14.5.09

pode sempre piorar

Estaciono o carro em cima do passeio, quase junto à porta das descargas do Pingo Doce. Escorrem-me as lágrimas pela cara enquanto mentalmente digo mal da minha vida. Recordo outras alturas, sinto-me a ver o início de um filme que não gostei. As lágrimas continuam a correr enquanto olho pelo retrovisor. Um casal aproxima-se da entrada do supermercado com dois carrinhos de compras, continuo a observá-los tentando abstrair-me da dor, da raiva que sinto. Continuam a andar, cada um puxando o seu carro, vieram às compras, as prateleiras do supermercado para eles são os caixotes de lixo, que reviram em busca de alimentos deitados fora. Penso no meu congelador e frigorífico cheios de comida a estragar-se pela falta de luz. Se soubesse, se adivinhasse, tinha enfiado tudo dentro de sacos e tinha deixado ali ao lado, das prateleiras imundas onde procuram comida que colocam nos seus carrinhos. Olho para eles mais uma vez: - Vieram às compras.