Caixa dos fios

11.6.08

A Escola e os €uros

Vai fazer um ano que fui surpreendida pelo anúncio do encerramento do Jardim de Infância dos meus filhos. Na altura o Infante mais novo andava lá "ilegalmente" pois a escola não tinha bebés, como tal a mensalidade dele era, digamos, simbólica. Mas como eu dizia, tanto eu como os pais dos outros meninos fomos surpreendidos com a notícia de que a escola encerraria no final de Agosto e já não reabriria. Deram-nos a desculpa das muitas alterações exigidas pela Segurança Social. O que não deixava de ter graça não fosse o caso tão sério. Muitas das escolas estatais não têm o mínimo de condições que muitas das vezes estas escolas têm. Parece-me imoral exigir que uma escola privada tenha de colocar, sabe lá Deus como e quanto custaria, colocar elevadores para cadeiras de rodas. Quem o exige é a lei, a mesma lei que não é aplicada a prédios, a ruas, a instituições públicas e a tantas outras. A propósito, alguém me explica como é que alguém levanta dinheiro num multibanco se estiver sentada numa cadeira de rodas???
Bem continuando. Foi o caos, pais em pânico, não havia hipotese de inscrever nenhuma das crianças em escolas estatais, mesmo que tivéssemos horários que nos permitissem ir buscar os meninos às 15h30, porque as inscrições já estavam encerradas. Como o pânico não nos leva a lado algum, resolvi fazer uma lista das escolas da zona com o nº de vagas disponíveis e partilhei-a com os outros pais. Assunto arrumado, todos os meninos tiveram uma nova escola em Setembro.
O Infante mais novo deixou de ser ilegal e passou a pagar como gente grande. À parte da dor que me assola sempre que preencho o cheque da escola, tudo normal.
Diga-se em abono da verdade que de um modo geral estou bastante satisfeita com a escola. O Infante mais velho está na pré-primária e uma pré bem acompanhada é meio caminho andado para uma boa integração e aprendizagem na primária.
O que me "lixa" mesmo é sentir que me vão ao bolso descaradamente. Ora vejamos; além da mensalidade (a mensalidade numa faculdade privada de enfermagem é mais barata quase 100 €) ainda pago a alimentação (126€); prolongamento das 18h às 19h30 (26€); material (11€). Então vamos lá às considerações:
  1. Uma vez que eu entro no meu emprego às 9h30, deixo os miúdos por volta das 9h na escola, saio do mesmo emprego por volta das 19h, estou a entrar na escola por volta das 19h30, ora sendo assim, não devia eu exigir um prolongamento ao meu patrão? Sim porque ainda por cima eu tenho hora e meia de almoço mas o Infante mais novo dorme 3 horas.
  2. 11€ de material? Por mês? Mas será que os miúdos comem os lápis e bebem as tintas??

Mas a coisa não fica por aqui. No sábado em que Portugal se estreou no Euro 2008, os Infantes estrearam-se nas festas de final de ano da escola. Então para o Infante mais velho tive de alugar um fato de anão. Representaram a peça da Branca de Neve e os 7 anões. 15€ custou o aluguer do fato de anão que nem fala, o Dunga. Não satisfeitos, como é o último ano dele naquela escola (a minha conta bancária agradece) fizeram uma festa de finalistas. Sim, finalistas, com capa, emblemas, chapéu, fitas, gravata, camisa branca, calça preta... tudo... Aqui a maezinha pagou 40€ por: uma capa que nunca mais vai servir, 2 emblemas que um dia mais tarde serão descosidos e cosidos novamente numa capa à séria. Não há descernimento nenhum, de facto. Não disse nada porque é o último ano do meu filho naquela escola e não queria de forma alguma que ele se sentisse excluído em relação aos outros. Mas como estão as coisas, parece-me ridículo, no mínimo, que estas cabeças pensantes não olhem a meios e utilizem o amor e vontade de não desiludirmos os nossos filhos para nos irem ao bolso.