Caixa dos fios

13.10.10

amigos, mas não como dantes

[A propósito do post da ême, que saiu da blogoesfera directamente para o sítio dos meus afectos mais próximos, que é também, provavelmente, a pessoa que melhor entende os meus conceitos mais básicos acerca da amizade.]

Ultimamente a minha teoria de que não há amizades imparciais tem sido muito posta à prova, a bem dizer, toda a minha vida o foi, essa é a verdade. Eu não vejo os meus amigos como júris de concurso de popularidade, nem eu alguma vez quis ser popular. Quando sou amiga de alguém sou-o de facto, largo tudo para ir para lá e quando finalmente lá chego, estou também de facto lá, para rir, para chorar, para consolar e se for caso disso para o puxão de orelhas. Comigo a amizade não tem meio termo, ou se é ou não se é. E se alguém quiser aqui falar no efeito matilha que fale, porque é isso mesmo. Se alguém faz mal a um amigo meu, seja de que forma for, não me faz mal a mim, mas eu sinto-me quando um amigo sofre. Sinto as injustiças como se a mim fossem infligidas e, mesmo apesar de ter sempre o péssimo hábito de ver o "filme" de todos os ângulos e calçar os sapatos de todos os intervenientes, que me faz umas vezes pôr água na fervura e outras em que ainda consigo ver mais lenha para atirar para a fogueira, tomo partidos e se quando se trata de uma migo não há nada a dizer, porque a decisão é fácil, quando existem duas pessoas envolvidas em que existia uma amizade com ambas chegou a altura de escolher um caminho. Chegou a altura de escolher quem consolar, quem ouvir. A velha desculpa que o problema é deles, eles que resolvam, comigo não pega. Eu não posso ouvir de um lado e ouvir do outro e manter-me imparcial, muito menos posso emitir comentários de um lado e abster-me do outro, ou, ainda pior, emitir comentários de ambos os lados, por isso só há um caminho a escolher e uma pessoa a quem dar a mão. Como se faz a escolha, não é fácil, o leque de variáveis é tão grande, que, no meu caso, sigo sempre o meu coração. Mas também não traio ninguém e, tomada a decisão, o/a excluído/a é informado/a da decisão. Amigos, sim, mas não como dantes. Claro que esta forma de pensar e de agir não aumenta grandemente o número de amigos que vou coleccionando ao longo da vida, até porque a tendência está mais para rupturas do que para casamentos, mas gosto muito de poder encarar os outros, olhos nos olhos, sem pesos de consciência e com a certeza de que os outros sabem com o que contam.