18.11.09

uma questão de luz

Hoje é a última noite nesta casa. Talvez por isso adio a hora de me deitar. Vou descobrindo mais coisas para empacotar e, assim, vou adiando aquele que será o meu último sono dentro destas paredes. A casa não me deixa saudades, desde que para cá vim morar que havia qualquer coisa que não me fazia sentir em casa. Até hoje não percebi o quê. Mas sei que vou ter saudades da varanda, tão aprazivel em noites como a de hoje. Vou ter saudades da varanda dos brinquedos, que permitia que o quarto dos miúdos estivesse sempre arrumado. Vou ter saudades da sala que tantas pessoas queridas albergou em jantares e almoços. Vou ter saudades da cabine de duche, de que tanto me orgulho. Vou ter saudades da cozinha, estudada até ao último detalhe, onde todos insistiam fazer sala. Vou ter saudades de algumas coisas, da casa, por si só, não.
A minha próxima noite em casa será na minha verdadeira casa. Uma casa só minha, apenas em meu nome, sem mais ninguém e sem senhorios. Mais um passo. Mais uma meta que cruzo. Lutei, trabalhei e consegui. A minha única dívida será para com o banco e mais ninguém. Minha!
Esta nova casa, não será apenas uma casa, será um lar, para mim e para os meus filhos. Faço questão de a transformar com todas as ideias que me borbulham na cabeça para que nunca, ao cruzar a porta da entrada sinta que não estou em casa, verdadeiramente.
E irei enchê-la de amigos, como sempre, porque a minha casa é o meu refúgio e os meus amigos têm sempre a porta aberta.


publicado em 15/08/2009

E agora, passados que estão 3 meses, escrevo este post na minha verdadeira casa. Finalmente uma casa que é a minha cara, remodelada em tudo o que senti que precisava de remodelar. Transformada à minha medida. E, tal como esperei, quando abro a porta de casa e vejo o hall amarelo e branco, o chão em madeira e as portas brancas, finalmente sinto-me em casa. O meu ninho foi pintado de cores que me alegram a vida e que me aconchegam. E, finalmente o sonho tornado realidade: portas brancas e chão em madeira até na cozinha. Esta casa é muito mais do que uma casa, é o concretizar de muitas ideias que surgiram ao longo dos anos, ideias que ficaram na gaveta por medo de tentar, por falta de concenso, por uma série de razões. Finalmente saíram da gaveta e, é tão bom, depois da obra acabada, entrar em casa e sentir-me na minha casa.
Por muitas casas onde ainda possa vir a viver esta vai-me ficar sempre cravada na pele. A primeira, completamente à medida, a tela acabada do que há muito imaginava.

[Sim, é a luz, mas é também o ar.]