O mais recente surfista da área continua armado em galdério e resolveu dormir mais uma noite fora de casa porque amanhã tem a terceira aula de surf. Acasos dos acasos eu, mãe do dito filho desertor, fui a um centro comercial para trocar um jogo que lhe ofereceram pelo aniversário e, qual é o meu espanto que o vejo ali mesmo à minha frente com o amigo e com a mãe [minha amiga] que lhe deu guarida. Após o espanto inicial, até porque na loja estava mais uma pessoa que nós conhecemos e de repente éramos uma multidão a repetir ahs e ohs , lá consegui perceber com a I. que afinal não são coisinhas de mãe babada e que a criança até tem um jeito natural para a coisa e, hoje , na segunda aula até se pôs em cima da prancha e tudo. Escusado será dizer que a baba que escorria, rapidamente secou logo que os meus neurónios processaram e projectaram o meu futuro próximo com uma criança a chagar-me a paciência com pedidos de aulas e de pranchas e fatos e idas à praia com graus negativos. A mim, que ando à dois ou três anos a agoirar que qualquer dia passamos o Natal na praia porque o verão começa cada vez mais tarde e que [felizmente] também acaba cada vez mais tarde, já me estou a ver enrolada em mantas na areia enquanto a criança brinca com as ondas e verão no Natal que era bom só lá para os lados do Brasil.
[Só de pensar em todo o novo vocabulário que pr'ai vem, até fico com dores de cabeça. Hajam mantas e migraspirina com fartura.]