Caixa dos fios

8.2.09

Sinais

Há meses que ando numa roda viva. Tenho esticado todo o meu tempo, atingi máximos históricos. Deitada no sofá revivo mentalmente os meus dias, os de trabalho e os outros, as minhas noites com poucas horas de sono. Têm sido muitas as preocupações, a falta de tranquilidade, os desgostos, o excesso de velocidade dos dias, o excesso de nicotina. Olho para o espelho e vejo reflectida uma imagem demasiado cansada, com excessos visíveis, a imagem está envelhecida, é verdade, nos últimos meses envelheci mais do que o normal, os pés de galinha estão cá a prová-lo, tal como as olheiras que já não se deixam disfarçar com corrector.
Tenho ignorado todos os sinais de alerta. Sinto o corpo demasiado cansado, custa-me organizar ideias, em alturas de cansaço extremo os meus sentidos ficam diminuidos. A falta de apetite, a audição que capta melhor os ruídos de fundo do que consegue seguir o interlocutor à minha frente, a falta de concentração para qualquer coisa, a memória que se apaga.
Tenho ignorado todos os alarmes com que o meu corpo me tenta avisar para acalmar e ele vai-me avisando cada vez mais alto. Ontem enquanto estacionava o carro fui alertada por uma lancerante dor no peito que me apanhou o pescoço e o braço esquerdo.
Está na hora de acalmar e de ouvir os sinais. Tenho mesmo de mudar rotinas antes que seja tarde demais.