Cenário: uma mãe desesperada com dores num rim arrasta-se com dificuldade do sofá para a cama com um saco de água quente colado às costas, passam duas horas do tempo limite de crianças-na-cama, o mais novo ainda está acordado e segue a mãe como se fosse uma sombra.
Neste cenário idílico, digo ao A. para ir para a cama dele, apago as luzes todas e deito-me. Claro que a criança (e não tenham peninha do desgraçadinho porque esse papel, nesta história é meu) ficou à porta do meu quarto a berrar enquanto eu rezo a todos os santinhos para que ele desista e vá para a cama dele (topei-o logo quando nasceu, este é manhoso, não lhe posso dar abébias). Não vai, fica ali a chorar, a puxar a tosse, a gritar mamããã, até à exaustão. Como é óbvio, não me comove e continua naquele pranto durante meia hora, aconchego o saco como posso (desgraçados dos vizinhos, rais parta a dor que não passa). Oiço-o ir até ao quarto dele e acho (precipitadamente) que desistiu, chega ao quarto e chora a chamar pela nana (a chucha). Começo a dizer mal da minha vidinha outra vez, viro-me para o outro lado na tentativa infrutífera de amenizar a dor (amanhã vou à procura do número e vou telefonar para um banco de orgãos e oferecer o rim a alguém que dele precise, juro!), enquanto isso o outro continua o lamento pela nana desaparecida (coitadinho do T., a dormir e o irmão ali a berrar, com sorte está mesmo ao lado da cabeceira dele para chamar a atenção). Oiço-lhe outra vez os passos, está na varanda dos brinquedos, vejo a luz acesa. (Boa, agora não só tenho que esperar que ele se deite, como tenho que esperar que adormeça para depois poder ir apagar a luz, tá bonito, tá). Apaga-se a luz. (O puto é esperto, foi à varanda à procura da chucha, encontrou-a e agora vai dormir). Engano, outra vez. Planta-se outra vez na minha porta aos gritos, mais duas voltas na cama (podia mesmo doar um rim em vida, está um bocadinho maltratado, mas funciona, acho que o aceitarão). Quinze longos minutos passados e o ser massacrante desiste e vai para a cama dele. Não fosse o órgão que se está a habilitar a entrar em lista de transplantes me doer comoocaneco e eu até me sentia aliviada.
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