Devido a esta minha nova condição de Sep.-quase-Div., tenho-me apercebido de uma realidade que até agora me passava ao lado, pelo menos com esta dimensão; anda por aí muita gente mal casada. Mas, para mim o mais grave é que as estatísticas do divórcio só não engordam ainda mais, porque muitos destes casamentos não acabam porque as pessoas se conformam com o que têm. A mim faz-me muita confusão conformar-me com algo que não me satisfaz, mas isso é a mim claro.
Viver num estado de conformismo em prol de um falso bem estar, é algo que não me entra na cabeça. Para mim, uma relação entre duas pessoas, com ou sem papéis, com ou sem filhos, tem de ter como premissa o bem estar de todos, sem excepção.
Tenho observado que demasiados casais não se separam, pelo estatuto, pelos filhos, pela manutenção de um nível de vida, por pressões da família, por pressões dos amigos e por vezes até por medo da reacção do outro membro.
Várias pessoas me têm dito: - Ah, e tal, porque tu tiveste a coragem... Coragem? Coragem precisava eu de ter, e muita, para viver numa situação em que não me sentisse confortável. Para isso sim, precisava eu de ter forças com as quais não fui devidamente provida.
Não estão estas pessoas a viver uma falsa relação? Não deveriam as relações, as íntimas, pelo menos, ser pautadas pelo companheirismo? Pela verdade de sentimentos?
Que companheirismo existe entre duas pessoas quando, pelo menos uma delas está com um pé fora da relação? Sim, porque quando se deixa de Amar e não há separação efectiva, uma parte do corpo e da mente já está a milhas, falta é a "coragem" para fazer uma retirada por completo.
Devemos manter uma relação assente em terreno tão arenoso? É justo para quem assim se sente? É justo para o outro? Não seria melhor libertarem-se e cada um tentar refazer a sua vida? E os filhos, quando os há? É justo para eles crescerem, formarem-se, debaixo de um falso tecto? Será justo para os filhos crescerem envoltos numa falsa normalidade? E quando se aperceberem? Seremos bons pais ao ensinarmos aos nossos filhos que se conformem? Será que queremos mesmo que os nossos filhos vivam exactamente como nós vivemos apesar de estarmos descontentes?
É exactamente isso mesmo que fazemos! Ao vivermos de costas voltadas para os nossos sentimentos estamos a dizer aos nossos filhos que não vale a pena procurar e conquistar a felicidade. Estamos a dizer-lhes: - Conformem-se!
Quando existe uma separação efectiva, os especialistas aconselham-nos a contar a verdade às crianças, ainda que adequada à idade da mesma.
E quando não há? Podemos mentir-lhes descaradamente?
Quantas pessoas que vivem assim acham que conseguem esconder esta verdade? Será que a pessoa que está ao lado é assim tão burra? Será que a têm em tão pouca conta? Que raio de respeito é esse? Ou será que estas mesmas pessoas mal abrem os olhos vestem um fato e uma máscara com a qual se disfarçam para toda a gente?
Valerá a pena viver a vida assim? Não será a vida demasiado curta? Não seria melhor começarmos por ser honestos connosco mesmo? Como poderemos respeitar os outros se nem a nós próprios nos respeitamos?
Eu não sou dona da verdade, nem tenho pretensões a sê-lo, mas há princípios básicos de vida dos quais não abdico, respeitar-me primeiro é talvez o número um da lista e faço tenções de o deixar de herança aos meus filhos.