Já passei a fase em que limpar o armário e reduzir drasticamente os trapos para depois o voltar a encher, demorando, mais ou menos tempo, me servia de terapia de mudança. Já não resulta e, já nem pachorra tenho para isso. Limito-me a limpar o armário nas "mudanças de colecção", saí Primavera/Verão e entra Outono/Inverno, retira-se o que já só entra e saí do armário sem ter ido à rua, porque infelizmente há muito boa gente a quem faz mais falta e chega-me.
Com a "novidade" de novo plano de austeridade e do consequente aumento de impostos, numa altura em que nos preparamos para aumentar a família, parece-me uma excelente altura para colocar em prática uma mudança que há muito anda a pairar na minha cabeça.
Já não podemos cortar no bem de que se sente mais a falta, mas que também é o primeiro a ter guia de marcha em situações de crise que é a empregada, essa já seguiu para outras paragens há muito, sinto-lhe a falta mas não morro com a sua ausência. Como também já não há muito mais onde cortar, as lâmpadas já são económicas e toda a gente toma duche, chegou a vez do supermercado. E não, ninguém vai passar fome, muito pelo contrário, se já não se comia mal cá por casa, agora vai-se comer ainda melhor. Acabaram-se os facilitismos dos congelados, caros cumóraio, já preparados e até já cozinhados. A nova norma cá de casa é comer do bom, sempre. Fazer uma pasta não demora mais tempo do que cozinhar uma lasanha congelada no forno. Os doces para o pão passaram a ser caseiros [está um cheiro doce neste momento a perfumar toda a casa]. O momento de preparação das refeições tem agora outro encanto.
Gosto de cozinhar, muito, mesmo. Uma coisa é preparar comida, outra é cozinhar. O meu canto das ervas tem aumentado a olhos vistos e dá-me um gozo tremendo, precisar de manjericão e ir ao vaso em vez de ir ao frigorífico ou aos frascos de ervas secas. E não é só pelo gozo, é pelo sabor e pelo cheiro.
Depois da injecção e da lavagem cerebral que levei ao longo de tanto tempo do Sr. Oliver, cá em casa mudámos para o biológico, votamos no saudável e na mudança de hábitos.
Para já contamos com o apoio dos mais novos, hoje o T. foi comigo às compras e já percebeu a essência da mudança e reparou em pormenores das compras que nunca pensei que reparasse. Está no bom caminho. Anda entusiasmadíssimo com a ideia e gaba a Margherita que comeu ao jantar, feita com a massa que ele próprio ajudou a preparar.
Agora, é deixar acabar o que resta no congelador e ir alterando o interior até à mudança definitiva, ao mesmo tempo e, muito brevemente vamos trocar os yocos por iogurtes caseiros e vai começar a cheirar a pão quente logo pela manhã.
A derradeira vantagem destas alterações todas é o lado educativo que tem, não há melhor do que ver crianças a preferirem o caseiro ao industrial.