais falta e chega-me.
Com a "novidade" de novo plano de austeridade e do consequente aumento de impostos, numa altura em que nos preparamos para aumentar a família, parece-me uma excelente altura para colocar em prática uma mudança que há muito anda a pairar na minha cabeça.
Já não podemos cortar no bem de que se sente mais a falta, mas que também é o primeiro a ter guia de marcha em situações de crise que é a empregada, essa já seguiu para outras paragens há muito, sinto-lhe a falta mas não morro com a sua ausência. Como também já não há muito mais onde cortar, as lâmpadas já são económicas e toda a gente toma duche, chegou a vez do supermercado. E não, ninguém vai passar fome, muito pelo contrário, se já não se comia mal cá por casa, agora vai-se comer ainda melhor. Acabaram-se os facilitismos dos congelados, caros cumóraio, já preparados e até já cozinhados. A nova norma cá de casa é comer do bom, sempre. Fazer uma pasta não demora mais tempo do que cozinhar uma lasanha congelada no forno. Os doces para o pão passaram a ser caseiros [está um cheiro doce neste momento a perfumar toda a casa]. O momento de preparação das refeições tem agora outro encanto.
Gosto de cozinhar, muito, mesmo. Uma coisa é preparar comida, outra é cozinhar. O meu canto das ervas tem aumentado a olhos vistos e dá-me um gozo tremendo, precisar de manjericão e ir ao vaso em vez de ir ao frigorífico ou aos frascos de ervas secas. E não é só pelo gozo, é pelo sabor e pelo cheiro.
Depois da injecção e da lavagem cerebral que levei ao longo de tanto tempo do Sr. Oliver, cá em casa mudámos para o biológico, votamos no saudável e na mudança de hábitos.
Para já contamos com o apoio dos mais novos, hoje o T. foi comigo às compras e já percebeu a essência da mudança e reparou em pormenores das compras que nunca pensei que reparasse. Está no bom caminho. Anda entusiasmadíssimo com a ideia e gaba a Margherita que comeu ao jantar, feita com a massa que ele próprio ajudou a preparar.
Agora, é deixar acabar o que resta no congelador e ir alterando o interior até à mudança definitiva, ao mesmo tempo e, muito brevemente vamos trocar os yocos por iogurtes caseiros e vai começar a cheirar a pão quente logo pela manhã.
A derradeira vantagem destas alterações todas é o lado educativo que tem, não há melhor do que ver crianças a preferirem o caseiro ao industrial.