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abril
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12.4.10
memórias de um útero
Há 4 anos atrás também eu estava às voltas com a panóplia de acessórios e detalhes que fazem falta a uma quase-mãe-de-criancinha-cá-fora. Se há 4 anos já era marinheira de segunda viagem, há 8, também nesta altura, era de primeira e tinha lido todas as Pais & Filhos e afins desde que pensei em engravidar, também uns anos antes me tinham passado muito perto 3 bebés, por isso, não é que não houvessem segredos por desvendar ou dicas por descobrir, porque essas há sempre, mas a coisa estava desmistificada. Se achava que tinha um sentido prático aguçado, no meu primeiro filho tive o teste de fogo. Talvez porque nunca gostei de brincar com bonecas, nunca tive aquela coisa do enxoval cheio de trapinhos sóporquesãoamorososeomeufilhopareceumboneco. Os bebés crescem a olhos vistos e o que serve hoje amanhã já não dá e, odeio, meu Deus se odeio, pegar num bebé e não perceber onde acaba a roupa e começa o próprio do bebé, por isso sempre tive a roupa à conta, mas para o tamanho da altura e não para durar até começar a andar. A roupa dos meus filhos sempre teve de ser para facilitar e não para complicar, vestidos sim e sobretudo, confortáveis e sem ter de lhes dar muitas voltas, porque quem já teve bebés sabe bem que depois de comer, vem a fralda e depois da fralda se houver muitas voltas raramente nos livramos da bela bolsadela, por muito bem que tenham arrotado. E isto tudo para dizer que sim que o meu útero também não se esqueceu e que a conversa de dicas que tive hoje com a Mary teve sabor de nostalgia. Talvez porque à 8 anos por esta altura andava às voltas com o mesmo tema e, porque há 4 voltava ao mesmo, o meu útero cérebro ande para aqui num misto de saudade e de alívio em que, sem sombra de dúvida, ganha a saudade loucura.