Caixa dos fios

6.11.08

Cada minuto conta

Hoje morreu uma colega minha. Não a conhecia. Provavelmente cruzei-me com ela nos corredores da empresa e trocámos um bom dia ou uma boa tarde, sinceramente, não me lembro. Não sei nada sobre ela a não ser que se chamava Rute, tinha 28 anos e morreu com leucemia. Uma outra colega e amiga apanhou um susto esta semana e ainda não tem certezas acerca do tamanho do mesmo. Há uns meses atrás a mulher de um amigo meu descobriu que tinha cancro da mama. Ainda em pleno Verão também soube de um amigo que estava a passar um mau bocado, ou melhor, ainda nem sabia o que o esperava, mas não augurava nada de bom. Hoje quando conversava com uma colega minha a propósito da Rute, ela contava-me a história de um rapaz com 22 anos que teve um AVC e morreu.
Fazemos projectos, deixamos para amanhã coisas que devíamos dizer hoje, adiamos por uma semana jantares ou simples cafés com amigos, achamos que aquele telefonema que devíamos fazer a alguém pode ficar para um dia em que estejamos menos cansados, decidimos mudar algo mas só quando não nos transtornar demasiado porque agora andamos muito ocupados. Estamos sempre ocupados com coisinhas, com ninharias, com chatices com a família, com amigos, com colegas. Perdemos tempo precioso a trocar a ordem às verdadeiras prioridades porque tomamos o tempo como certo, como algo que nos pertence. Partimos do pressuposto que viveremos muitos anos, que a saúde existirá sempre. No meio da correria dos dias, das milhentas solicitações que nos surgem, no pouco tempo que temos para tudo, esquecemo-nos disso mesmo, temos muito pouco tempo para tudo e não sabemos quanto nos resta. Não será altura de olharmos para o que realmente importa?