Sempre sonhei que um dia seria mãe. Mais do que um desejo, era um objectivo de vida. Fui. Sou. Os dois infantes que dormem nas suas camas atestam-no. Consegui.
Depois do T. nascer, o nascimento do A. além de um desejo era quase uma obrigação. Fui filha única durante dezassete anos e destestei. Senti-me mãe "incompleta" de tanto querer ter mais do que um filho, para que ele nunca sentisse o que eu havia sentido. Fisicamente contrariada mas psicologicamente muito motivada, não descansei enquanto o A. não nasceu. O meu problema é que, infelizmente e, ao contrário de muitas mulheres que conheço, eu odeio estar grávida. Não gosto. Nove meses de suplício. Bhlarc. Passo. Mas lá fiz o sacrifício em benefício de tudo o quanto acreditava e engravidei do A. Depois dele nascer senti que estava feito o meu papel de parideira e resolvi internamente que a loja iria fechar, aliás, já estava fechada. Passar por aquilo tudo outra vez estava fora de questão. Os meus filhos têm quatro anos e quinze dias de diferença e, eu não sei se é o meu despertador biológico que está prestes a dizer-me: "- psiuuu... está na hora de mais um" e aí lá viria outro com quatro anos de diferença se são as minhas hormonas que andam completamente descontroladas. A verdade é que algo se passa. Ontem era a conversa sobre recém-nascidos que me deixou a salivar, na noite anterior sonhei que estava numa cama de hospital e tinha um recém-nascido ao meu lado, hoje foi a conversa de mães que me fez reviver aqueles primeiros momentos depois dos meus filhos nascerem e agora estou para aqui feita parva a ver uma série de vantagens em passar por tudo outra vez. E nem quando me tento relembrar do acordar de três em três horas, das fraldas que parecem passadores porque a criança passa a vida molhada, o esterlizador sempre em funcionamento, a cabeça que não se segura, o estupor do ovo que pesa toneladas e mesmo que pense na confusão que seria mais um bebé, fico assim, com um sorriso parvo a pender nos lábios.
Só espero que isto me passe rapidamente, senão um dia destes ainda me apanho a fazer festinhas na barriga.
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