Afinal o que é a normalidade? Será que consideramos a normalidade como sendo algo que devemos seguir ou ter porque é normal? Porque o rebanho segue por um determinado caminho? Porque o rebanho age de determinada forma? E porque seguem aquele caminho? E porque agem de determinada forma? Será porque é essa a expectativa? E quem não segue? É anormal? É diferente? São as ovelhas negras? São "desrebanhados"? Pode ser que sejam tudo isso, ou não. A questão fulcral é mais como se sentem. Não é fácil ser diferente e se não é fácil aos olhos dos outros aos nossos é ainda mais complicado. A normalidade incutida ao longo da vida, da educação passada de pais para filhos, da maioria que nos rodeia, dificulta a aceitação. Nem sempre a normalidade, que até pode ser bestial para a minha vizinha de baixo e, se calhar para a do lado, tem de me servir e pode, até, revelar-se uma verdadeira besta que me martiriza. E aqui surge uma tremenda luta interna. Se parar para pensar, se analisar prós e contras com toda a clareza, percebo que a minha normalidade é diferente da dos demais, mas é boa para mim e a normalidade dos outros, vista sobre a mesma perspectiva, pode ser castradora e mensageira de chatices com as quais teria de lidar e que ameaçariam a minha paz. Então porquê? Porque me continuo a bater por essa normalidade? Se não estou mal com a minha, se a dos outros pode ser pior, porquê? Talvez por grande parte da minha existência ter sido pautada por uma normalidade completamente diferente da dos outros, a das convenções, agora que está nas minhas mãos a busque. Mas como em quase tudo na vida, acredito que a tomada de consciência de certas coisas me ajuda a distinguir o certo do errado, ou pelo menos, do menos certo, para mim, para a minha normalidade e, assim o rebanho seguirá com a sua e eu serei feliz com a minha.
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