Caixa dos fios

10.11.08

Mágoas

Todos temos a nossa quota parte deste tipo de marca que a vida nos crava na pele, sendo que algumas são marcadas na própria carne, as mais marcantes e de maior dificuldade de cicatrização, pois claro.
Provavelmente, o primeiro pensamento de qualquer um de nós seria poder apagá-las, eliminá-las e ficar com a pele sem réstia de marca causada pela gravação das tais mágoas. Mas se pensarmos bem no assunto, essas malditas marcas fazem parte de nós, ficam tatuadas na pele ou queimadas na carne conforme a força com que nos foram infligidas com um propósito e, esse é que verdadeiramente faz parte de nós, do nosso Eu. Se eu apagasse as minhas marcas apagaria, não só o que me fez ou faz (ainda) sofrer, como tudo aquilo que aprendi, interiorizei, melhorei e até cresci.
Ter-me tornado em tudo o que sou hoje como pessoa, está directamente relacionado com as minhas vivências, com pessoas que conheci ou com quem apenas me cruzei, com obstáculos transpostos, com caminhos abertos e, também com as mágoas que me marcaram. Não as vivo, não todas, a maioria pertecem ao passado e lá se devem manter, estão tratadas e cicatrizadas, mas as cicatrizes irão para sempre continuar comigo. Essas cicatrizes para as quais sorrio quando as vejo, afinal, eu sou quem sou também graças a elas e, eu não quero ser diferente de quem me tornei.