1.1.10

sorria-se, sff

Se 2008 foi o ano do meu grito de liberdade, 2009 foi o ano da guerra pela liberdade gritada, 2010 será o ano da reconstrução entretanto iniciada após a vitória.

Mas não tenho ilusões, se ontem era 2009 e hoje é 2010, também sei que ontem era quinta-feira e hoje é sexta. Um novo ano, além de uma mudança numérica, apenas pode trazer mudanças se as quisermos fazer. Porém a vontade de realizar, qualquer que seja a mudança, não é maior só porque uma parte da data se escreve com outros números. Outro ano pode, de certa forma, ser visto como um recomeço, mas não se reescreve a história, essa mantém-se, não se apagam erros cometidos, aprende-se com eles, não se retiram palavras que se disseram, pede-se desculpa, não se retiram palavras ouvidas, perdoam-se. Além de achar que estar feliz só porque uma determinada data do calendário assim o exige é uma perfeita parvoíce, porque a felicidade não aparece por carregarmos num botão [ahetalédiadepassagemdeanoestouarebentardefelicidade, bah!] não há mal nenhum em não nos sentirmos assim tãããoooo felizes. A infelicidade faz parte. A infelicidade e o desconforto são os ingedientes base que nos fazem querer mudar algo e não as passas, o fogo de artifício ou o champanhe.

Disse adeus a 2009 sem saudade relevante. As batalhas que travei desgastaram-me acima do desejável. Devo ter chorado mais este ano do que em vários anos somados da minha vida. Chorei de raiva, de ódio, de saudade, por amor, mas felizmente também chorei de alegria.
Este ano "construi" o meu lar, engoli muito pó, vivi no caos, mas está cá, é meu e para os meus.
Fui promovida em trabalho e responsabilidade como forma de reconhecimento do meu esforço ao longo dos anos.
Foi um ano de mudança e de cortes, mudei o que podia mudar, cortei o que me faz mal, porque de nada vale insistir no que não tem remédio e só traz amargos de boca.
2009 foi um ano de realizações e de desistências. Realizei a minha casa, o meu ninho, viajei acompanhada, viajei sozinha, tive dias de casa cheia e dias de sossego, dias a dois e dias a sós, dei sangue as duas vezes que me são permitidas, com muita ajuda ajudei ainda mais crianças, pedi ajuda e dei a minha mão a quem dela precisou. E se realizei sonhos antigos ou recentes, também desisti de outro que nem sabia que tinha. Não será um ano para esquecer, mas também não é ano para pendurar na parede das melhores memórias [pelo menos para já].

Para 2010 não tenho nenhum wich-to-do de monta. Espero que seja um ano tranquilo, porque de agitação já tenho tido e em doses reforçadas. As grandes metas da minha vida já foram alcançadas, resta-me, apenas [o que por si só já é tarefa bem árdua] manter a rota e a velocidade cruzeiro. "Um dia mudo de vida" é frase de pacote de açúcar que ainda não posso abrir, esse mantenho-o guardado até à altura em que mexerei o meu café com o seu conteúdo e sorrirei com um sorriso tranquilo.
As pequenas coisas que muitas vezes tenho como resolução em qualquer altura do ano mantêm-se, porque qualquer dia é bom dia para acordar e ser melhor pessoa, deixar de fumar, beber mais água, fazer mais exercício, ler mais, escrever mais, telefonar mais ou deitar-me mais cedo.

Da minha passagem de ano, retenho que a passei com as pessoas mais importantes e queridas na minha vida. Trepei à cadeira, comi as passas, pedi os meus desejos e brindei com vinho tinto porque não gosto de champanhe. Foi uma passagem de ano com o coração quente numa noite fria.

[Sorrir mais, é a minha grande ambição para 2010.]