3.6.09

Carta aberta ao Senhor que comanda os meus fios


Senhor,

segundo me disse várias vezes uma amiga e, mais vezes ainda recordo as palavras dela, "a vida não te dá nada que não consigas suportar". Eu não concordo com esta afirmação, há dores insuperáveis e nem vou aqui mencioná-las porque o meu papel de mãe não me permite pensar nelas. Seja como fôr, agarro-me muitas vezes a esta afirmação como bóia para não me deixar levar na corrente que me tenta afastar da margem de segurança. Também é bem verdade que há privações bem maiores do que as minhas e provavelmente quem por elas passa não as merece. Mas a verdade é que, tirando uns pequenos intervalos que me foram concedidos, a minha vida tem sido remar contra a maré. Apanhei correntes fortes, mas lutei e lá consegui. Muitas vezes senti o barco virar, felizmente não virou. Algumas vezes caí à água, mas consegui agarrar-me ao barco e voltei a subir. Sim, é verdade, tenho-me conseguido safar. Mais braçada para a esquerda, mais remadela para a direita, o barco lá tem ido sem naufragar.
Mas Sabes? Este remoinho em que Me meteste está a matar-me. Literalmente a matar-me. Se Pudesses abrandar aí um bocadinho os fios dáva-me um jeitão. É que Sabes, além dos meus movimentos começarem a ser completamente descoordenados, sinto que já devo ter fios embaraçados uns nos outros e se a coisa dá para nós... é o fim.
Por isso peço-Te, uma vez mais, arranja lá outra coisinha para Te entreteres e dá-me uma folguinha para eu respirar, sim?

Obrigada pela atenção.

a Tua marionete