O telefone toca. Atendo. Do outro lado oiço o que tanto esperei ouvir. Esperei tanto que agora ao dizerem-me já não sei se é bom. A espera tem destas coisas; desespera e quem espera sempre alcança and so on, mas agora não sei, já não sei, eu sei lá... A dúvida dá cabo de mim. Um telefonema confirma a minha vida armada em acrobata; dupla pirueta e meia à retaguarda, empranchado à frente ligado a mortal engrupado a terminar com encarpado.
[Espero não me lesionar com tanta ginástica]
De tanto esperar, de tanto imaginar, mil e uma saídas, já não sei para que lado é a saída do labirinto e entro em acesa discussão interna:
-Agora é andar para a frente!
-E, eu lá sei para que lado é a frente?
-Pelo menos é para algum lado...
-E se fôr para trás?
-Bem, para trás não é.
-Boa, sobra a frente e os lados.
-Se fôr para os lados é atalho e atalhos nem sempre são bons, só para fugir ao trânsito e mesmo assim tem dias...
-Há-de ser para a frente.
-Mas também pode não ser...
-Gaita, logo se vê onde vai dar, agora já está.
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